Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!

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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Metade dos jovens de 14 anos já superou escolaridade de suas mães

Avanços no acesso a educação contribuem para este processo, mas ainda temos uma enorme dívida social e histórica com milhões de adultos que não sabem ler nem escrever ou que possuem uma alfabetização em níveis inferiores ao desejado em nossa sociedade.
Facetas de um país que ainda requer ações que possibilitem uma redistribuição de riquezas para melhorar nossos índices sociais e a qualidade de vida da população. 

Metade dos jovens de 14 anos já superou escolaridade de suas mães
Por Amanda Cieglinski, da Agência Brasil


Mais da metade (51,45%) dos adolescentes de 14 anos do país já têm escolaridade superior à de suas mães. Entre os jovens dessa faixa etária, 71% cursam os três últimos anos do ensino fundamental e 9,5% estudam no ensino médio. Os dados indicam uma baixa escolaridade das mães de alunos dessa faixa etária que apresentam, em média, 7,32 anos.
O levantamento foi feito pelo programa Todos pela Educação e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2009, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números indicam que a atual geração de crianças e jovens está superando a trajetória escolar de seus pais, mas também confirmam a baixa escolaridade de boa parte da população adulta.
“Nós temos muitos pais e mães que são muito jovens e eles já são fruto dessa inclusão recente que o país promoveu. A melhoria ainda é lenta, mas o fato é que quanto mais avançado é o ano em que a criança nasceu, maior é a chance que ela tem de completar o ensino médio”, explica a diretora executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.
O aumento dos anos de estudo gera um movimento positivo que causará impacto nas próximas gerações, diz Priscila.  Para ela, a educação é o melhor investimento porque nunca retroage. “É muito difícil você encontrar alguém que admita que o filho tenha uma escolaridade menor do que a sua. Uma mãe que concluiu o ensino médio e um filho que não completou o ensino fundamental, por exemplo. São casos raríssimos”, acrescenta.
Os dados compilados pela entidade também apontam a diferença de escolaridade entre famílias de alunos de escolas públicas e privadas. Enquanto, aos 14 anos, 60% dos estudantes da rede pública já atingiram a escolaridade de suas mães, na rede privada o percentual cai para 10%. Isso indica que as mães dos alunos dos estabelecimentos particulares têm escolaridade mais elevada. O mesmo cenário se repete na comparação entre famílias mais pobres e mais ricas.
A diferença entre os anos de estudo de pais e filhos também pode representar um obstáculo no desempenho do aluno. Pais menos escolarizados em geral se sentem despreparados para participar da vida escolar do filho. “Ele se sente acuado, acha que não pode ajudar e se envolver com os estudos do filho. Mas o importante é que a educação seja valorizada pela família, que ele seja um parceiro da escola para garantir que seu filho de fato aprenda”, pondera Priscila.
Entre estudantes negros de 14 anos, o percentual daqueles que estudaram mais do que suas mães é 56,33%, enquanto entre os brancos a taxa é quase 10 pontos percentuais menor. Segundo Priscila, o dado aponta que além do fator renda, há uma diferença de escolaridade entre mães negras e brancas – o primeiro grupo frequentou menos a escola do que o segundo.
A mesma desigualdade se verifica entre as regiões do país: enquanto no Sudeste menos da metade (47%) dos alunos de 14 anos atingiu a escolaridade de suas mães, no Nordeste esse grupo representa 58% da população nessa faixa etária.“A parte mais cruel da educação brasileira é a desigualdade. Em vez de ser um meio de superação, ela acaba reproduzindo e ampliando esse fosso”, avalia a diretora.



terça-feira, 8 de novembro de 2011

Grandes questões - ciência entre o passado e o presente

Livro conecta descobertas emblemáticas do passado aos movimentos da ciência da atualidade, mostrando como o conhecimento científico caminha de forma dinâmica e conectada e é fruto de um contexto histórico específico.

Por: Daniela Oliveira
Publicado em 08/11/2011 | Atualizado em 08/11/2011


Por trás das buscas do Grande Colisor de Hádrons, maior acelerador de partículas do mundo, estão conhecimentos filosóficos milenares, que vêm desde Demócrito, o risonho, autor da primeira teoria atômica e retratado pelo pintor suíço Petrini. (foto: Cern)

A avidez para entender o mundo tem resultado em incontáveis descobertas científicas. Esse ‘jogo’ dinâmico de perguntas e respostas envolve inúmeros fatores: determinação, curiosidade, criatividade, dinheiro, empreendedorismo e até mesmo sorte. No entanto, um deles acompanha todo o processo de construção do conhecimento: o contexto histórico.

Essa íntima relação entre ciência e as transformações históricas vividas pelas sociedades está retratada em Uma história da ciência: experiência, poder e paixão, de Michael Mosley e John Lynch, respectivamente produtor executivo dos programas de divulgação da ciência e diretor da área científica da BBC, a emissora britânica de rádio e TV.

Capa Uma história da ciência

Lançado este ano pela editora Zahar, o livro teve origem em série homônima produzida em 2010 pela emissora, com seis episódios sobre as principais teorias e pensadores relacionados ao cosmo, à matéria, à vida, à energia, ao corpo e à mente.

Dividido nas mesmas categorias, Uma história da ciência conecta descobertas emblemáticas do passado aos movimentos da ciência da atualidade. Os autores lembram, por exemplo, que o telescópio espacial Hubble, cujas imagens revolucionaram a visão que se tem hoje sobre o cosmo, só pode ser posto em órbita, em 1990, graças à aplicação prática dos conhecimentos gerados por Galileu Galilei sobre mecânica dos projéteis, por Johannes Kepler sobre o movimento planetário e por Isaac Newton sobre a gravidade.

O mesmo se aplica a um dos mais portentosos projetos científicos em andamento: o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), maior acelerador de partículas do mundo. Por trás da tentativa de recriar as condições logo após o Big Bang estão conhecimentos filosóficos milenares, que vêm desde Demócrito, o risonho, nascido por volta de 460 a.C. e autor da primeira teoria atômica de que se tem notícia. Assim como descobrir as substâncias que originaram e que sustentam o mundo foi também uma obsessão para alquimistas chineses de mais de dois mil anos.

O interesse pela matéria gerou a descoberta dos elementos, das substâncias e de compostos químicos de todos os tipos e para os diferentes fins, bem como a síntese de novos materiais. Nomes como Antoine Lavoisier, a quem se atribui a descoberta do oxigênio, Ernest Rutherford e Niels Bohr, precursores no estudo do átomo, ficaram para a história do estudo da matéria. Mas ainda não sabemos de que é feito o mundo – e, como observam Mosley e Lynch, talvez nunca saibamos.
 

E quanto a nós?


Se o mundo onde vivemos gera tanta inquietude, o que dizer das reflexões a respeito de nossa própria vida? Questionamentos sobre quem somos e como chegamos aqui começaram a aparecer principalmente após a descoberta do Novo Mundo.

Tal necessidade de entender melhor a vida acabou por gerar tentativas de ordenar o mundo natural. O sistema de classificação das plantas proposto por Carl Linnaeus no século 18, empregado até hoje, é um exemplo. Contra a ideia da intervenção de um criador divino para cada ser vivo do planeta, foi preciso formular teorias da evolução das espécies.

Já o interesse pela anatomia e pelo funcionamento do corpo humano, aliado ao advento do microscópio, permitiu chegarmos às células e à estrutura da molécula, o que gerou respostas e novas questões sobre o segredo da vida.

E não só o corpo, mas também a mente despertou o interesse da ciência desde a antiguidade, na tentativa de se compreender a identidade e as motivações humanas. No entanto, essa busca só se concentrou no cérebro muito recentemente, com os avanços obtidos após a descoberta do neurônio e da complexa rede de sinais que compõem o sistema nervoso.

Como podemos ver, o caminho trilhado pelos grandes cientistas para chegar a respostas para as grandes perguntas da humanidade é longo e complexo, sujeito à ação de diferentes variáveis. Mas, como ressaltam Mosley e Lynch, cada explicação oferecida pela ciência – seja ao olharmos para o mundo lá fora ou para dentro de nós mesmos – é, em larga medida, produto de seu tempo.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Identificada rede capitalista que domina o mundo

Muito interessante este estudo e abordagem que busca reconhecer as instituições que concentram poderes econômicos no mundo contemporâneo.

Identificada rede capitalista que domina o mundo

A revista New Scientist acaba de identificar, naquilo que eu chamaria de furo de reportagem, a rede capitalista que domina o mundo. Trata-se de um estudo que juntou três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça (*).

O resultado foi um gráfico que revela  as interconexões entre 1.318 empresas transnacionais e torna mais nítido o alvo do pessoal que ocupa praças e ruas – inclusive a simbólica Wall Street – em protesto, muitas vezes sem saber contra quem  estão protestando.

Os pesquisadores do Instituto de Lausanne partiram de uma análise, já afunilada, de 43.060 empresas e concluiu que um pequeno número delas tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global. Entre elas destacam-se sobretudo os bancos, o que não seria uma grande novidade.

De qualquer forma este parece ser o primeiro estudo sobre a onda de protestos que varre o planeta despido de qualquer viés ideológico, político ou mesmo sociológico.

A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.

Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade.

Não poderiam assim ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial – tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.

O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.

A análise identificou 43.060 grandes empresas  e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.
Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas— na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.

Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo – as chamadas blue chips nos mercados de ações.

Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo. E isso não é tudo.
Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma “super-entidade” de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas. “Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira,” diz um dos
pesquisadores.
E na maioria são bancos.

As primeiras análises feitas pela New Scientist, reproduzidas no Brasil pelo site Inovação Tecnológica, sugerem que a concentração de poder e influência em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.

Desde a crise de 2008 está provada a instabilidade dessas redes: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede.
Os pesquisadores suíços ponderam, contudo, que essa super-entidade não deve agir dentro de algum tipo de conspiração. Afinal 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer. Mesmo porque muitas vezes elas são concorrentes diretos entre si.

A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.

Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum – e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.

As 25 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas
1.      Barclays plc
2.      Capital Group Companies Inc
3.      FMR Corporation
4.      AXA
5.      State Street Corporation
6.      JP Morgan Chase & Co
7.      Legal & General Group plc
8.      Vanguard Group Inc
9.      UBS AG
10      Merrill Lynch & Co Inc
11.     Wellington Management Co LLP
12.     Deutsche Bank AG
13.     Franklin Resources Inc
14.     Credit Suisse Group
15.     Walton Enterprises LLC
16.     Bank of New York Mellon Corp
17.     Natixis
18.     Goldman Sachs Group Inc
19.     T Rowe Price Group Inc
20.     Legg Mason Inc
21.     Morgan Stanley
22.     Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
23.     Northern Trust Corporation
24.     Société Générale
25.     Bank of America Corporation

Bibliografia:
(*) The network of global corporate control
Stefania Vitali, James B. Glattfelder, Stefano Battiston