A guerra se transformou no século XX em uma indústria que movimenta bilhões. Um máquina que necessita ser alimentada a todo momento com destruições, muito sangue e mortes. A 1ª Guerra Mundial marca o avanço na tecnologia da morte, que passou a ser superada em cada conflito seguinte e hoje gera lucros contados em trilhões de dólares ao ano. Um gasto gigantesco em destruir o "inimigo" e depois "ajudar" na reconstrução. Uma hipocrisia que continua sendo vendida e mantida ao longo deste século XXI e pelo jeito não irá terminar tão cedo. Mais quantos Vietnãs ou Hiroshimas serão precisos para a humanidade investir seus recursos em salvar vidas, ao invés de promover extermínios?
Cinquenta anos depois, Vietnã e EUA iniciam limpeza conjunta do "agente laranja"
A arma química afetou pelo menos 3 milhões de vietnamitas e continua a provocar doenças no país
Helicóptero militar dos EUA espalha o agente laranja em floresta durante a Guerra do Vietnã.
Cinquenta anos depois de seus aviões militares jogarem 80 milhões de litros do agente laranja nas áreas rurais do Vietnã, os Estados Unidos iniciaram um projeto de limpeza nesta quinta-feira (09/08) em conjunto com o governo do país.
O herbicida tóxico será removido de uma antiga base militar norte-americana na cidade de Damang. Pelo menos 73 mil metros cúbicos de solo serão escavados e colocados em tanques de alta temperatura para remover a dioxina, substância tóxica insolúvel em água e de longa decomposição. Por isso, autoridades norte-americanas e vietnamitas estimam que o projeto levará quatro anos para remover o agente laranja da área.
O esforço é visto como um passo para remover tensões diplomáticas entre os países num momento em que o governo norte-americano disputa o poder de influência com a China no Sudeste Asiático. “Nós estamos movendo a terra para enterrar nossos legados do passado”, disse David Shear, embaixador dos EUA em uma cerimônia perto da antiga base militar, citado pelo jornal The Guardian.
Apesar do investimento de 49 milhões de dólares, muito mais será necessário para acabar com as marcas que o agente laranja deixou na sociedade vietnamita. Por conta da alta concentração de dioxina, este herbicida pode causar doenças como câncer, deficiências genéticas e outros problemas. Segundo estimativas da Cruz Vermelha, a saúde de pelo menos três milhões de vietnamitas já foi afetada em decorrência da exposição à substância, que continua a prejudicar a sociedade local.
O composto entrou na cadeia alimentar humana do país por ter infectado plantações e animais e ainda continua presente em diversas áreas rurais do país. Uma família de vietnamitas que mora perto da antiga base militar descobriu nesta semana que todos os seus membros possuem alto nível de dioxina em seu sangue, informou o jornal Huffington Post.
O arame farpado e o grande muro de concreto que cercam a antiga base em Danang não impedem que o cheiro da substância química se espalhe pelos arredores e ao que tudo indica, também não foram suficientes para impedir a contaminação de outras plantações, animais e pessoas. Em 2016, a região pode estar à salva, mas muitas outras bases utilizadas pelos EUA durante a guerra e áreas bombardeadas durante a guerra, ainda não.
Operação de guerra
No período de 1961 a 1971, tropas norte-americanas espalharam cerca de 80 milhões de litros de agente laranja sobre o território vietnamita por meio de aviões e caças. A operação, conhecida como Ranch Hand, tinha como objetivo matar as plantas nas florestas, de modo que os vietcongues não pudessem mais se esconder nas áreas rurais e encontrassem dificuldade para se alimentar.
Fabricadas pelas multinacionais Monsanto e Dow Chemical, que ainda permanecem ativas no mercado, a substância é uma mistura de dois herbicidas que apresentam elevados teores da dioxina tetraclorodibenzodioxina, extremamente tóxica à saúde humana.
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