Embora um tanto esquecida e desconhecida do grande público, a arqueologia proporciona sempre novas descobertas sobre a forma de vida dos seres humanos em épocas anteriores, contribuindo para entendermos o desenvolvimento de nossas tecnologias e sociedades.
Como são pouco noticiadas as descobertas e muitas vezes quase nada abordado nas salas de aula, a notícia a seguir trás a nota uma questão que a maioria das pessoas desconhece: os arqueólogos também estudam as pessoas comuns, não somente os grandes templos, palácios e pirâmides. Até mesmo porque quem construiu estas obras foram trabalhadores livres ou escravizados.
Vale a pena conferir que a história do Egito Antigo vai além dos faraós e suas obras e riquezas. A arqueologia deveria ser mais presente em nossos ambiente escolares ou quem sabe estas descobertas, para assim podermos pensar em construir uma ideia de sujeito pertencente a história. Dificilmente alguém que somente estuda os grandes personagens ou heróis vai se identificar fazendo parte de um processo histórico. Uma questão que precisamos apreender e buscarmos refletirmos sobre o fazer parte da história e fazer nossa história.
Esqueletos egípcios de 3 mil anos revelam sofrimento dos cidadãos
Sinais de doenças associadas a esforço foram encontrados em mais de 75% dos adulto
Por Tia Ghose e LiveScience
Novas evidências sugerem que enquanto
um faraó egípcio construía templos majestosos recheados de tesouros
cintilantes, as classes mais baixas realizavam trabalhos penosos e
tinham dietas lamentáveis.
Uma análise de mais de 150 esqueletos
de um cemitério de 3300 anos de idade na antiga cidade egípcia de Amarna
revela fraturas, desgaste e lesões provocadas por levantamentos pesados
e desnutrição violenta entre os plebeus da cidade.
A descoberta, detalhada no volume de março do periódico Antiquity, poderia esclarecer como viviam as não-elites da antiga sociedade egípcia.
Cidade da noite para o dia
Durante
um breve período de 17 anos, o centro do Egito foi Amarna, uma pequena
cidade nos bancos do Nilo, cerca de 350km ao sul do Cairo.
O faraó Akhenaton mudou sua capital para Amarna para construir um culto de adoração puro, imaculado, ao deus do sol Aten.
Em
poucos anos nasceram templos, prédios de corte e complexos
habitacionais. A certa altura, entre 20 e 30 mil oficiais da corte,
soldados, construtores e servos viviam na cidade.
Mas após a
morte de Akhenaton, o faraó seguinte, Tutancâmon, imediatamente
abandonou o experimento. A cidade, que não tinha boas terras agrícolas,
foi rapidamente abandonada.
Como os egípcios ocuparam Amarna por
um período tão curto, a cidade fornece pistas sem precedentes sobre
como eram as vidas das pessoas em um momento específico da história,
declara a coautora do estudo, Anna Stevens, arqueóloga da University of
Cambridge.
Vida dura
Há cerca de 10 anos,
um pesquisador que investigava a região no deserto perto de Amarna
descobriu um antigo cemitério. O local continha centenas de esqueletos e
fragmentos de ossos de egípcios de classes baixas.
Para
descobrir como eram as vidas desses egípcios comuns, Stevens e seus
colegas analisaram 159 esqueletos que foram encontrados quase intactos.
As
conclusões dos pesquisadores: a vida era difícil em Amarna. As crianças
tinham o crescimento limitado, e muitos dos ossos eram porosos devido à
deficiência nutricional, provavelmente porque os cidadãos comuns se
alimentavam principalmente de pão e cerveja, contou Stevens à
LiveScience.
Mais de três quartos dos adultos tinha doença
degenerativa das articulações, provavelmente por levantarem cargas
pesadas, e cerca de dois terços desses adultos tinham pelo menos um osso
quebrado.
As descobertas sugerem que a rápida construção de
Amarna pode ter sido especialmente difícil para os cidadãos comuns. Com
base no tamanho dos tijolos encontrados em estruturas próximas, cada
trabalhador provavelmente carregava um tijolo de calcário que pesava
70kg, ao estilo das linhas de montagem. Erigir as estruturas da cidade
tão rapidamente teria exigido que trabalhadores executassem essa tarefa
repetidamente. Isso poderia ter provocado a doença de articulações que
os esqueletos revelaram.
A norma no Egito?
“Esse
é um estudo fabuloso porque essa é uma grande população de um local
conhecido, e nós temos todos esses corpos de pessoas que eram de classes
relativamente baixas”, declara Salima Ikram, egiptóloga da American
University, no Cairo, que não se envolveu no estudo.
Mas como, no
total, arqueólogos escavaram tão poucos cemitérios egípcios antigos em
que a não-elite era enterrada, é possível que essas condições
extenuantes fossem prevalentes em todo o Egito naquela época, aponta
Stevens.
Outra pesquisa descobriu que até mesmo egípcios
abastados sofriam com desnutrição e doença, frequentemente vivendo até
os 30 anos.
Fonte: http://www2.uol.com.br/sciam/noticias/esqueletos_egipcios_de_3_mil_anos_revelam_sofrimento_do_cidadao_comum.html
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