Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!

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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Violência contra a mulher: uma realidade macabra 

Embora a sociedade brasileira, nos diferentes cantos do país, tenha avançado em alguns sentidos, a questão que ao contrário de serem reduzidas, são ampliadas. 
É a macabra realidade da violência contra as mulheres que se mantém no país, com o aumento dos assassinatos nas últimas décadas. Conforme dados divulgados por estudos, o Brasil é o 8º colocado em uma lista de 84 países. Muito mais que uma questão numérica, esta macabra realidade demonstra como o machismo ainda está impregnado nas relações de gênero, com a ideia presente do homem ser o "dono" da mulher. Mais de 40% dos assassinatos contra a mulher ocorrem em suas residências.
Além dos assassinatos, as violências domésticas, também demonstram o quanto é alarmante a situação: violência não somente física, mas também psicológica. 
Com certeza as mulheres ganharam espaço na sociedade a partir das revoluções da década de 1960, mas as mentalidades ainda permanecem estacionadas em décadas anteriores, em grande parte dos homens, que se mantém numa fantasiosa posição de superioridade a mulher ou, como argumentam muitos, o "sexo frágil". Pode ser frágil frente somente a omissão ou ineficiência masculina e das instituições do Estado que deveriam trabalhar para o fim desta cultura machista e opressora. 

Brasil: número de assassinatos de mulheres continua a crescer

O Mapa da Violência mostra que as maiores taxas de vitimização de mulheres está no intervalo entre 15 e 29 anos, com ascendência para a faixa de 20 a 29, que é o que mais cresceu na década analisada
Por Natasha Pitts, da Adital - 17/08/2012 7:54 pm

Neste mês de agosto foi divulgada a atualização do Mapa da Violência 2012, com informações sobre homicídios de mulheres no Brasil. O documento, de autoria de Julio Jacobo Waiselfisz com o apoio do Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos (Cebela) e da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso), foi produzido para somar esforços no enfrentamento à violência contra a mulher.
“O Mapa é um grito de alerta para as autoridades brasileiras É uma forma de mostrar que o problema é mais grave do que o que se imaginava. O Mapa da Violência atua como um termômetro e o que se vê é que a febre está muito alta e não sabemos qual a enfermidade”, aponta o autor do documento.
Os pais são identificados como agressores quase exclusivamente até os 9 anos das meninas (http://www.flickr.com/photos/66944824@N05/)
O Mapa da Violência atualizado incorporou dados de homicídios e de atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS), que no relatório anterior eram preliminares. O documento oferece informações de 1980 a 2010 sobre casos de assassinatos de mulheres, detalha a faixa etária das principais vítimas, os locais onde os crimes costumeiramente acontecem, os principais tipos de armas usadas e os estados brasileiros com as taxas mais elevadas de homicídios de mulheres.
Entre os dados mais relevantes descobertos após a atualização, Jacobo destaca o crescimento dos assassinatos de mulheres após 2010. “O Mapa preliminar mostrava que os homicídios femininos haviam estagnado, mas na verdade eles continuaram a crescer. E na atualidade esse aumento ainda segue. Mecanismos como a Lei Maria da Penha ainda não estão dando o resultado pretendido. Os esforços ainda são insuficientes para estagnar a espiral de violência contra a mulher”, denuncia o autor do Mapa da Violência, apelando para que se redobrem os trabalhos e esforços.
A gravidade deste problema está marcada também no contexto internacional. Em uma lista com 84 países, o Brasil está em 7º lugar nas taxas de homicídio feminino (4,4 em 100 mil mulheres) e perde apenas para El Salvador (10,3), Trinidad e Tobago (7,9), Guatemala (7,9), Rússia (7,1), Colômbia (6,2) e Belize (4,6).
“Há uma falta de consciência com relação ao problema e existe ainda a tolerância institucional que torna a vítima culpada. Existem mecanismos que justificam os crimes contra as mulheres, como por exemplo, dizer que algumas mulheres se vestem como vadias e por isso acabam sendo estupradas. É como se uma dose de violência contra a mulher fosse aceitável e até necessário”, critica o autor do Mapa, denunciando também que as instituições que deveriam proteger as mulheres não estão cumprindo seu papel.
Mapa da Violência em números
A partir de dados do Sistema de Informações de Mortalidade, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde – fonte básica para a elaboração do Mapa – registrou-se o assassinato de 92.100 mulheres no Brasil entre 1980 e 2010, 43,7 mil apenas na última década. O número de mortes em 1980 passou de 1.353 para 4.465 em 2010, cifras que representam aumento de 230%.

O Mapa mostra que as maiores taxas de vitimização de mulheres está no intervalo entre 15 e 29 anos, com ascendência para a faixa de 20 a 29, que é o que mais cresceu na década analisada. Já no grupo acima dos 30, a tendência foi de queda.
Estas mulheres continuam sendo vitimadas em sua residência (41%) e o principal instrumento utilizado são armas de fogo. Eles também são mortas com meios que exigem contato direto, como a utilização de objetos cortantes, penetrantes, contundentes e sufocação, deixando clara maior incidência de violência passional.
Os pais são identificados como agressores quase exclusivamente até os 9 anos das meninas e na faixa dos 10 aos 14, como principais responsáveis pelas agressões. A partir dos 10 anos, se sobressai a figura paterna como responsável pela agressão. Já com o passar dos anos, este papel vai sendo substituído pelo parceiro, namorado ou os respectivos ex, que predominam a partir dos 20 anos da mulher até os 59. A partir dos 60, os filhos são os responsáveis pela violência contra a mulher.
No Brasil, o Espírito Santo está no topo da lista de homicídios femininos. Sua taxa de 9,6 homicídios em cada 100 mil mulheres, mais que duplica a média nacional e quase quadruplica a taxa de Piauí, estado com o menor índice do país.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012


Israel e Palestina: conflito histórico
Relatório disponibilizado este final de semana (26 de agosto de 2012) traz a tona, mais uma vez, a situação vivida diariamente pelos palestinos na região da Faixa de Gaza. Um território que remonta a conflitos desde os tempos bíblicos, como se referem os meios de comunicação. 
Humilhações, opressão a manifestações, bombardeios, invasão de casas, demolições de bairros e casa ilegalmente, preconceitos e violências de judeus ortodoxos e conservadores, prisões, torturas e mortes fazem parte do cotidiano dos palestinos. Infelizmente uma situação que não deve mudar a curto prazo, devido ao apoio dos EUA e o silenciamento da ONU e demais órgãos internacionais, que somente assistem as barbáries aos palestinos. 
Obviamente, que nem todos os israelenses e judeus são favoravéis a estas politicas de Israel, com resistência, até mesmo de soldados e oficiais, que se negam a cumprir determinadas ordens. Mas, infelizmente, uma realidade de violêcias cotidianas, que nem mesmo as crianças escapam, como aponta o relatório. Qual a conclusão que chegamos? Estas crianças serão os futuros palestinos adultos que manterão a luta contra Israel! Um ciclo que se abre e fecha continuamente....
26/08/2012 - 15h28 | Marina Mattar | Redação
Ex-soldados israelenses revelam rotina de humilhação e violência contra crianças palestinas
Relatório da organização Breaking The Silence compilou dezenas de depoimentos que expõem os abusos do exército

Crianças palestinas passam por corredor na cidade de Hebron, localizada na Cisjordânia, vigiadas por soldados israelenses em 13/06/12

Durante uma madrugada em 2009, todas as casas da cidade palestina de Salfit, localizada na Cisjordânia, foram invadidas por soldados israelenses. A ordem do Comando Central era prender todos que tivessem de 15 a 50 anos e levá-los para uma escola que havia se tornado provisoriamente um centro de detenção. Isso porque a Agência de Segurança de Israel, que realiza o serviço de segurança interna, queria coletar informações sobre as pedras que eram jogadas contra jipes militares nas estradas e ruas ao redor da cidade.

Os militares colocaram vendas e algemas de plástico, muitas vezes apertando-as, nos jovens e adultos. Por sete horas, os palestinos permaneceram sentados sem poder nem se mexer, sem acesso à água e comida, em um sol escaldante. Eles não sabiam por que estavam lá e nem o que seria feito pelos militares -- um dos jovens urinou nas calças. Muitos ficaram com as mãos roxas pela falta de circulação sanguínea e outros com os braços dormentes por causa das algemas. Um dos garotos, de apenas 15 anos, pediu para ir ao banheiro e, antes de ser levado por um soldado, foi espancado ainda no chão.

Essa é apenas uma das muitas histórias publicadas neste domingo (26/08) pela Breaking the Silence (Quebrando o Silêncio em tradução livre), uma organização de antigos oficiais do Exército de Israel dedicada à divulgação das ações militares nos territórios palestinos ocupados. Mais de 30 ex-soldados revelaram como trataram crianças e jovens palestinos durante as operações militares e prisões de 2005 a 2011, revelando um padrão de abuso.

ActiveStills.org
Militares israelenses detêm jovem, por supostamente atirar pedras, durante manifestação em Ramallah em 21/02/12 

O documento está repleto de descrições de intimidações, humilhações, violência verbal e física e de prisões arbitrárias por parte dos militares israelenses em circunstâncias cotidianas na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Os casos tratam de jovens e crianças que atiraram pedras ou outros objetos contra jipes militares, que participaram de protestos ou que simplesmente sorriram para um soldado, deixando-o irritado. Não faltam histórias também de palestinos presos e agredidos arbitrariamente: “O garoto não foi mal-educado e nem tinha feito nada para irritar. Ele era árabe”, se justifica um antigo sargento do Exército de Israel no relatório.
O argumento central da maioria das histórias é que, com as prisões e agressões, esses jovens aprenderiam que não podem jogar pedras contra os militares ou se manifestar de alguma forma entendida pelos israelenses como violenta. “Muitos dizem que os palestinos devem ser espancados, porque esta é a única forma que podem aprender”, conta um antigo militar não identificado.

Apesar de alguns ex-soldados repetirem essa justificativa, a maioria admite que as ações não tiveram resultados. Pedras continuaram a ser atiradas, pneus foram queimados e protestos realizados, mas as ações militares permaneceram as mesmas. “Muitas vezes me senti muito ambivalente, incerta do que estava fazendo e em que lado eu estava nisso tudo”, diz uma sargenta.

Arrependimento

A imagem de crianças espancadas, feridas por tiros de bala de borracha e de pólvora, humilhadas e apavoradas, marcou muitos dos militares envolvidos nas ações e hoje, eles decidiram relatar a indiferença adquirida dentro do Exército. “Ele cagou nas calças, eu escutei, presenciei a humilhação. Eu também senti o cheiro. Mas, eu não me importava”, lembra um ex-sargento sobre a detenção de uma criança.

“O que nós fazíamos não era nada em comparação com o que eles faziam”, conta um militar, em referência ao batalhão de patrulha das fronteiras. “Eles não davam a mínima. Saíam quebrando o joelho das pessoas como se não fosse nada. Sem piedade”, lembra, indignado.

"Você nunca sabe os seus nomes, você nunca fala com eles, eles sempre choram, cagam em suas próprias calças ... Há aqueles momentos incômodos, quando você está em uma missão de prisão, e não há espaço na delegacia de polícia, então você pega a criança de volta, coloca uma venda nela, joga ela em uma sala e espera a polícia para vir buscá-lo na parte da manhã. Ele fica ali como um cachorro", descreve um ex-militar.

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Detido em manifestação, jovem é espancado por soldados israelenses e aparece com feridas na cabeça em Ramallah em 15/05/12

O documento abrange também casos em que os próprios militares provocavam palestinos para poderem revidar. Eles estariam "entediados". O ex-primeiro sargento de um batalhão em Hebron revela que seu grupo jogava granadas dentro de mesquitas durante cerimônias e que um comandante impedia as pessoas de saírem da reza por horas até alguém jogar um coquetel molotov ou atirar pedras. Ele diz que usavam as crianças como escudos humanos e que apontavam armas em sua cabeça para os deixar apavorados. “Foi somente depois que comecei a pensar nessas coisas, nós perdemos todo o senso de compaixão”, conclui.

Ódio

Apesar de os soldados possuírem remorso e arrependimento, eles contam que muitos de seus companheiros e eles próprios odiavam os árabes e estavam convictos do que faziam. “Eles eram vermes e em algum ponto, eu lembro que eu os odiava [palestinos]. Eu era um racista. Estava tão zangado com eles pela sua sujeira, sua miséria, a porra toda”, afirma um sargento de Hebron.

O relatório revela que os militares tinham que seguir regras de procedimento em suas ações, mas que na experiência cotidiana isso não funcionava. Para prender um palestino, tinham que vendá-lo e algemá-lo; para conter uma manifestação ou impedir um palestino de fugir, deveriam atirar contra suas pernas a uma distância de 20 metros; para bater em um palestino com o cassetete, não podiam atingir a cabeça.

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Jovens palestinos atiram pedras contra militares israelenses em Ramallah (15/05/12); soldados responderam com tiros de bala de borracha

“Nos disseram para não usar o cassetete na cabeça das pessoas. Eu não lembro onde disseram que era para bater, mas assim que a pessoa está no chão e você está a espancando com um cassetete, é difícil de distinguir”, diz um ex-sargento de Ramallah, na Cisjordânia. Outro sargento lembra de um protesto: “O cara do meu lado atirou no chão para fazê-los correr e de repente, ele disse ‘Oops!’. Eu olho e vejo uma criança sangrando no chão. Quatro palestinos foram mortos naquela noite. Ninguém falou conosco sobre isso. Não houve nenhuma investigação”.

As declarações foram reunidas para mostrar a realidade do cotidiano dos soldados israelenses em relação ao povo palestino. “Lamentavelmente esta é a consequência moral de tantos anos de ocupação dos territórios palestinos”, explica Yehud Shaul da Breaking the Silence. 

Para acessar o relatório, clique aqui.


sexta-feira, 24 de agosto de 2012


África: continente ainda esquecido
Enquanto as "potências mundiais", ONU e a imprensa internacional discutem os rumos da situação na Síria, o continente africano continua esquecido. As guerras civis, frutos em sua maioria, do processo de descolonização e das independências das décadas de 1960-1970, continuando produzindo mortes, mutilados, miséria e destruição. 
O silêncio sobre os massacres e crimes contra a humanidade (como a ONU costuma definir) esconde um jogo perigoso, de exploração das riquezas naturais e minerais (como o recente caso dos minérios em greve fuzilados pela polícia na África do Sul) e venda (nem sempre legais) de armas, que movem bilhões de dólares por ano.
Esse silêncio mantém no esquecimento da população em geral, da situação de pobreza e miséria das populações que vivem na maioria dos países africanos, que continuam sendo exploradas, de diferentes maneiras, para o enriquecimento de multinacionais e pessoas. 
Por que a inoperância das Nações Unidas? Por que se omitem EUA, Rússia, Alemanha, Japão... o famoso G8 sobre estas guerras civis que duram décadas? Até quando será aceito a extinção de populações devido a interesses estrangeiros no território africano? Perguntas sem resposta e enquanto isso, neste tempo que você está lendo este texto, no mínimo algumas dezenas de pessoas foram mortas, estupradas ou mutiladas em alguma parte da África....
No Congo, 48 mulheres são estupradas a cada hora
24/08/2012 - 6h52 da BBC Brasil  

Brasília  - Um estudo científico, publicado no American Journal of Public Health, diz que 48 mulheres são violentadas a cada hora no Congo (África). Organizações não governamentais (ONGs) de proteção aos direitos humanos também registram um número elevado de vítimas masculinas. As Nações Unidas definiram o país como uma referência mundial de estupro.
No total, 22% dos homens e 30% das mulheres do Congo já foram vítimas de violência sexual em ataques relacionados ao conflito, segundo números de 2010. Desde os anos 1990, o Congo sofre com a guerrilha urbana. Grupos de milicianos enfrentam as forças do governo. As estatísticas levaram a enviada da Organização das Nações Unidas (ONU) ao país, Margot Wallström, a classificar  Kin Shasa como a "capital mundial do estupro".
Seis milhões de pessoas já foram mortas no conflito na República Democrática do Congo desde 1996. Hoje, a média de mortos é 54 mil por mês. De acordo com investigações internacionais, os estupros são cometidos tanto por milícias quanto pelas forças oficiais.
Em documentário de uma emissora de rádio - An Unspeakable Act (na tradução livre, Um Ato sobre o Qual Não Se Pode Falar) - foi ao ar uma série de depoimentos. Uma das vítimas conta que  foi estuprada por quatro homens que mataram seu marido e seus seis filhos enquanto riam e pareciam se divertir.
Uma mulher relata ainda que os estupradores a mutilaram, o que, segundo as investigações, costuma ser frequente nos ataques com violência sexual. Um homem disse ter sido vítima de abusos sexuais cometidos por integrantes do Exército, informando também que teve a família assassinada por seus agressores.
Para Chris Dolan, diretor de um projeto que dá assistência legal a refugiados congoleses em Uganda, os abusos sexuais são uma arma de guerra mais eficiente do que as convencionais porque rompem a harmonia e o tecido social de uma comunidade. "Todas as relações entre os integrantes de uma família, e dessa família com a vizinhança e com a sua comunidade, podem ser afetadas por um estupro."
Desde 2009, Dolan dirige campanha para ampliar a conscientização sobre o fato de que vítimas de violência sexual podem ser homens, além de mulheres. Sua organização também oferece ajuda às vítimas masculinas, que sofrem com graves sequelas físicas, além de serem estigmatizadas na comunidade.
"As sequelas psicológicas de um abuso desses também são terríveis. As pessoas descrevem essa situação como uma tortura interna", diz William Hopkins, psiquiatra da organização Freedom from Torture, explicando que a vítima passa a "odiar a si mesmo."
Muitos dos estupradores não demonstram desconforto em descrever os ataques. Um dos milicianos entrevistados no documentário da emissora de rádio disse ter ficado feliz depois dos estupros e comentou que fica mais violento quando as vítimas reclamam.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012


Estupros e suicídios: uma das realidades nas Forças Armadas dos EUA
A realidade sempre tem muitas faces. São realidades e nem sempre conseguimos ver essas realidades por uma série de motivos. O texto abaixo descreve uma realidade, que com certeza, deve ser desconhecida pela maioria das pessoas. Independente das tendências e ideologias, temos jovens que passam por estes processos de disciplinarização nas instituições e acabam se omitindo ou temendo a reação de seus superiores. Uma realidade de tantas existentes. Como viver com a humilhação e a vergonha? Para muitos (muitas) o melhor caminho é o suicídio. 
O Inimigo interior 
Por Francisco Quinteiro Pires - Carta Capital 20/08/2012
Estupros e suicídios. Os adversários mais ameaçadores das Forças Armadas norte-americanas são internos. Nos dois últimos anos, ao menos 21 mil soldados sofreram violência sexual. Atualmente, um militar da ativa se mata a cada 24 horas. E um veterano, segundo o Department of Veterans Affairs, tira a própria vida a cada 80 minutos. Do início da Guerra do Afeganistão, em 2001, até 10 de junho deste ano, mais combatentes se suicidaram (2.676) do que morreram em atividades bélicas (1.950) no país asiático.
Dor. No filme, a fuzileira naval Ariana Klay e Kori, da Guarda Costeira, com o marido Roth. Foto: Cinedigm/Docurama Films
Apesar de os números alertarem para a gravidade da situação, as Forças Armadas estão perdendo a batalha contra essas duas ameaças. Segundo uma reportagem da revistaTime, citada no plenário do Congresso dos Estados Unidos, os militares “não conseguem vencer o seu inimigo mais insidioso”. “Esse problema talvez seja o desafio mais frustrante com o qual me deparei desde que fui nomeado secretário de Defesa”, admitiu Leon Panetta, em entrevista recente. A mesma dificuldade é vista no combate aos estupros de soldados, ­sendo do sexo feminino a maioria das vítimas. O belicismo, o espírito de corpo, o respeito cego à hierarquia e o medo de ameaça à promoção na carreira inibem o pedido de ajuda. Mesmo aqueles que procuram auxílio são ignorados pelos superiores.
“Instituições poderosas preferem acobertar crimes a admiti-los”, diz o do­cumentarista Kirby Dick a ­CartaCapital. “Podemos confirmar esse tipo de reação com o atual esforço da Igreja Católica para esconder os casos de abuso sexual cometidos por clérigos.” Dick é o diretor deThe Invisible War (A Guerra Invisível, em tradução livre), filme muito comentado durante o Human Rights Watch Film Festival, realizado em Nova York há cerca de um mês, e ganhador do prêmio de melhor documentário segundo a audiência no Sundance Film Festival. O longa-metragem, cuja exibição no Brasil a HBO Latin America ainda negocia, mas que estará disponível em DVD nos Estados Unidos a partir de 23 de outubro, apresenta entrevistas com 12 militares mulheres decididas a falar sobre a violência sexual contra elas.
O filme mostra que as combatentes em zonas de guerra correm um risco maior de ser estupradas por um colega do que de morrer sob fogo inimigo. A frequência desse tipo de violência entre os militares é o dobro na comparação com a da sociedade civil. Mas apenas 8% dos casos são levados a julgamento. Desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), mais de 500 mil militares foram estuprados. “Instituição mais poderosa dos Estados Unidos, as Forças Armadas transformaram em política não oficial a negação das acusações, o descrédito das vítimas, a classificação dos críticos como antipatrióticos e a ameaça implícita de cancelamento de contratos com entidades privadas que sabem dos delitos.”
Existem duas fortes razões para que esse crime sexual tenha sido ignorado por décadas, segundo Dick. “Quem está servindo não tem permissão de falar com jornalistas sem o consentimento dos superiores. De acordo com uma decisão tomada pela Suprema Corte em 1955, ninguém pode processar as Forças Armadas por crimes cometidos enquanto estiver em serviço.” Para o documentarista, se as vítimas de estupro pudessem ir à Justiça, muitos crimes seriam evitados ou, ao menos, revelados, pois atualmente “a chance de o público saber é muito pequena”.
Após a exibição de The Invisible War em Sundance, no início deste ano, Leon Panetta anunciou a criação de uma ­unidade de atendimento especial às vítimas de estupro em cada ramo das Forças Armadas. O documentário segue a linha de outros trabalhos de Kirby, cineasta sem receio de tomar partido quando ataca a hipocrisia e os desmandos de poderosos e instituições. Em Outrage (2009), indicado a um Emmy, ele tratou de políticos republicanos que são homossexuais enrustidos, mas votam contra leis como a do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ao confrontar os abusos sexuais do clero católico em Twist of Faith (2004), indicado ao Oscar de melhor documentário, o diretor acompanhou os efeitos da decisão de Tony Comes de tornar público um trauma pessoal. Comes decidiu fazer isso após descobrir ser vizinho do padre que o estuprou 20 anos antes, quando era adolescente.
Vítima. A aviadora Jessica Hinves em cena de The Invisible War
Kirby teve a ideia de dirigir The Invisible War após ler The Private War of Women Soldiers (A Guerra Privada das Mulheres Militares), uma reportagem de Helen Benedict publicada pelo website noticioso Salon em 2007 e transformada em livro dois anos depois. Durante a produção do filme, Kirby e a sua equipe descobriram em primeira mão o acobertamento contínuo de numerosos casos de assédio e violência sexuais em Marine Barracks, em Washington, D.C., posto mais antigo dos fuzileiros navais norte-americanos onde fica o alto comando dessa força de elite.
O documentarista conta ter enfrentado vários obstáculos para produzir The Invisible War. “Convencer vítimas de estupro a falar para a câmera a respeito da sua experiência foi um desafio significativo.” Ele teve a ajuda de psicólogos, advogados e jornalistas para localizar e entrevistar mais de cem mulheres. Conversou também com especialistas que atuaram para a Justiça Militar e comentaram “os procedimentos enviesados e ineficazes de investigação e julgamento”.
O diretor delegou a tarefa de ­entrevistar as vítimas para Amy Ziering, produtora do filme. “Decidimos que Amy conduziria as entrevistas, porque as mulheres se sentem mais confortáveis para relatar a violência sexual a outra mulher.” Segundo o documentarista, a reconstituição do trauma em palavras e diante de terceiros era uma forma de enfrentar o medo de represália pelo alto-comando, contrário à revelação dos crimes. “Relatar o estupro ­para quem tinha consciência da gravidade da situação foi reconfortante.” Kirby conta que o marido de uma das vítimas ­disse não compreender o estado emocional da companheira até assistir aThe Invisible War. “Ao perceber que a reação da sua esposa era similar à das outras vítimas, ele foi capaz de assimilar a experiência dela.”
A maioria das mulheres estupradas por colegas culpa a si mesma, pois acredita ser, de alguma maneira, responsável pelos ataques sexuais. Mesmo quando prejudicados, os militares são relutantes em se rebelar contra uma instituição que aprenderam a admirar, diz Dick. Em muitos casos, a carreira militar fora antes seguida por avós e pais. Além de sofrerem de estresse pós-traumático e agorafobia, as entrevistadas de The Invisible War confessaram ter considerado ou tentado o suicídio em várias ocasiões.
De acordo com estatísticas do Departamento de Defesa, 95% dos militares suicidas são homens, 83% tiraram a própria vida em território norte-americano e 47% têm menos de 25 anos. Ao menos um terço dos que se matam nunca lutou em uma guerra. Um dos casos mais recentes envolve o julgamento e a absolvição do sargento Adam H. Holcomb pela morte do soldado Danny Chen. Em 2011, enquanto servia no Afeganistão, Chen disparou um tipo na cabeça após sofrer maus-tratos de Holcomb e reclamar de perseguição dos seus companheiros.
Quando tratou da onda de suicídios nas Forças Armadas, a revista Time contou em detalhes as histórias de dois militares. Michael McCaddon, médico, sofria de depressão e se enforcou em uma sala do hospital onde trabalhava, no Havaí. Após rea­lizar 70 missões no Iraque em nove meses, Ian Morrison, piloto de helicóptero, voltou aos Estados Unidos. Ele teve dificuldade para se adaptar à rotina. Matou-se com um tiro no pescoço. Os dois vinham desenvolvendo carreiras promissoras antes de se suicidarem, por coincidência, no mesmo dia: 21 de março deste ano.
Incentivados por suas esposas, tanto McCaddon quanto Morrison procuraram a ajuda dos superiores, apesar do medo de essa atitude comprometer possíveis promoções. Seus pedidos foram desprezados. O alto-comando atribuiu os distúrbios psicológicos dos dois militares a problemas familiares. Ambos estavam satisfeitos com as suas vidas profissionais, segundo a interpretação oficial. Essa negligência se ­reflete em cifrões. Por ano, o Pentágono destina apenas 2,1 bilhões de dólares (4% das suas verbas médicas) ao tratamento de doenças mentais. A situação pode piorar com o corte de 500 bilhões de dólares no orçamento da Defesa previsto para janeiro de 2013.
Os suicídios de McCaddon e Morrison desafiam as explicações fáceis. Ambos mostravam sentir vergonha de si mesmos, relatam as esposas. Diziam não estar à altura da sua vocação. Os dois padeceram às avessas da loucura de Travis Bickle. Protagonista de Taxi Driver (1976), filme de Martin Scorsese, Bickle (Robert De Niro) é um fuzileiro naval e veterano da Guerra do Vietnã. Após voltar do campo de batalha com honrarias, ele passa a viver em Nova York, onde trabalha à noite como taxista, pois não consegue dormir. Cada vez mais isolado, vê a sua saúde mental se deteriorar na cidade que considera um esgoto a céu aberto. Ele conhece Iris (Jodie Foster), prostituta de 12 anos, e decide matar os cafetões que exploram a adolescente. Promove uma carnificina e é tratado como herói pelos jornais. Bickle atribuía aos outros a origem dos seus problemas. Ele se considerava um anjo vingador. McCaddon, Morrison e milhares de outros militares norte-americanos pensavam o contrário e se puniram por isso.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012


A guerra se transformou no século XX em uma indústria que movimenta bilhões. Um máquina que necessita ser alimentada a todo momento com destruições, muito sangue e mortes. A 1ª Guerra Mundial marca o avanço na tecnologia da morte, que passou a ser superada em cada conflito seguinte e hoje gera lucros contados em trilhões de dólares ao ano. Um gasto gigantesco em destruir o "inimigo" e depois "ajudar" na reconstrução. Uma hipocrisia que continua sendo vendida e mantida ao longo deste século XXI e pelo jeito não irá terminar tão cedo. Mais quantos Vietnãs ou Hiroshimas serão precisos para a humanidade investir seus recursos em salvar vidas, ao invés de promover extermínios? 


Cinquenta anos depois, Vietnã e EUA iniciam limpeza conjunta do "agente laranja"

A arma química afetou pelo menos 3 milhões de vietnamitas e continua a provocar doenças no país


Helicóptero militar dos EUA espalha o agente laranja em floresta durante a Guerra do Vietnã. 
Cinquenta anos depois de seus aviões militares jogarem 80 milhões de litros do agente laranja nas áreas rurais do Vietnã, os Estados Unidos iniciaram um projeto de limpeza nesta quinta-feira (09/08) em conjunto com o governo do país. 
O herbicida tóxico será removido de uma antiga base militar norte-americana na cidade de Damang. Pelo menos 73 mil metros cúbicos de solo serão escavados e colocados em tanques de alta temperatura para remover a dioxina, substância tóxica insolúvel em água e de longa decomposição. Por isso, autoridades norte-americanas e vietnamitas estimam que o projeto levará quatro anos para remover o agente laranja da área.


O esforço é visto como um passo para remover tensões diplomáticas entre os países num momento em que o governo norte-americano disputa o poder de influência com a China no Sudeste Asiático. “Nós estamos movendo a terra para enterrar nossos legados do passado”, disse David Shear, embaixador dos EUA em uma cerimônia perto da antiga base militar, citado pelo jornal The Guardian

Apesar do investimento de 49 milhões de dólares, muito mais será necessário para acabar com as marcas que o agente laranja deixou na sociedade vietnamita. Por conta da alta concentração de dioxina, este herbicida pode causar doenças como câncer, deficiências genéticas e outros problemas. Segundo estimativas da Cruz Vermelha, a saúde de pelo menos três milhões de vietnamitas já foi afetada em decorrência da exposição à substância, que continua a prejudicar a sociedade local.
O composto entrou na cadeia alimentar humana do país por ter infectado plantações e animais e ainda continua presente em diversas áreas rurais do país. Uma família de vietnamitas que mora perto da antiga base militar descobriu nesta semana que todos os seus membros possuem alto nível de dioxina em seu sangue, informou o jornal Huffington Post.
O arame farpado e o grande muro de concreto que cercam a antiga base em Danang não impedem que o cheiro da substância química se espalhe pelos arredores e ao que tudo indica, também não foram suficientes para impedir a contaminação de outras plantações, animais e pessoas. Em 2016, a região pode estar à salva, mas muitas outras bases utilizadas pelos EUA durante a guerra e áreas bombardeadas durante a guerra, ainda não.
Operação de guerra
No período de 1961 a 1971, tropas norte-americanas espalharam cerca de 80 milhões de litros de agente laranja sobre o território vietnamita por meio de aviões e caças. A operação, conhecida como Ranch Hand, tinha como objetivo matar as plantas nas florestas, de modo que os vietcongues não pudessem mais se esconder nas áreas rurais e encontrassem dificuldade para se alimentar. 
Fabricadas pelas multinacionais Monsanto e Dow Chemical, que ainda permanecem ativas no mercado, a substância é uma mistura de dois herbicidas que apresentam elevados teores da dioxina tetraclorodibenzodioxina, extremamente tóxica à saúde humana. 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Woodstock: em um 15 de agosto....

Woodstock foi ao mesmo tempo um fim e um início. O Festival, que completa 40 anos, entrou para a história como o primeiro mega-evento da era do rock e mostrou que os jovens tinha força e poder. Porém, ele marcou o fim de uma era onde se acreditava que a paz e amor reinariam e que todos viveríamos em um mundo anti-materialista e solidário. Assim, o que era pra ser o pontapé inicial para uma nova ordem não se concretizou. 

Mas Woodstock foi muito mais que isso. Os "três dias de paz e música", ainda perduram. Quando em 1970 o filme documentário foi lançado, jovens de inúmeros países que não recebiam grandes shows - incluindo o Brasil - tiveram um gostinho da coisa. Assim cenas "hippies" locais foram surgindo, quando nos Estados Unidos o clima já estava bem mais paranóico com a cocaína e a heroína tomando o lugar do que antes era LSD e maconha.

Do ponto de vista musical Woodstock também deixou sua marca. Quem viu o filme (que tinha um ainda desconhecido Martin Scorsese na equipe técnica) não se esquece de The WhoTen years AfterJimi Hendrix e Joe Cocker

Enfim, se alguma vez na vida você já se viu em um descampado lotado, cheio de lama, gente bêbada e um palco com diversas atrações já sabe a quem deve agradecer (ou culpar): um evento acontecido há mais 40 anos na cidade de Bethel (sim, apesar do nome o festival não ocorreu na cidade de Woodstock, que na época tinha virado refúgio para Bob Dylan e outros nomes de ponta do rock).

1º Dia - 15 de Agosto de 1969

Divulgação
Vaga-lume letras
Richie Havens
O primeiro dia do festival foi dedicado á folk music.
O primeiro a subir ao palco foi Richie Ravens e seu jeito peculiar de tocar violão usando o polegar da mão esquerda.

Richie ficou imortalizado com a canção Freedom que segundo ele foi composta no ato, ali mesmo.

O resto do dia teve ainda o filho da lenda maior do folk Woody GuthrieArlo Guthrie, o indiano Ravi Shankar e Joan Baez que subiu ao palco grávida de seis meses e supriu, um pouco, a ausência de Bob Dylan.

Ainda durante o dia artistas bastante influentes, ainda que pouco conhecidos, também se apresentaram, como Tim Hardin e Bert Sommer cujas performances ficaram de fora do filme do evento (no caso do primeiro aparentemente porque o show foi um desastre graças ao elevado grau de intoxicação do músico).

2° Dia - 16 de Agosto de 1969

Divulgação
Vaga-lume letras
The Who
O dia mais roqueiro do festival teve The Who tocando sua ópera-rock Tommy e o guitarrista Pete Towshend quebrando sua guitarra na cabeça do agitador político Abbie Hoffman, Sly and the Family Stone mostrando que negros e brancos podiam curtir o mesmo som com sua mistura poderosa de rock, soul, funk e psicodelia, Santana apresentando ao mundo seu rock com influência latina e, às seis da manhã, os reis do rock psicodélico Jefferson Airplane deixando todo mundo ainda mais acordado.

Houve também momentos mais calmos como John Sebastian que sequer estava escalado pra tocar (ele subiu ao palco enquanto a equipe resolvia um problema técnico)e dedicou uma canção para uma criança que acabara de nascer ali mesmo. 

Outro momento que entrou para a história foi Country Joe McDonald entoando o clássico anti-guerra Feel Like I'm Fixing To Die Rag.

E isso porque nem falamos de Janis JoplinCreedence Clearwater Revival e Grateful Dead cujos shows ficaram de fora do filme original - em vários casos porque os empresários não deixaram ou porque as bandas não ficaram satisfeitas com suas performances.

Pelo menos a performance do Canned Heat ficou registrada e assim podemos ver a banda com o guitarrista Alan "Blind Owl" Wilson, que um ano depois morreu vítima de uma overdose.

3° Dia - 17 de Agosto de 1969

Divulgação
Vaga-lume letras
Jimi Hendrix
O último dia de Woodstock foi prejudicado pela chuva torrencial que parou a festa por quase toda a tarde. Por conta disso os shows rolaram durante toda a manhã de segunda feira.


Os momentos mais marcantes se deram curiosamente logo no começo e no fim da maratona. Joe Cocker foi o primeiro a subir ao palco. Sua versão de With A Little Help From My Friends dos Beatles foi um dos pontos altos de Woodstock. Na verdade podemos até dizer que a imagem do cantor se esgoelando e mexendo os braços é uma das imagens mais marcantes do século 20.
Na ponta final do festival estava Jimi Hendrix, que subiu ao palco quando quase todo mundo já tinha ido (ou tentado ir) embora. Esses devem estar entre as pessoas mais arrependidas do planeta, já que perderam a chance de contar pros netos que viram o guitarrista (outro que também morreria no ano seguinte) fazendo a sua emblemática execução do Hino Nacional Americano (com direito a simulação de bombas e tiros).


Entre Cocker e Hendrix o público ainda curtiu muito blues rock com Ten Years After, Paul Butterfield Blues Band e Johnny Winter, psicodelia com Country Joe and the Fish e a música inclassificável de Crosby, Stills, Nash and Young e The Band



Adaptado de http://www.vagalume.com.br/especiais/woodstock-40-anos.html#ixzz23cTEvv41





fotos festival woodstock

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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Antes que seja tarde por Sergio Vaz 

Se não fosse tão covarde acho que o mundo seria um lugar melhor pra viver. Não que o mundo depende só de mim para ser melhor, mas se o medo não fosse constante ajudaria as milhares de pessoas que agem pelo mundo como centelhas tentando criar uma labareda que incendiasse de entusiasmo a humanidade. Mas o que vejo refletido no espelho é um homem abatido diante das atrocidades que afetam as pessoas menos favorecidas. Porque se tivesse coragem, não aceitaria as crianças passarem fome, frio e abandono nas calçadas, essas que parecem fantasmas, nos assustam nos semáforos com armas na mão, nos pedem esmolas amontoadas em escolas que não ensinam, e por mais que elas chorem, somos imunes a essas lágrimas.
Sou um covarde diante da violência contra a mulher, da violência do homem contra o homem que só no Brasil são 50000 deles arrancados à bala do nosso pacífico planeta. Que dizer da violência contra os homossexuais que são apedrejados nas calçadas das avenidas elegantes?
E porque os índios estão tão longe da minha aldeia e suas flechas não atingem meus olhos nem meu coração, não me importo que lhe tirem suas terras, sua alma, seus rios, e analfabeto de solidariedade não sei ler sinais de fumaça, eles fazendo guerra, eu fumando o cachimbo da paz. Se tivesse um nome indígena seria cachorro medroso. 
Se fosse o tal ser humano forte que alardeio por aí, não concordaria em aceitar famílias inteiras sem ter onde morar, vagando em busca de terra. Não nasci na favela, mas meu coração é de madeira, fraco. 
A lei condena um home comum que rouba outro homem comum e o enterra na masmorra moderna, mas nada faz contra aquele político corrupto que rouba milhares de pessoas apenas com uma caneta, ou duas, e que de quatro em quatro anos a gente aperta-lhes a mão, quando na verdade devíamos cuspir-lhe na cara. E eu, como juiz sem martelo, não faço nada além de condená-lo ao meu não voto. É pouco, já que sei onde eles se entocam. A lei é cega, mas acho que lhe fizeram transplante de órgãos numa dessas votações secretas. 
Assisto a falência da educação e o massacre contra os professores e sei que muitas vezes o resultado do ensino de qualidade mínima é presídio de segurança máxima, fico em silêncio quando  a multidão desinformada pede redução da maioridade penal, porém, mal ela sabe que se não educarmos nossas crianças vão ter que prendê-las com 16 anos, depois 14, depois 12, depois, não teremos mais crianças nas ruas. E elas, as ruas, serão tão seguras que a gente vai sentir falta das crianças. Época em que os brinquedos serão visitados nos museus. 
Calado assisto a falsa democracia deste país ilegal, sem alvará de funcionamento e sem licença para ser pátria, e em emociono com o hino nacional cantado antes do jogo da seleção canarinho. 
Perdoe-me por apenas ser poeta, e ter apenas poemas como arma, ainda que ninguém me diga, sei que isso é muito pouco, quase nada. O sangue que pulsa na veia tinha que estar nos olhos. O Mundo gosta das pessoas neutras, mas só respeita as que tem atitude. Se não posso mudar o mundo deveria mudar a mim mesmo. Acho que é isso que vou fazer agora. Antes que seja tarde. 

Fonte: Caros Amigos, Ano XVI, nº 184, julho 2012, p.15

quarta-feira, 1 de agosto de 2012


A Bolívia demonstra uma preocupação com suas comunidades originais, ao buscar sobreviver frente a cultura do consumismo e individualismo
 dos tempos atuais.
Independente da visão ou opção política do presidente Evo Morales, o governo busca reforçar a identidade boliviana e negando as forças internacionais que buscam massificar os gostos, costumes e interesses. Uma opção política e social, de um dos países mais pobres da América e sua pobreza é fruto da exploração sofrida nos últimos séculos, por países europeus ou os EUA. Uma iniciativa, que antes de ser julgada, merece ser conhecida e analisada. 

Ministro boliviano anuncia falência de McDonald's e prevê extinção da Coca-Cola


Segundo chanceler, decisão faz parte das celebrações do fim do calendário maia


01/08/2012 - 10h55 | Redação | São Paulo

Como resultado da oposição de Evo Morales ao que seu governo chama de imposições gastronômicas norte-americanas, McDonald’s e Coca-Cola encerrarão todas as suas atividades na Bolívia até o final deste ano.
Se, de um lado, a rede de fast foods McDonald’s anunciou sua falência após “14 anos de tentativas infrutíferas de se instalar na cultura local”, de outro, a Coca-Cola foi formalmente expulsa do território e terá até o próximo dia 21 de dezembro para encerrar totalmente sua operação.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, a decisão “estará em sintonia com o fim do calendário maia e fará parte das celebrações do fim do capitalismo e do início da cultura da vida”.
Ao lado do presidente Evo Morales, o chanceler acrescentou que "o dia 21 de dezembro de 2012 marca o fim do egoísmo e da divisão”. Por essa razão “o 21 de dezembro tem que ser o fim da Coca Cola e o começo do mocochinche (refresco de pêssego)”.
Além de critérios culturais, o governo também recorreu a questões de saúde pública, alegando que a Coca Cola, bem como a maioria dos refrigerantes industrializados, contém diversas substâncias capazes de gerar infartos e câncer.
Com a falência dos oito restaurantes que existiam no país, a Bolivia se tornará a segunda nação latino-americana a não possuir unidades do McDonald's e o primeiro país do mundo onde a companhia foi obrigada a fechar por conta de mais de uma década de contabilidade negativa. O primeiro país a extinguir a maior rede de fast-foods do mundo no continente foi Cuba.
A disputa entre Morales e Coca-Cola começou nos primeiros meses de 2010, quando o presidente anunciou o lançamento de uma bebida totalmente boliviana, a Coca-Colla. O projeto tinha como objetivo legitimar o consumo da folha de coca.
No que diz respeito ao caso do McDonald's, o modelo produtivista dos fast-foods nunca prosperou na Bolívia. No país, são muito fortes rituais gastronômicos que vão desde a decisão do que as famílias irão comer até o preparo conjunto dos alimentos.