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sexta-feira, 24 de agosto de 2012


África: continente ainda esquecido
Enquanto as "potências mundiais", ONU e a imprensa internacional discutem os rumos da situação na Síria, o continente africano continua esquecido. As guerras civis, frutos em sua maioria, do processo de descolonização e das independências das décadas de 1960-1970, continuando produzindo mortes, mutilados, miséria e destruição. 
O silêncio sobre os massacres e crimes contra a humanidade (como a ONU costuma definir) esconde um jogo perigoso, de exploração das riquezas naturais e minerais (como o recente caso dos minérios em greve fuzilados pela polícia na África do Sul) e venda (nem sempre legais) de armas, que movem bilhões de dólares por ano.
Esse silêncio mantém no esquecimento da população em geral, da situação de pobreza e miséria das populações que vivem na maioria dos países africanos, que continuam sendo exploradas, de diferentes maneiras, para o enriquecimento de multinacionais e pessoas. 
Por que a inoperância das Nações Unidas? Por que se omitem EUA, Rússia, Alemanha, Japão... o famoso G8 sobre estas guerras civis que duram décadas? Até quando será aceito a extinção de populações devido a interesses estrangeiros no território africano? Perguntas sem resposta e enquanto isso, neste tempo que você está lendo este texto, no mínimo algumas dezenas de pessoas foram mortas, estupradas ou mutiladas em alguma parte da África....
No Congo, 48 mulheres são estupradas a cada hora
24/08/2012 - 6h52 da BBC Brasil  

Brasília  - Um estudo científico, publicado no American Journal of Public Health, diz que 48 mulheres são violentadas a cada hora no Congo (África). Organizações não governamentais (ONGs) de proteção aos direitos humanos também registram um número elevado de vítimas masculinas. As Nações Unidas definiram o país como uma referência mundial de estupro.
No total, 22% dos homens e 30% das mulheres do Congo já foram vítimas de violência sexual em ataques relacionados ao conflito, segundo números de 2010. Desde os anos 1990, o Congo sofre com a guerrilha urbana. Grupos de milicianos enfrentam as forças do governo. As estatísticas levaram a enviada da Organização das Nações Unidas (ONU) ao país, Margot Wallström, a classificar  Kin Shasa como a "capital mundial do estupro".
Seis milhões de pessoas já foram mortas no conflito na República Democrática do Congo desde 1996. Hoje, a média de mortos é 54 mil por mês. De acordo com investigações internacionais, os estupros são cometidos tanto por milícias quanto pelas forças oficiais.
Em documentário de uma emissora de rádio - An Unspeakable Act (na tradução livre, Um Ato sobre o Qual Não Se Pode Falar) - foi ao ar uma série de depoimentos. Uma das vítimas conta que  foi estuprada por quatro homens que mataram seu marido e seus seis filhos enquanto riam e pareciam se divertir.
Uma mulher relata ainda que os estupradores a mutilaram, o que, segundo as investigações, costuma ser frequente nos ataques com violência sexual. Um homem disse ter sido vítima de abusos sexuais cometidos por integrantes do Exército, informando também que teve a família assassinada por seus agressores.
Para Chris Dolan, diretor de um projeto que dá assistência legal a refugiados congoleses em Uganda, os abusos sexuais são uma arma de guerra mais eficiente do que as convencionais porque rompem a harmonia e o tecido social de uma comunidade. "Todas as relações entre os integrantes de uma família, e dessa família com a vizinhança e com a sua comunidade, podem ser afetadas por um estupro."
Desde 2009, Dolan dirige campanha para ampliar a conscientização sobre o fato de que vítimas de violência sexual podem ser homens, além de mulheres. Sua organização também oferece ajuda às vítimas masculinas, que sofrem com graves sequelas físicas, além de serem estigmatizadas na comunidade.
"As sequelas psicológicas de um abuso desses também são terríveis. As pessoas descrevem essa situação como uma tortura interna", diz William Hopkins, psiquiatra da organização Freedom from Torture, explicando que a vítima passa a "odiar a si mesmo."
Muitos dos estupradores não demonstram desconforto em descrever os ataques. Um dos milicianos entrevistados no documentário da emissora de rádio disse ter ficado feliz depois dos estupros e comentou que fica mais violento quando as vítimas reclamam.

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