Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!

Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!



quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Um texto interessante e inteligente para compreender alguns contextos que envolvem o terrorismo e as políticas de Estado que acabem produzindo situações que são abordadas, analisadas e compreendidas de formas diferentes. Até quando?

Paris e as lágrimas de crocodilo

As vítimas da ignomínia terrorista devem ser igualmente pranteadas
por Roberto Amaral — publicado 23/11/2015 01h25

Comecemos pelo incontroverso: o terrorismo não tem justificativa nem ética, nem moral, nem religiosa, nem política, nem tática, nem estratégica. É um ato de lesa-humanidade, primitivo e brutal que nega a civilização e a própria evolução humana. A medida de sua ignomínia independe de suas vítimas, se europeus ou norte-americanos ou judeus, se asiáticos ou árabes ou africanos ou persas ou turcos, ou palestinos, ou cristãos ou muçulmanos ou hindus. Se brasileiros. Onde quer que ocorra um só ato terrorista, a vítima é a humanidade como coletivo.
Por isso suas vítimas precisam ser igualmente pranteadas. Se o justo clamor provocado pela  barbárie que se abateu sobre os parisienses – decretada uma vez mais pelo chamado Estado Islâmico –, se levantasse ante todos os atos de terrorismo, a começar pela violência inominável e covarde do terrorismo de Estado das grandes potências ocidentais, talvez o mundo conhecesse menos horror e nós hoje não nos sentíssemos tão desamparados.
A indignação mediática que nos querem impor, porém, é seletiva, e contra esse viés precisamos reagir, pois só assim emprestaremos força moral à nossa reação. 
Caça da França
Querem justamente que choremos quando as explosões são em Paris (ou Nova Iorque, ou Madri) e atingem pessoas com as quais nos identificamos cultural e fisicamente, mas dessa mesma violência pouco nos falam quando explode em Cabul, ou quando suas vítimas são negros, ou árabes, ou asiáticos ou palestinos ou persas. Nesses casos a violência é banalizada porque não nos ameaça (ora, somos ocidentais e brancos!), assim como não nos atinge a violência urbana quando restrita às periferias de nossas metrópoles, fazendo vítimas predominante entre negros e pardos e pobres, sejam marginais, sejam civis indefesos, sejam policiais.
Na quinta-feira 12, na véspera dos atentados parisienses, cerca de 60 pessoas perderam a vida e os feridos contam-se em mais de duas centenas, vítimas de atentados levados a cabo pelos mesmos facínoras do EI. Mas desta feita a explosão do irracionalismo se deu no Líbano, e suas vítimas eram árabes, na maioria membros do Hezbollah, adversário de Israel, aliado xiita do Irã mas inimigo de morte do EI. 
Na Turquia, dias antes, o EI matara 100 pessoas na Estação Central de Ancara.
Suas vítimas não contaram com o pranto mediático, muito menos sequer uma vela foi acesa com a morte dos mais de 200 passageiros do avião russo derrubado nos céus do Egito, pelo EI, sempre ele.
Já entrou para o esquecimento a sorte dos 700 mil palestinos, expulsos de suas terras e de suas casas pelos continuados assentamentos do Estado de Israel. Não nos choca mais saber que se contam em cerca de 100 os palestinos mortos pelas incursões do poderoso exército de Israel, só no ultimo mês.
Sequer nos perguntamos quantas vidas foram ceifadas na Guerra contra o Afeganistão, quantas foram ceifadas na invasão do Iraque, quantas presentemente estão sendo ceifadas na Líbia e na Síria onde EUA, França e Inglaterra, que pretendem a derrubada de Assad, exercitam sua guerrinha-fria contra a Rússia, que dá sustentação diplomática e política ao ditador.
Para nós, em nosso distanciamento, foi impossível conhecer a dramaticidade da 'guerra' do Iraque promovida pelos EUA. Pela televisão, 'ao vivo a cores', em cadeia mundial, sem a visibilidade de cadáveres, sem sangue, a invasão foi, emocionalmente, apresentada como um reality show ou um vídeo game futurista. Registramos apenas a estética dos mísseis com suas luzes iluminado a escuridão do céu numa noite sem lua.
Síria, Turquia, Líbia, Iraque, todos fronteiras artificiais impostas pela Inglaterra e pela França a parir do Acordo Sykes-Piot (1916) que – violentando culturas e histórias milenares – serviu tão-só para redesenhar o Oriente Médio, para assim melhor explorá-lo.
Como surgiu esse ódio sectário que corre do Oriente Médio, e que se estende pela Ásia e pela Europa e vem ensanguentar as cidades mais queridas do Ocidente?
Quem financia tanto terror?
Quem entrega armas e equipamentos de guerra nas mãos desses facínoras?
A resposta inescapável é única: são os que hoje derramam lágrimas de crocodilo.
O chamado Estado Islâmico, uma decorrência da Al Qaeda – por sua vez uma criação dos EUA – é financiado pelos petrodólares dos países do Golfo Pérsico, à frente de todos a Arábia Saudita, a maior potência do Oriente Médio, e principal aliada do Ocidente (seja lá o que isso hoje signifique).
São também esses dólares que financiam a indústria bélica do EUA, da Inglaterra e da França, os maiores fabricantes de armas e equipamentos de guerra do mundo, os maiores fornecedores e os maiores traficantes de armas. E, não obstante, ou por isso mesmo, são eles, os fornecedores de armas aos terroristas que nos ameaçam e matam seus povos, membros com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Segurança?
Osama Bin Laden – é sabido – foi recrutado, treinado e financiado pelos EUA para dar combate às tropas soviéticas que defendiam o governo do Afeganistão. Em crise, a Al Qaeda (aquela do atentado contra as torres gêmeas) foi salva pela invasão do Iraque pelo segundo Bush. Dela surge o EI.
Assim e em nome de nada – ora em nome do combate a tropas soviéticas no Afeganistão, ora em nome de mentiras deslavadas (as 'armas de destruição em massa' de Sadam Hussein), ora sob o pretexto da defesa de minorias (Síria), ora sob pretexto nenhum (Líbia), os EUA – com a cooperação militar da França e da Inglaterra –, destruíram as estruturas sociais-religiosas do Iraque e dos demais países, acenderam conflitos religiosos e tribais, destruíram nações e as organizações políticas. Em  síntese, com a anarquia e o caos, ensejaram a proliferação de verdadeiros 'Estados' armados com exércitos agressivos, exércitos de terroristas aptos a agir em qualquer parte do mundo.
O Estado Islâmico e seu califado no Iraque e na Síria são fruto da invasão e destruição do Afeganistão, do Iraque, da Síria e da Líbia. A França interveio na Síria e os EUA financiam e dão assistência militar (inclusive com o fornecimento de armas e munições aos terroristas (que eles batizam de 'rebeldes') que lutam contra a ditadura de Bashar al-Assad, que, por seu turno, apoiado pela Rússia, combate o EI.
Os facínoras do EI colhem o fruto da destruição dos Estados árabes, de suas organizações sociais e politicas, e, nomeadamente, da destruição das forças armadas do Iraque, da Síria e da Líbia, cujos quadros foram atraídos pelos fanáticos, que também se beneficiam, ainda graças à intervenção do 'Ocidente', com o rompimento do tênue equilíbrio de forças entre xiitas e sunitas consequente das derrubadas de Saddam Hussein e Muamar Kadafi.
Os EUA, após a ignomínia do 11 de Setembro, conduziram operações secretas, com drones e execução de civis suspeitos em 70 países. Da injustificada invasão do Iraque – país que nada tinha com o ataque covarde – resultou uma guerra desastrosa (condenada até mesmo nas memórias do Bush pai) que fortaleceu a Al Qaeda (lembremos mil vezes, criada pelos EUA para combater os soviéticos  no Afeganistão) e propiciou as condições para o surgimento do EI. Deu no que deu. O medíocre François Hollande, elevado pelos terroristas à condição de 'presidente marcial' fala em guerra.
Que virá depois?
O simplório Jeb Bush, irmão do Bush 2 (o principal responsável pela depredação do Iraque e suas consequências vividas hoje), já declarou, em campanha pela candidatura republicana à presidência dos EUA, que o atentado de Paris é "uma tentativa de destruição da civilização ocidental".
Antes dele, e melhor e mais perigosamente do que ele, Samuel Huntington já havia anunciado o 'choque de civilizações' (na essência a 'guerra' contemporânea teria como eixo os conflitos culturais e religiosos, opondo nossas civilizações), dando sua lamentável contribuição para a intolerância e o ultra anti-islamismo que ameaça infeccionar a sociedade norte-americana.
O cenário é muito mais complexo do que supõe a mediocridade, dividindo o mundo entre os  'bons' (nós) e os 'maus' (os outros)  com o que a nova direita europeia (ex-socialistas incluídos) e os republicanos estadunidenses simplesmente repetem o maniqueísmo dos fanáticos que pretendem combater, os 'cruzados' com sinal trocado, pois, hereges, agora, somos nós, os que não seguimos Alá.
Algozes e vítimas, cada um a seu modo, se identificam na estratégia de propagar o ódio contra os que não compartilham sua ideologia. O ódio de um é a força que alimenta o ódio do outro e, assim, se tornam irmãos siameses e interdependentes.
Voltamos às Cruzadas?
A violência terrorista avança no mundo e agora grassa em uma Europa onde a xenofobia não é nova mas é crescente. As manifestações de preconceitos étnicos, especialmente contra os árabes, soma-se à intolerância religiosa, particularmente o anti-islamismo, reforçado pelos atos de terrorismo.
Essas manifestações prosperam em todo o mundo, mas avançam principalmente nos EUA (onde se tornam corriqueiras entre os pré-candidatos republicanos) e na Europa, símbolo de civilização que não conhece a inocência, mas sim a guerra como a arte da política: guerras fratricidas, guerras de conquista, séculos de exploração e depredação coloniais, uma história de colonialismo, pirataria, opressão dos povos subjugados. Em um só século duas guerras mundiais e o holocausto.
Fonte:http://www.cartacapital.com.br/internacional/paris-e-as-lagrimas-de-crocodilo-7992.html

quarta-feira, 29 de julho de 2015

As intervenções da Europa e Estados Unidos, juntos ou de forma separada, vem modificando a geopolítica internacional e interferindo diretamente em países, especialmente, do Oriente Médio e na África. Por várias razões e justificativas essas ações, armadas normalmente acontecem, deixam para trás, após a tomada do poder por grupos ou partidos pró-Ocidente, sociedades destruídas economicamente, socialmente e politicamente. Os impactos de médio e a longo prazo não são mensurados e o importante é o impacto a curto prazo. Ou será que esses impactos são mensurados pelos estrategistas em seus gabinetes? Só o tempo poderá nos responder pelo jeito....

Quatro anos depois, a Líbia é um caos
por José Antonio Lima — publicado 28/07/2015 
A União Europeia cogita sancionar guerrilheiros líbios contrários ao acordo de paz, rara boa iniciativa que pode ajudar o país africano
Quatro anos depois de abandonar a Líbia à própria sorte após a derrubada de Muammar Kaddafi, a Europa volta a prestar atenção ao país norte-africano. Pressionada pela crise humanitária que irrompeu no Mediterrâneo e expôs a hipocrisia do continente, a União Europeia cogita sancionar alguns guerrilheiros líbios que têm bloqueado a implantação de um acordo de paz mediado pelas Nações Unidas. Ainda que tardia, a ação pode ser benéfica para a Líbia e muito mais efetiva que a preocupante ideia de colocar uma força naval para combater os barcos de pesca de traficantes de pessoas.
A Líbia vive situação desastrosa. Desassistido após o assassinato do seu ditador, o país não conseguiu superar uma de suas mais nocivas heranças, a eliminação da sociedade civil, substituída, nos 40 anos de autoritarismo, por um culto forçado à psicótica personalidade de Kaddafi. Desde 2011, a Líbia teve duas eleições parlamentares, mas elas não foram suficientes para conciliar os interesses dos diversos grupos políticos e étnicos suprimidos por Kaddafi ao longo de quatro décadas. Engolfada em guerra civil iniciada em 2014, a Líbia corre o risco de se dividir.
Trípoli x Tobruk
O caos envolve dois governos que reivindicam a legitimidade sobre o controle do país. Na capital, Trípoli, está baseado o Congresso Nacional Geral, que não é referendado por nenhum governo estrangeiro. No leste do país, em Tobruk, cidade próxima à fronteira com o Egito, está o Conselho de Representantes, este reconhecido pela comunidade internacional.
Conhecido pela sigla GNC, o Congresso Nacional Geral foi eleito em julho de 2012 com a missão de coordenar a transição democrática da Líbia. Dominado por partidos islamitas (adeptos do Islã político), o GNC não teve sucesso. Milícias armadas que ajudaram a derrubar Kaddafi continuaram a exercer grande poder e o país viveu uma onda de assassinatos que vitimou dezenas de militares e ex-aliados desse ditador.
Em maio de 2014, o GNC foi vítima de uma tentativa de golpe. O artífice da ação militar foi o general Khalifa Haftar, hoje figura central na Líbia. Por cerca de 20 anos, Haftar viveu confortavelmente com a família no estado norte-americano da Virgínia, onde ganhou cidadania, e votou nas eleições de 2008 e 2009. A escolha desse estado como residência parece não ter sido uma coincidência: nas duas últimas décadas, Haftar trabalhou por algum tempo para a CIA, agência de inteligência dos Estados Unidos sediada em Langley, no norte da Virgínia.
O contato com a espionagem americana vinha de longa data. Em 1987, Haftar, então general do Exército de Kaddafi, caiu em desgraça com o ditador líbio após uma derrota para as forças do Chade em guerra entre os dois países. Abandonado pelo homem que se autoproclamava seu "pai espiritual", Haftar passou a liderar contra ele a Frente Nacional de Salvação da Líbia, baseada no próprio Chade e apoiada pela CIA. Em pouco tempo, a frente naufragou e Haftar, resgatado pelos americanos, foi para os EUA.
Desde a Primavera Árabe, Haftar esteve duas vezes na Líbia. A primeira em 2011, no auge dos protestos contra Kaddafi. Ele comandou alguns dos grupos armados anti-Kaddafi e tentou aproveitar o vácuo de poder para se posicionar na então florescente política líbia. Sem sucesso, o general voltou para os Estados Unidos, onde ficou até o início de 2014, quando retornou à Líbia para organizar o golpe contra o Congresso Nacional Geral, segundo ele uma necessidade diante dos "terroristas disfarçados de políticos" que controlavam o país.
Os grupos islamitas responderam por meios políticos e militares. De início, convocaram novas eleições, realizadas em junho de 2014. Derrotados, não reconheceram o resultado do pleito ou a formação do Conselho de Representantes. Em julho, milícias islamitas invadiram Trípoli e expulsaram o Conselho de Representantes para Tobruk. No vácuo de poder, parlamentares islamitas formaram um novo Congresso Nacional Geral e passaram a reivindicar o posto de governo eleito.
Muitos conflitos em um só
As ações de Haftar e das milícias islamitas galvanizaram a impressão de que o conflito na Líbia poderia ser reduzido a um confronto entre remanescentes do antigo regime e os adeptos do Islã político, nos moldes do que ocorre no Egito. Esse diagnóstico maniqueísta serve aos propósitos dos extremistas de ambos os lados, mas nubla a complexa realidade líbia.
As milícias islamitas coordenam-se por meio de um grupo conhecido como Amanhecer Líbio, que mistura islamitas moderados e fundamentalistas, muitos veteranos do Grupo de Luta Islâmico Líbio, que lutou ao lado de Osama bin Laden contra a União Soviética no Afeganistão e, depois, voltou suas forças contra Kaddafi.
Além desses, há uma série de revolucionários líbios com pouca ou nenhuma ligação com a religião, entre eles as milícias da cidade costeira de Misrata ou os bérberes, uma minoria líbia, que entraram no conflito por motivações tribais, territoriais ou étnicas. 
Amanhecer Líbio
Do mesmo modo, o lado de Haftar e do Conselho de Representantes conta não só com militares e ex-aliados de Kaddafi, mas com brigadas armadas de Zintan, cidade montanhosa rival de Misrata, e árabes beduínos do interior, todos engajados em acertos de contas e disputas antigas.
Sanções 
Em meio a esse caos, a Líbia tornou-se mais um país afetado pelo Estado Islâmico, o grupo extremista que tomou partes da Síria e do Iraque e tem exportado sua ideologia para outras regiões. Na Líbia, o Estado Islâmico controla a pequena cidade de Nawfaliyah e algumas partes da cidade de Sirte, e tem entre 3 e 5 mil recrutas, a maioria estrangeiros. Paraíso para os jihadistas, a Líbia se tornou campo de treinamento para terroristas internacionais, como o que matou dezenas de turistas ocidentais na Tunísia no fim de junho.
Além do ISIS, o vácuo de poder abriu as portas para quadrilhas de traficantes de pessoas, que agem livremente na Líbia. São essas as organizações responsáveis por usar o território líbio como base para enviar, em condições precárias, imigrantes de muitos países africanos para a Europa, que fogem da tirania, da fome e da doença.
Em 12 de julho, o enviado da ONU para a Líbia, Bernardino Leon, conseguiu que diversos grupos envolvidos no conflito, incluindo o governo reconhecido do Conselho de Representantes, assinassem um acordo de paz. O Amanhecer Líbio, o GNC e os militares ligados a Haftar, entretanto, negaram-se a referendar o novo processo de transição.
Diante disso, a União Europeia está, segundo a agência Reuterspreparando sanções pessoais contra cinco dos guerrilheiros: Haftar e o ex-comandante da Força Aérea Líbia Fakir Jarroushi, além de três chefes do Amanhecer Líbio: Abdulrahman Suweihli, Salah Badi e Abdulraouf Mannay.
É provável que o vazamento da informação sobre as sanções seja uma forma de pressionar os extremistas a optar pela mesa de negociações. Mais que isso, é um reconhecimento por parte da União Europeia de que a solução para a crise de refugiados passa pela governança da Líbia, e não é meramente uma questão de segurança.
Por quatro anos, os países europeus negligenciaram a Líbia, equivoco expresso pela diferença de gastos do Reino Unido com os ataques para derrubar Kaddafi e com a posterior reconstrução do país: foram 320 milhões de libras ante 25 milhões, quase 13 vezes mais. Foi preciso que os "indesejados" imigrantes batessem à porta da Europa para que os governantes do continente agissem. Ainda que com atraso, é hora de a UE mudar suas práticas e ajudar a Líbia a trilhar um caminho de estabilidade e prosperidade.
Fonte:<http://www.cartacapital.com.br/internacional/quatro-anos-depois-a-libia-e-um-caos-2005.html>. Acesso em 29 de julho de 2015.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

13 de julho - Dia Mundial do Rock!!!!

Por que 13 de julho?

Em 13 de julho de 1985, Bob Geldof organizou o Live Aid, um show simultâneo em Londres, Inglaterra e na Filadélfia nos Estados Unidos.

O objetivo principal era o fim da fome na Etiópia e contou com a presença de artistas como: The Who, Status Quo, Led Zeppelin, Dire Straits, Madonna, Queen, Joan Baez, David Bowie, BB King, Mick Jagger, Sting, Scorpions, U2, Paul McCartney, Phil Collins (que tocou nos dois lugares), Eric Clapton e Black Sabbath.









































quarta-feira, 27 de maio de 2015

O século foi marcado por inúmero conflitos que envolveram os países europeus, principalmente, e EUA em intervenções diretas ou indiretas nos continentes africano e asiático. Pós Segunda Guerra Mundial, o processo de independência e descolonização desses territórios foi ocorrendo aos poucos, mas as mazelas deixadas por séculos de ocupação, exploração, preconceitos e racismo se manteve. 

Um exemplo, de tantos possíveis, das consequências históricas desse processo é a questão dos refugiados e de como a mídia internacional não retrata como os países europeus são responsáveis diretos por essa situação, retratando as "buscas" e "salvamentos" como atos heroicos. Não se desmerece nem minimiza-se a importância humanitária dessas ações, mas sim se questiona e coloca em discussão as formas como a história é cada dia mais rapidamente esquecida, quando é conveniente. 

Mediterrâneo, um mar de hipocrisia

por Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais — publicado 21/05/2015 02h47


Países ocidentais patrocinam guerras e intervenções, mas são apresentados como heróis na tragédia da imigração

Por Rossana Reis e Deisy Ventura
Nas últimas semanas, as notícias sobre a morte de milhares de seres humanos no Mar Mediterrâneo acabaram por revelar uma faceta muito desagradável de nós mesmos: a nossa infinita capacidade de eludir os fatos e tragar narrativas falsas, simplistas e unilaterais. A despeito dos acontecimentos, acalentamos nossa imaginação geopolítica na qual o papel dos heróis é invariavelmente representado pelos países ocidentais.
“Tráfico de pessoas” – grita a chamada de programas de televisão, enquanto mostramnegros sendo resgatados de navios indo a pique. Enquanto os náufragos recebem coletes alaranjados, o locutor descreve aajuda humanitária da Europa, passando a seguir à imagem do elegante primeiro-ministro italiano a anunciar o seu plano para lidar com a crise: “afundar os barcos” por meio dos quais os candidatos a refúgio tentam chegar a Europa.
Eventualmente, algum dos passageiros é entrevistado para ilustrar as condições deploráveis nas quais se faz a travessia, mas os milhares de africanos mortos não merecem, por exemplo, o tratamento pessoal dado às vítimas do acidente que vitimou 150 pessoas com a queda do Airbus A320 da Germanwings na França. É raro encontrar alguma reportagem em que a “voz autorizada a explicar” as repetidas tragédias não seja europeia.
Resgate de imigrantes no Mediterrâneo
Soa como desfaçatez, porém, falar sobre os resgates ou os naufrágios no Mediterrâneo sem mencionar os milhões de pessoas atingidas por conflitos armados, notadamente as guerras na Síria e na Líbia, e sem registrar, sobretudo, o papel ativo, se não o protagonismo, dos países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, no desenvolvimento desses conflitos – seja por razões geopolíticas ou econômicas.
Somente na Síria, desde 2011, já se contam 130 mil mortos; mais de 2 milhões de pessoas foram buscar abrigo em países vizinhos e acabaram em campos de refugiados; mais de 4 milhões de pessoas tiveram que abandonar suas casas. Na Líbia, onde em 2011 o ditador Muamar Kadafi foi assassinado em frente às câmaras de TV após uma intervenção da OTAN, autorizada pela ONU, a continuidade dos conflitos ajuda a produzir mortos aos milhares e refugiados aos milhões.
Se pudesse, você não tentaria fugir de situação semelhante? Mas são poucas as pessoas que sobrevivem a esta dura realidade e conseguem dinheiro suficiente para tentar escapar pelas rotas do Mar Mediterrâneo que levam à Europa. Entre aqueles que chegam, um número ainda mais reduzido consegue ter reconhecida a sua situação como refugiado – o que torna possível pensar em reconstruir a vida, pelo menos enquanto a situação em seus países de origem não se estabiliza.
A maior parte das pessoas aguarda “num centro de detenção para imigrantes” ou é mandada de volta ao lugar de origem, em um processo cujas garantias jurídicas oferecidas são mínimas. Os que conseguem permanecer na Europa, em geral, servem como bodes expiatórios de um mal-estar cultural profundo, de uma crise de representação política sem precedentes e da crise econômica. Já o quinhão de responsabilidade da Europa nos desastres humanitários que os empurram de suas terras ainda está longe de ser plenamente apurada.
Isso ocorre porque, ao mesmo tempo em que patrocinam guerras em outros continentes, os países europeus tornam mais restritivas suas regras para concessão de refúgio. Como cortina de fumaça, os líderes do Velho Continente promovem operações humanitárias para resgatar os possíveis imigrantes das mãos dos “verdadeiros culpados pela crise”, os traficantes de pessoas que são majoritariamente africanos, além de tomar as devidas providências para que a travessia não seja feita, em nenhuma circunstância. Vale a pena lembrar que, antes da eclosão da mais recente crise, esta já era uma rota bastante utilizada, e igualmente perigosa. Ainda assim, o governo italiano proibiu os barcos de pescadores da Sicília de prestar ajuda a qualquer tipo de embarcação em situação de risco, sob risco de serem acusados de “cumplicidade com a imigração ilegal”.
Ao longo dos anos, a combinação de “intervenções humanitárias” mal pensadas e mal conduzidas com políticas restritivas e discriminatórias de gestão de fluxos migratórios e de refugiados pela União Europeia vem provocando a morte de milhares de seres humanos no Mediterrâneo, e também vem afogando a todos nós num mar de hipocrisia. Nesta triste fábula da política contemporânea, os únicos heróis são aqueles que conseguem sobreviver às guerras, à intolerância, à política europeia, às ondas e à nossa apatia.  
*Rossana Reis e Deisy Ventura são professoras da Universidade de São Paulo e integrantes do Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais/GR-RI.
Fonte: <http://www.cartacapital.com.br/blogs/blog-do-grri/mediterraneo-um-mar-de-hipocrisia-2718.html> Acesso em 27 mai. 2015.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Charges dos últimos dias: o que foi notícia retratada de forma bem humorada, mas sem perder a crítica (11 de fevereiro a 27 de janeiro de 2015).


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quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Há 70 anos atrás....

A libertação de Auschwitz-Birkenau (27 de janeiro de 1945)


Em 27 de janeiro de 1945, o Exército Vermelho libertou Auschwitz, o maior campo de extermínio dos nazistas onde foram mortas pelo menos um milhão de pessoas


por Deutsche Welle — publicado 27/01/2015 11:57, última modificação 28/01/2015 05:49

Auschwitz-Birkenau
O sobrevivente de Auschwitz, Miroslaw Celka, caminha pelo portão do antigo campo de concentração que tem os dizeres "o trabalho liberta"

Auschwitz foi o maior e mais terrível campo de extermínio do regime de Hitler. Em suas câmaras de gás e crematórios foram mortas pelo menos um milhão de pessoas. No auge do Holocausto, em 1944, eram assassinadas seis mil pessoas por dia. Auschwitz tornou-se sinônimo do genocídio de judeus, sintos e roma e tantos outros grupos perseguidos pelos nazistas.
As tropas soviéticas chegaram a Auschwitz, hoje Polônia, na tarde de 27 de janeiro de 1945, um sábado. A forte resistência dos soldados alemães causou um saldo de 231 mortos entre os soviéticos. Oito mil prisioneiros foram libertados, a maioria em situação deplorável devido ao martírio que enfrentaram.
"Na chegada ao campo de concentração, um médico e um comandante questionavam a idade e o estado de saúde dos prisioneiros que chegavam", contou Anita Lasker, uma das sobreviventes. Depois disso, as pessoas eram encaminhadas para a esquerda ou para a direita, ou seja, para os aposentos ou direto para o crematório. Quem alegasse qualquer problema estava, na realidade, assinando sua sentença de morte.
Auschwitz-Birkenau foi criado em 1940, a cerca de 60 quilômetros da cidade polonesa de Cracóvia. Concebido inicialmente como centro para prisioneiros políticos, o complexo foi ampliado em 1941. Um ano mais tarde, a SS (Schutzstaffel) instituiu as câmaras de gás com o altamente tóxico Zyklon B. Usada em princípio para combater ratos e desinfetar navios, quando em contato com o ar a substância desenvolve gases que matam em questão de minutos. Os corpos eram incinerados em enormes crematórios.
Um dos médicos que decidiam quem iria para a câmara de gás era Josef Mengele. Segundo Lasker, ele se ocupava com pesquisas: "Levavam mulheres para o Bloco 10 em Auschwitz. Lá, elas eram esterilizadas, isto é, se faziam com elas experiências como se costuma fazer com porquinhos da Índia. Além disso, faziam experiências com gêmeos: quase lhes arrancavam a língua, abriam o nariz, coisas deste tipo..."
Trabalhar até cair
Os que sobrevivessem eram obrigados a trabalhos forçados. O conglomerado IG Farben, por exemplo, abriu um centro de produção em Auschwitz-Monowitz. Em sua volta, instalaram-se outras firmas, como a Krupp. Ali, expectativa de vida dos trabalhadores era de três meses, explica a sobrevivente.
"A cada semana era feita uma triagem", relata a sobrevivente Charlotte Grunow. "As pessoas tinham de ficar paradas durante várias horas diante de seus blocos. Aí chegava Mengele, o médico da SS. Com um simples gesto, ele determinava o fim de uma vida com que não simpatizasse."
Para apagar os vestígios do Holocausto antes da chegada do Exército Vermelho, a SS implodiu as câmaras de gás em 1944 e evacuou a maioria dos prisioneiros. Charlotte Grunow e Anita Lasker foram levadas para o campo de concentração de Bergen-Belsen, onde os britânicos as libertaram em abril de 1945. Outros 65 mil que haviam ficado em Auschwitz já podiam ouvir os tiros dos soldados soviéticos quando, a 18 de janeiro, receberam da SS a ordem para a retirada.
"Fomos literalmente escorraçados", lembra Pavel Kohn, de Praga. "Sob os olhos da SS e dos soldados alemães, tivemos de deixar o campo de concentração para marchar dia e noite numa direção desconhecida. Quem não estivesse em condições de continuar caminhando, era executado a tiros", conta. Milhares de corpos ficaram ao longo da rota da morte. Para eles, a libertação chegou muito tarde.
  • Autoria Birgit Görtz (rw)

Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/internacional/ha-70-anos-a-libertacao-de-auschwitz-birkenau-5754.html

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Retomando o blog neste ano de 2015!!! 

Charges dos últimos dias: o que foi notícia retratada de forma bem humorada, mas sem perder a crítica (26 de janeiro a 15 de janeiro de 2015).


Calor

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Jovens negros

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Tisteza profunda por la muerte de cuatro colegas caricaturistas.

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