Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!

Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!



sábado, 29 de dezembro de 2012

Desde a "Revolução de 1959", quando Fidel Castro, Che Guevara e outros combatentes, derrubaram do poder o presidente Fulgêncio Batista, aliado dos EUA, Cuba buscou afastar-se do capitalismo, adotando o socialismo, ao mesmo tempo que foi alvo das tentativas de golpe e de um bloqueio econômico que dura algumas décadas. 

Com o advento da internet, muita da insatisfação de grupos cubanos, contrários as ideias implementadas pelo governo de Cuba, vem denunciando as dificuldades e as repressões existentes na ilha. Um exemplo atual é da blogueira Yoani Sánchez, que ganhou repercussão e atenção da mídia internacional, pelos seus ataques ao regime cubano. 

Mas sempre é importante nos atentarmos aos dois lados da história, o que ocorre com a matéria reproduzida na sequência. Não estamos aqui defendendo as políticas de Cuba, nem atacando a blogueira, mas sim buscando compreender como a mídia atualmente não enxerga os vários lados, sempre em nome da defesa da democracia, como se esta fosse a última salvação da humanidade. Por que a blogueira não questiona o embargo e todos os prejuízos ao povo cubano? 

Por que a blogueira defende a volta a exploração capitalista? Será que a blogueira desconhece a história cubana e de como a ilha era um paraíso de jogos de azar e prostituição, para o deleite dos homens estadunidenses?  Questões, para pensarmos, e não julgarmos e condenarmos. 


"La Dolce Vita" de Yoani Sánchez em Cuba

Ao contrário do que afirma, dissidente possui padrão de vida inacessível para a imensa maioria dos cubanos

28/12/2012 - 13h24 | Salim Lamrani*| Paris


Ao ler o blog da dissidente cubana Yoani Sánchez, é inevitável sentir empatia por esta jovem mulher, que expressa abertamente sua oposição ao governo de Havana. Descreve cenas cotidianas de privações e de penúrias de todo tipo. “Uma dessas cenas recorrentes é a de perseguir os alimentos e outros produtos básicos em meio ao desabastecimento crônico de nossos mercados”, escreve em seu blog Generación Y. [1]

De fato, a imagem que Yoani Sánchez apresenta dela mesma – uma mulher com aspecto frágil que luta contra o poder estatal e contra as dificuldades de ordem material – está muito longe da realidade. Com efeito, a dissidente cubana dispõe de um padrão de vida que quase nenhum outro cubano da ilha pode se permitir ter. 

Mais de seis mil dólares de renda mensal.
A SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), que agrupa os grandes conglomerados midiáticos privados do continente, decidiu nomeá-la vice-presidente regional de sua Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação [2] por Cuba. Sánchez, que como de costume, é tão expressiva em seu blog, manteve um silêncio hermético sobre seu novo cargo. Há uma razão para isso: sua remuneração. A oposicionista cubana dispõe agora de um salário de seis mil dólares mensais, livres de impostos. Trata-se de uma renda bastante alta, habitualmente reservada aos quadros superiores das nações mais ricas. Essa importância é ainda maior considerando que Yoani Sánchez reside em um país de Terceiro Mundo em que o Estado de bem-estar social está presente e onde a maioria dos preços dos produtos de necessidade básica está fortemente subsidiada.

Em Cuba, existe uma dupla circulação monetária: o CUC e o CUP. O CUC representa aproximadamente 0,80 dólares ou 25 CUP. Assim, com seu salário da SIP, Yoani Sánchez dispõe de uma renda equivalente a 4.800 CUC ou a 120.000 CUP.

O poder aquisitivo de Yoani Sánchez
Avaliemos agora o poder aquisitivo da dissidente cubana. Assim, com um salário semelhante, Sánchez poderia pagar, a escolher:
- 300.000 passagens de ônibus;
- 6.000 viagens de táxi por toda Havana [3]
- 60.000 entradas para o cinema;
- 24.000 entradas para o teatro;
- 6.000 livros novos;
- 24.000 meses de aluguel de um apartamento de dois quartos em Havana [4]; 
- 120.000 copos de garapa (suco de cana);
- 12.000 hambúrgueres;
- 12.000 pizzas;
- 9.600 cervejas;
- 17.142 pacotes de cigarro;
- 12.000 quilos de arroz;
- 8.000 pacotes de macarrão;
- 10.000 quilos de açúcar;
- 24.000 sorvetes de cinco bolas;
- 40.000 litros de iogurte;
- 5.000 quilos de feijão;
- 120.000 litros de leite (caso tenha um filho de menos de 7 anos);
- 120.000 cafés;
- 80.000 ovos;
- 60.000 quilos de carne de frango;
- 60.000 quilos de carne de porco; 
- 24.000 quilos de bananas;
- 12.000 quilos de laranja;
- 12.000 quilos de cebola;
- 20.000 quilos de tomate;
- 24.000 tubos de pasta de dente;
- 24.000 unidades de sabão em pedra;
- 1.333.333 quilowatts-hora de energia [5]; 
- 342.857 metros cúbicos de água potável [6]; 
- 4.800 litros de gasolina;
- um número ilimitado de visitas ao médico, dentista, oftalmologista ou qualquer outro especialista da área de saúde, já que tais serviços são gratuitos;
- um número ilimitado de inscrições a um curso de esporte, teatro, música ou outro (também gratuitos).

Essas cifras ilustram o verdadeiro padrão de vida de Yoani Sánchez em Cuba e dão uma ideia sobre a credibilidade da opositora cubana. Ao salário de seis mil dólares pagos pela SIP, convém agregar a renda que cobra a cada mês do diário espanhol El País, do qual é correspondente em Cuba, assim como as somas coletadas desde 2007.

Com efeito, no período de alguns anos, Sánchez recebeu múltiplas distinções, todas financeiramente remuneradas. No total, a blogueira recebeu uma retribuição de 250.000 euros, ou seja, 312.500 CUC ou 7.812.500 CUP, quer dizer, uma importância equivalente a mais de 20 anos de salário mínimo em um país como a França, quinta potência mundial.

A dissidente, que primeiro emigrou à Suíça depois de optar por voltar a Cuba, é bastante sagaz para compreender que o fato de adotar um discurso a favor de uma mudança de regime agradaria aos poderosos interesses contrários ao governo e ao sistema cubanos. E eles, por sua vez, saberiam se mostrar generosos com ela e permitiriam gozar da dolce vita em Cuba.

(*) Doutor em Estudos Ibéricos e Latinoamericanos pela Universidade Paris Sorbonne-Paris IV, Salim Lamrani é professor titular da Université de la Réunion e jornalista, especialista das relações entre Cuba e Estados Unidos. Seu último livro é intitulado Etat de siège: les sanctions economiques des Etats-Unis contre Cuba, París, Edições Estrella, 2001, com prólogo de Wayne S. Smith e prefácio de Paul Estrade. Contato: lamranisalim@yahoo.fr ; Salim.Lamrani@univ-reunion.fr  ; Facebook: https://www.facebook.com/SalimLamraniOfficiel 

Referências bibliográficas:
[1] Yoani Sánchez, “Atacado vs varejo”, Generación Y, 5 de junho de 2012. http://www.desdecuba.com/generaciony/ (site consultado em 26 de julho de 2012).
[2] El Nuevo Herald, “Yoani nomeada na Comissão da SIP”, 9 de novembro de 2012.
[3] De Havana Velha até o bairro Playa.
[4] 85% dos cubanos são proprietários de suas casas. Essa tarifa é reservada exclusivamente para os cidadãos cubanos da ilha.
[5] Até 100 quilowatt-hora, o preço é de 0,09 CUP a cada quilowatt-hora.
[6] 0,35 CUP por m³.

Fonte: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/opiniao/26285/la+dolce+vita+de+yoani+sanchez+em+cuba.shtml

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Mundo virtual ou mundo real? Mundo real ou virtual? 

As crescentes mudanças tecnológicas vem provocando mudanças no cotidiano das pessoas, especialmente aquelas que interagem na rede mundial de computadores e mantém suas páginas de redes sociais. 
Até que ponto a realidade virtual está se tornando real para estes usuários? Até que ponto as relações humanas passam a ser mediadas pelas novas tecnologias de informação? Que sociedade está se formando: mais solidária ou cada dia mais individualista? 
Questões que movem pesquisadores pelo mundo afora, discutindo os impactos destes processos na sociedade e no cotidiano. Você, consegue passar um dia sem acessar suas contas pessoais na internet? Ou você deixa de participar de alguma atividade para ficar conectado? Ou você não interage pessoalmente, preferindo o contato virtual? 


19/11/2012 - 03h30

Estudos reabrem debate sobre o impacto de redes sociais na vida das pessoas

ALEXANDRE ARAGÃO de SÃO PAULO

Qual o impacto das redes sociais na vida das pessoas? Elas nos aproximam ou nos afastam?
A discussão, que mobiliza acadêmicos desde que Orkut e Facebook se tornaram populares, ganhou novos capítulos recentemente, com o lançamento de dois livros de teorias opostas.
SOCIAL OU ANTISSOCIAL?
Ilustração Pablo Mayer
De um lado estão o sociólogo Barry Wellman, da Universidade de Toronto, e Lee Rainie, diretor do instituto Pew. Eles são autores de "Networked: The New Social Operating System" ("Em Rede: O Novo Sistema Social", sem edição em português), no qual defendem que esses sites são elementos de união.
Do outro lado, Andrew Keen, historiador, empreendedor pioneiro do Vale do Silício e autor de "Vertigem Digital", no qual procura explicar por que as redes sociais estão "dividindo, diminuindo e desorientando" seus usuários.

"REVOLUÇÃO TRIPLA"
Wellman e Rainie recorrem a pesquisas sobre o uso de tecnologia nos EUA, produzidas pelo instituto Pew, para argumentar que a sociedade está ficando mais integrada por três fatores, que eles definem como "revolução tripla".
Divulgação
O sociólogo Barry Wellman, professor da Universidade de Toronto e coautor de "Networked" ao lado de Lee Rainie
O sociólogo Barry Wellman, professor da Universidade de Toronto e coautor de "Networked" ao lado de Lee Rainie
O primeiro, do qual a web é peça-chave, é a substituição de grupos sociais coesos por redes interligadas entre si por vários indivíduos.
"No passado, as pessoas tinham círculos sociais pequenos, fechados, nos quais familiares, amigos próximos, vizinhos e líderes comunitários formavam uma rede de proteção e ajuda", escrevem os autores. "Este novo mundo de individualismo conectado gira em torno de grupos mais soltos e fragmentados que oferecem auxílio."
Segundo eles, completam essa "revolução" o aumento do acesso à banda larga e o uso disseminado de smartphones e tablets.
"Dizem que as redes sociais desagregam, mas não há nenhuma evidência sistemática de que isso esteja, de fato, ocorrendo", afirma Wellman, em videoconferência com a Folha.
Divulgação
O historiador Andrew Keen, autor de "Vertigem Digital"
O historiador Andrew Keen, autor de "Vertigem Digital"

PRISÕES DE LUXO
Já Andrew Keen utiliza como alegoria de sua tese uma prisão do castelo de Oxford que foi transformada em hotel cinco estrelas. Nela, um átrio central permitia que todos os prisioneiros fossem vigiados --hoje, as antigas celas viraram quartos luxuosos.
Para ele, assim são as redes sociais: parecem hotéis cinco estrelas, mas não passam de cadeias em que um preso vigia o outro constantemente. "Muito da minha conclusão foi derivado do meu próprio uso de redes sociais", afirma, por e-mail.
O uso que fazemos das redes sociais, diz, serve para nos manter ligados a nossas identidades virtuais, o que nos faz deixar de lado as reais.
Para Keen, uma frase de Sherry Turkle, professora do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), resume sua opinião: "Entramos em rede porque estamos ocupados, mas acabamos passando mais tempo com a tecnologia e menos uns com os outros".
*

AS REDES EM USO

273
é o número médio de amigos que os brasileiros têm em redes sociais
91%
dos brasileiros com acesso à internet têm perfis em alguma rede social
69%
dos adultos que usam internet nos EUA têm perfis em redes sociais
92%
é para quanto sobe a porcentagem entre a população de 18 a 29 anos
Fontes: comScore, Ibope Mídia e Pew Research Center
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/tec/1186647-estudos-reabrem-debate-sobre-o-impacto-de-redes-sociais-na-vida-das-pessoas.shtml

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Infelizmente a Faixa de Gaza novamente passa por momentos de violências e intolerância. Israel retoma sua política de opressão aos povos palestinas, gerando miséria, feridos e mortos, sempre em maior quantidade ao povo palestino. A força desproporcional do Exército israelense gera uma batalha desigual, sem a devida intervenção internacional. Uma omissão devido ao apoio dos Estados Unidos que mantém a política de apoiar o Estado de Israel. Um caminho que pode levar a um conflito em maior escala, devido a extensão do conflito e suas repercussões...

Objetivo do ataque é mandar Gaza para Idade Média, diz vice-premiê de Israel

EUA acusam palestinos de serem os responsáveis pelos bombardeios israelenses                                                               
17/11/2012 - 17h35 | Fillipe Mauro | Redação

Efe
O vice-primeiro-ministro de Israel, Eli Yishai, alegou neste sábado (17/11) que o objetivo da operação é “mandar Gaza de volta para a Idade Média” para que seu país “tenha tranquilidade por 40 anos”.
As declarações surgem no momento em que Israel faz seus últimos preparativos para uma invasão terrestre contra o território palestino. Ainda nesta madrugada, bombardeios da Força Aérea Israelense destruíram a sede do movimento de resistência Hamas e o gabinete do primeiro-ministro do país, Ismail Haniya.
Em Tel Aviv, centro financeiro e comercial de Israel, centenas protestaram contra a chamada “Operação Pilar Defensivo”, que eclodiu na última quarta-feira (14/11) com a morte do até então líder militar do Hamas, Ahmed Jabari.
Também neste sábado, um oficial de segurança e comunicação militar do governo dos EUA disse à imprensa que “os israelenses tomarão decisões táticas e operacionais sozinhos”. Segundo Ben Rhodes, o governo de Barack Obama “quer o mesmo que Israel”, isto é, “o fim do lançamento de foguetes de Gaza”.
Rhodes, que acompanha o presidente norte-americano Barack Obama em uma viagem pela Ásia colocou em dúvida as origens dessa nova série de conflitos e disse que é pouco provável que a tensão tenha surgido à partir da morte de Ahmed Jabari. "Achamos que o fator desencadeante do conflito foi o lançamento de foguetes procedentes de Gaza. Acreditamos que Israel tem o direito de se defender e de tomar suas próprias decisões", argumentou.
Efe
O gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu já autorizou que cerca de 75 mil oficiais israelenses da reserva sejam convocados pelas Forças Armadas. Números apurados por agências de notícias apontam que, após quatro dias de troca de agressões, já são 38 os palestinos mortos e três os israelenses.
Ataque bárbaro
O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Araby, pediu neste sábado que  todas as iniciativas para encerrar conflitos com Israel sejam revistas. No início de uma reunião extraordinária dos ministros árabes de Relações Exteriores no Cairo, ele destacou que "os crimes cometidos contra Gaza não podem ficar impunes porque são crimes de guerra" e considerou que os últimos atos de violência são "outros capítulos da ocupação israelense". Al Araby também concordou em viajar a Gaza nas próximas horas, chefiando uma delegação diplomática.
"Não haverá paz nem estabilidade enquanto a ocupação israelense continuar", destacou o secretário-geral da Liga Árabe, que pediu a união das diferentes frentes de resistência da Palestina.
Os chefes das diplomacias árabes devem analisar um projeto de resolução que condena "a permanente agressão israelense à Gaza". De acordo com fontes ouvidas pela Agência Efe, o mesmo documento julga a “Operação Pilar Defensivo” como "um ataque bárbaro, que fere princípios de legalidade internacional e de direitos humanos".
A reunião dos titulares das Relações Exteriores foi atrasada em algumas horas para aguardar a chegada do ministro tunisiano, Rafik Abdel Salam, ao Cairo. Ele repetiu o gesto de solidariedade do premiê egípcio Hisham Kandil e visitou a Faixa de Gaza.
O bloco apoia os esforços do Egito enquanto mediador do conflito e exigiu do Conselho de Segurança das Nações Unidas que trabalhe pela preservação da paz mundial (sua função primordial segundo a Carta de São Francisco, tratado fundador da ONU).
Uma das expectativas é de que os chanceleres presentes no encontro respaldem a ANP (Autoridade Nacional Palestina) em sua tentativa de recorrer à Assembleia Geral das Nações Unidas para obter o reconhecimento de Estado observador.
Fonte: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/25486/objetivo+do+ataque+e+mandar+gaza+para+idade+media+diz+vice-premie+de+israel.shtml

terça-feira, 20 de novembro de 2012


Construindo o Dia da Consciência Negra

O 20 de novembro trata da data do assassinato de Zumbi, em 1665, o mais importante líder dos quilombos de Palmares, que representou a maior e mais importante comunidade de escravos fugidos nas Américas, com uma população estimada de mais 30 mil. Em várias sociedades escravistas nas Américas existiram fugas de escravos e formação de comunidades como os quilombos. Na Venezuela, foram chamados de cumbes, na Colômbia de palanques e de marrons nos EUA e Caribe. Palmares durou cerca de 140 anos: as primeiras evidências de Palmares são de 1585 e há informações de escravos fugidos na Serra da Barriga até 1740, ou seja bem depois do assassinato de Zumbi. Embora tenham existido tentativas de tratados de paz os acordos fracassaram e prevaleceu o furor destruidor do poder colonial contra Palmares.


Há 32 anos, o poeta gaúcho Oliveira Silveira sugeria ao seu grupo que o 20 de novembro fosse comemorado como o "Dia Nacional da Consciência Negra", pois era mais significativo para a comunidade negra brasileira do que o 13 de maio. "Treze de maio traição, liberdade sem asas e fome sem pão", assim definia Silveira o "Dia da Abolição da Escravatura" em um de seus poemas. Em 1971 o 20 de novembro foi celebrado pela primeira vez. A idéia se espalhou por outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial e, no final dos anos 1970, já aparecia como proposta nacional do Movimento Negro Unificado.

A diversidade de formas de celebração do 20 de novembro permite ter uma dimensão de como essa data tem propiciado congregar os mais diferentes grupos sociais. "Os adeptos das diferentes religiões manifestam-se segundo a leitura de sua cultura, para dali tirar elementos de rejeição à situação em que se encontra grande parte da população afro-descendente. Os acadêmicos e os militantes celebram através dos instrumentos clássicos de divulgação de idéias: simpósios, palestras, congressos e encontros; ou ainda a partir de feiras de artesanatos, livros, ou outras modalidades de expressão cultural. Grande parte da população envolvida celebra com sambão, churrasco e muita cerveja", conta o historiador Andrelino Campos, da Faculdade de Formação de Professores, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Para a socióloga Antonia Garcia, doutoranda do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é importante que se conquiste o "Dia Nacional da Consciência Negra" "como o dia nacional de todos os brasileiros e brasileiras que lutam por uma sociedade de fato democrática, igualitária, unindo toda a classe trabalhadora num projeto de nação que contemple a diversidade engendrada no nosso processo histórico

Fonte: http://www.planalto.gov.br/seppir/20_novembro/noticias/not2.htm


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Fantasma da Energia Nuclear

O fantasma da energia nuclear ronda o mundo desde seu uso a partir da década de 1940. Seu uso para produção de energia elétrica ou como item bélico vem sendo questionado ao longo das últimas décadas e os desastres com este tipo de produto geram um grande impacto no meio ambiente bem como nos meios de comunicação.
E o Japão é assolado por este fantasma desde 1945, com as bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki. Recentemente o tsunami que devastou parte da costa japonesa (2011), levou ao colapso a usina nuclear de Fukushima e as previsões não são nada animadoras para os próximos anos, ou melhor décadas!

29/10/2012 - 15h19

Peixes de Fukushima podem ficar "não comestíveis por uma década"

FIONA HARVEY do "GUARDIAN"


Os peixes que vivem nas águas próximas à usina nuclear de Fukushima, no Japão, podem apresentar radiatividade elevada demais para consumo por ao menos uma década, revelam amostras que demonstram que os níveis de radiatividade permanecem elevados e mostram pouco sinal de queda.


De acordo com estudo publicado na edição da última quinta-feira (25) da revista "Science", as espécies de maior porte e as que vivem perto do piso do mar oferecem o maior risco, o que significa que bacalhaus, alabotes, julianas, raias e linguados das águas em questão terão seu consumo restrito por anos.
Kazuhiro Nogi/AFP
Centenas de manifestantes japoneses protestam em Tóquio contra a política energética nuclear do governo
Centenas de manifestantes japoneses protestam em Tóquio contra a política energética nuclear do governo

Amostras de peixes pescados nas águas próximas aos reatores desativados depois de um desastre sugerem que ainda existe uma fonte de césio no piso do mar ou ainda em descarga para as águas marinhas, talvez pelo resíduo da água usada no resfriamento do reator da usina. Como os níveis de isótopos radiativos nos peixes não estão caindo com a rapidez que deveriam, as perspectivas da pesca na área devem ser pobres pelos próximos dez anos, disse o autor do estudo ao "Guardian".

"Esses peixes podem ter de ficar proibidos por muito tempo. A coisa mais surpreendente para mim foi que os níveis [de radiatividade] nos peixes não estavam caindo. Os números deveriam estar muito mais baixos", disse Ken Buesseler, cientista sênior da Woods Hole Oceanographic Institution, nos EUA, e autor do estudo intitulado "Pescando Respostas ao Largo de Fukushima".
Ele disse que suas constatações --extraídas em parte de pesquisas japonesas e em parte de amostras de peixes obtidas na área-- demonstram como é difícil prever o resultado de um incidente nuclear tal como o de Fukushima. Em 2011, depois do terremoto e tsunami que atingiram o Japão em 11 de março e causaram a morte de quase 20 mil pessoas, os reatores nucleares da usina sofreram uma série de vazamentos de radiação causados pela falha de seus sistemas de refrigeração, e os trabalhadores da usina tiveram de trabalhar freneticamente para desativá-los. Foi o pior desastre nuclear no planeta desde o de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986.

Depois do incidente, o governo japonês tentou acalmar o temor do público baixando o nível de radiatividade que torna um peixe inapropriado para o consumo humano. Desde abril de 2012, só podem ser vendidos no Japão peixes que contenham menos de cem becqueréis de césio 134 e de césio 137 por quilo de peso, ante um limite anterior de 500 becqueréis.

Buesseler disse que isso havia acontecido não por conta de uma mudança nas recomendações científicas, mas porque o governo desejava reassegurar a população. "Não é um nível letal. Não estou tentando ser alarmista", disse. "Mas os níveis de radiatividade nos peixes testados são mensuráveis e consistentes. Representam uma pequena elevação de risco".

Ele acrescentou, porém, que comer grande quantidade desses peixes por prazos longos poderia ser prejudicial. Os peixes são parte mais importante da dieta no Japão do que em países como os Estados Unidos e Reino Unido.
Tradução de PAULO MIGLIACCI.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Os cidadãos, as armas e a Constituição dos Estados Unidos

Os Estados Unidos é uma das nações do mundo que apresenta a possibilidade de seus cidadãos adquirirem as armas necessárias para sua segurança, podendo ser um revólver, uma pistola, um fuzil.... o equipamento que o cidadão julgar ser preciso para sua defesa. Uma conquista da sociedade no seu processo histórico. 
Mesmo com os casos de atiradores que abrem fogo em escolas ou cinemas e acabam causando comoção, o debate sobre o desarmamento ainda é um tema que não ganha espaço, muito menos no período das eleições presidenciais. Dois motivos: um, confrontar a Constituição, considerada como sagrada nos EUA e o segundo, a quantidade imensa de lucro que está indústria gera anualmente e alimenta também as eleições.


Controle de armas é tema tabu para candidatos nos EUA

outubro 19th, 2012 | Posted by Sabrina Duran in Dallas

Durante o segundo debate entre Barack Obama e Mitt Romney, na terça-feira (16/10), foi levantada uma questão importante, mas que, curiosamente, quase não foi tocada pelos candidatos em suas campanhas e muito menos nas respostas que deram durante o debate: o controle da venda de armas e munição aos civis.

A pergunta, destinada primeiro a Obama e depois respondida por Romney, era “o que a administração dos democratas havia feito ou pretendia fazer para tirar das mãos da população as armas de assalto?”. O termo “armas de assalto” é utilizado nos Estados Unidos para designar armas com grande poder letal, capazes de disparar vários tiros em curto espaço de tempo e que podem ser recarregadas com facilidade. Em tese, essas armas seriam de uso específico militar, mas em muitos lugares do país podem ser compradas facilmente, inclusive pela internet.
Só nesse ano, os Estados Unidos tiveram seis assassinatos em massa cometidos por civis. Desde 1981, 61 ao todo. Os dados, analisados pela revista Mother Jones, mostram importantes similaridades entre os fatos: a maioria dos crimes foi cometida por civis que agiram sozinhos, em locais públicos, matando pelo menos quatro pessoas com armas e munições (muitas delas de uso militar) obtidas, em sua maioria, de forma legal.
A aura sacra da segunda emenda
Obama respondeu justificando que os EUA têm uma longa tradição de caça, esportes e de auto-defesa e que “acredita na segunda emenda da constituição americana”, de 1791, que garante aos cidadãos o direito de manter e portar armas. O democrata disse também que o governo precisava reforçar as leis de controle que já existiam e tratar de manter as armas longe das mãos dos criminosos.
Em seguida, Obama derivou para uma explicação sobre como reduzir a violência de modo geral por meio da educação aos jovens. Ao fim, a  resposta sobre como tirar as armas de assalto das mãos da população não veio, nem por meio de  Obama nem por Romney que, em sua resposta, concordou com o adversário.
A segunda emenda é vista como uma das maiores conquistas da democracia norte-americana, uma vez que o poder de polícia não é monopólio do Estado, e cada cidadão tem o direito de se defender como bem entender. Entre os republicanos ultra-conservadores do Tea Party, por exemplo, há uma espécie de devoção à emenda, que aparece em quinto lugar na lista de “15 crenças não-negociáveis” com o seguinte texto: “posse de armas é sagrado”.
Princípios que regem os ideais do movimento ultra-conservador Tea Party
Armados e protegidos
Outra convicção é que um cidadão que esteja portando sua arma no momento de uma agressão, e mesmo durante a ocorrência de um assassinato em massa, poderá evitar maiores tragédias se usar sua arma. Prova disso é que, logo após o assassinato de 12 pessoas por um jovem em um cinema de Aurora, no Colorado, em julho desse ano, as vendas de armas e a busca por registro para portá-las subiram 43% só naquele estado.
O poder da auto-defesa de quem carrega uma arma carece, sem dúvida, de dados empíricos que o comprove. Segundo a análise dos 61 assassinatos em massa analisados pela revista Mother Jones, nenhum deles foi impedido por cidadãos armados.
Para Stephen Hargarten, especialista em medicina de emergência e violência armada do Medical College de Wisconsin, não há evidência de que armar os norte-americanos ajudará a prevenir assassinatos em massa ou reduzir a carnificina. “Pelo contrário, há uma relação entre a proliferação de armas de fogo e o aumento de assassinatos em massa”. Os EUA possuem hoje cerca de 300 milhões de armas entre sua população de 308 milhões de habitantes.
Lobby da NRA e retrocesso
É uma tarefa complicada, portanto, convencer gestores públicos a tomarem medidas que, de alguma forma, restrinjam o acesso a armas e munições para a população civil. A dificuldade se dá tanto pela crença dos gestores nos benefícios democráticos da segunda emenda, mas, principalmente, porque eles sabem que os maiores defensores dela são também um dos maiores financiadores de campanhas políticas: a National Rifle Association (NRA).
Trata-se da maior organização do país de proteção da segunda emenda, que congrega mais de quatro milhões de membros e possui um lobby poderoso o suficiente no Congresso para fazer qualquer candidato à Presidência ganhar ou perder as eleições. De preferência, fazer ganhar Mitt Romney, a quem a organização apoia e financia abertamente.
Ainda segundo reportagem da Mother Jones, “desde 2009, a NRA e seus aliados nas capitais dos estados conseguiram empurrar 99 leis que tornaram mais fácil comprar e portar armas em público – sendo que oito estados agora até permitem armas em bares – e mais difícil para o governo rastrear”, diz o texto, com um importante detalhe no final: “mais de dois terços dessas leis foram aprovadas em legislaturas controladas por republicanos, embora geralmente com apoio bipartidário (dos democratas)”.
Aqui no Texas, por exemplo, segundo lei de 2001, “nenhum empregador público ou privado pode proibir seus empregados de manterem suas armas dentro de seus veículos estacionados”. Para conseguir a licensa de porte de armas por aqui é preciso preencher uma série de documentos do Texas Departament of Public Safety, pagar taxas e passar por um teste. Com a licensa conseguida, torna-se fácil comprar armas e munição em uma das diversas lojas da cidade ou online, mesmo as de uso exclusivo de militares.
No Novo México, a próxima parada desse blog, desde 2010 qualquer cidadão portando uma arma de forma não aparente pode entrar em restaurantes que vendam cerveja ou vinho. Já o estado da Virgínia, com ajuda da NRA, revogou uma lei existente que obrigava os vendedores de armas a enviarem aos órgãos responsáveis os registros de seus compradores. Além disso, o estado também ordenou a destruição dos registros já existentes.
Site de vendas de armas online aqui de Dallas/Texas
Até o fim dessas eleições – e mesmo depois, com a vitória de Obama ou Romney – será difícil ouvir qualquer gestor público falar, de forma aberta e concreta, sobre políticas de restrição de armas e munição, por mais que o aumento dos assassinatos em massa exija alguma medida. A NRA tem dinheiro, lobby e ideologia suficientes para silenciar até o futuro presidente da nação.



terça-feira, 9 de outubro de 2012

Devido as mudanças no mundo contemporâneo, Renato Russo reatualizou sua obra, no caso uma de suas músicas, pois estava preocupado em não ficar muito anacrônico. Segue abaixo o post, que merece uma leitura atenta...

Quanto mais Renato melhor

Esse dias, navegando no Facebook, deparei-me com inúmeras fotos de latinhas de Coca Cola, onde se via inscrito, no lugar do famoso logotipo, “Quanto mais Bruno melhor”. Cada post trazia a inscrição com um nome diferente “Quanto mais Carla melhor”, “Quanto mais Maurício melhor”.
A principio pensei que tais postagens eram o resultado da admiração de alguns pelo progresso atingido pela indústria de bebidas, que, nossa, agora é capaz de personalizar até uma lata de refrigerante. Depois, constatei que não era nada disso. As pessoas estavam ali simples e docemente relacionando seus nomes a marca que já foi o símbolo máximo do imperialismo americano. Participando gratuita e espontaneamente da campanha de marketing de uma das maiores companhias do mundo.
Imediatamente lembrei-me de minha canção Geração Coca-Cola, cujos versos mostram uma juventude, filha do golpe militar e da revolução dos anos 60, atenta, crítica e indignada em relação ao lixo cultural a que foi submetida desde a infância. Atitude bem de acordo com o espírito pós-punk do período em que a música foi composta.  Mas os tempo são outros. A letra de Geração Coca-Cola ficou completamente anacrônica. Por isso, pus-me a fazer a versão século XXI deste hino dos anos 80. Veja como ficou o update.

GERAÇÃO COCA-COLA ZERO


Quando nascemos fomos abençoados
A receber o que vocês
Nos ofertaram com os enlatados
Dos U.S.A., de nove às dez

Desde pequenos browseamos lixo
Comercial e o Viral
Mas agora chegou nossa vez
Vamos gravar na webcam o lixo de vocês

Somos os filhos da acomodação
Evangélicos com algum tostão
Somos o presente da nação venero
Geração Coca-Cola Zero

Depois de cabular a escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seus jogos sujos
Do Xbox e PS3

Não vou fazer o meu dever de casa
Porque senão eu não vou ver
Todos os torrents que eu baixei
Séries comédia com legendas em português

Somos os filhos da acomodação
Evangélicos com algum tostão
Somos o presente da nação venero
Geração Coca-Cola Zero
Geração Coca-Cola Zero
Geração Coca-Cola Zero
Geração Coca-Cola Zero

Eu tenho 20 e ainda tô na escola
Pois não consigo aprender
Mas deve ser porque eu navego muito
Não é assim que devia ser

Vamos fazer nossos vídeos em casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças enaltecendo reis
Fazendo paródias de clipes no cyberspace

Somos os filhos da acomodação
Evangélicos com algum tostão
Somos o presente da nação eu quero
Geração Coca-Cola Zero
Geração Coca-Cola Zero
Geração Coca-Cola Zero
Geração Coca-Cola Zero

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Neste dia 01 de outubro de 2012, a História teve uma grande perda, com o falecimento do historiador Eric Hobsbawm. A forma de compreender a História dos séculos XVIII ao XX, bem como a própria contemporaneidade, deve muito a esta pessoa!

Morre o historiador marxista Eric Hobsbawm aos 95 anos

Um dos principais intelectuais do século XX, sua obra é reconhecida mundialmente


O historiador, Eric Hobsbawm, desenvolveu pesquisas e estudos até os 94 anos, sendo responsável por extensa análise dos séculos XIX e XX e suas principais transformações

Um dos maiores historiadores do século XX e respeitado marxista, Eric Hobsbawm faleceu nesta segunda-feira (01/10) em Londres, aos 95 anos, segundo um comunicado de sua família divulgado em jornais britânicos. O estudioso deixou um amplo legado de pesquisas e análises sobre a história do mundo moderno a partir do viés marxista. 

O intelectual estava internado no hospital Royal Free e não resistiu a uma pneumonia.  Sua filha, Julia Hobsbawm, informou que o historiador estava passando por um longo período de doenças, mas não deu outros detalhes sobre seu quadro de saúde. 

"Ele fará falta não apenas para sua esposa há 50 anos, Marlene, e seus três filhos, sete netos e um bisneto, mas também por seus milhares de leitores e estudantes ao redor do mundo", acrescentaram seus familiares em comunicado. 

Responsável por obra de quatro volumes sobre a história contemporânea, Hobsbawm é considerado um dos principais historiadores dos séculos XIX e XX. Seus estudos abrangem de 1789, data da revolução francesa, a 1991 com a queda da União Soviética e enfatizam, sobretudo, as transformações políticas e sociais do mundo por meio de seus principais marcos históricos. 

O imperialismo das potencias sobre os continentes asiático e africano, a revolução russa e o estabelecimento dos regimes burgueses na Europa também foram objetos de estudo do marxista. 

Para o historiador Niall Ferguson, os livros “A Era da Revolução” (1789 – 1848), a “Era do Capital” (1848 – 1875), “A Era dos Impérios” (1875 – 1914) e “A Era dos Extremos (1914 – 1991) são “o melhor ponto inicial para qualquer pessoa que deseje começar a estudar a história moderna”.

O trabalho de Hobsbawm, no entanto, não se limitou a essa série de estudos e a idade parece não ter impedido o historiador de continuar com suas pesquisas e análises. Tendo em vista recentes acontecimentos mundiais como os atentados terroristas do 11 de setembro e a guerra dos Estados Unidos “contra o terror”, Hobsbawm publicou “Globalização, Democracia e Terrorismo” em 2007, uma compilação de palestras e conferências.

Em 2011, aos 94 anos, o historiador fez sua ultima contribuição e análise aos estudos do pensamento e da história marxista com o livro “Como mudar o mundo”. Prefácios, artigos, conferências e ensaios reunidos na obra explicitam a preocupação central do historiador em refletir sobre as transformações e nesse caso, sobre uma teoria que alicerça a revolução.

O historiador, de origem judaica, nasceu no ano de 1917 em Alexandria, no Egito, mas cresceu em Viena, capital austríaca, e em Berlim, capital alemã. Junto de sua família, se mudou para Londres em 1933 quando Hitler chegou ao poder na Alemanha. Hobsbawm desenvolveu seus estudos no King’s College, na capital britânica, e em Cambridge. Em 1947, começou a lecionar na Universidade de Birbeck, onde, anos depois, acabou por se tornar o reitor.

O posicionamento político de Hobsbawm era público e muito conhecido, pois, em plena Guerra Fria, ele se afiliou ao Partido Comunista britânico. O historiador disse, anos depois, que “nunca tentou diminuir as coisas que aconteceram na Rússia”, informou o jornal britânico Guardian. 

“Mas, acreditava que um novo mundo estava nascendo em meio a sangue, lagrimas e horror: revolução, guerra civil e fome. Por conta do colapso do Ocidente, nós tínhamos a ilusão de que mesmo que brutal, o sistema funcionaria melhor do que o ocidental. Era isso ou nada”, contou o historiador.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Violência contra a mulher: uma realidade macabra 

Embora a sociedade brasileira, nos diferentes cantos do país, tenha avançado em alguns sentidos, a questão que ao contrário de serem reduzidas, são ampliadas. 
É a macabra realidade da violência contra as mulheres que se mantém no país, com o aumento dos assassinatos nas últimas décadas. Conforme dados divulgados por estudos, o Brasil é o 8º colocado em uma lista de 84 países. Muito mais que uma questão numérica, esta macabra realidade demonstra como o machismo ainda está impregnado nas relações de gênero, com a ideia presente do homem ser o "dono" da mulher. Mais de 40% dos assassinatos contra a mulher ocorrem em suas residências.
Além dos assassinatos, as violências domésticas, também demonstram o quanto é alarmante a situação: violência não somente física, mas também psicológica. 
Com certeza as mulheres ganharam espaço na sociedade a partir das revoluções da década de 1960, mas as mentalidades ainda permanecem estacionadas em décadas anteriores, em grande parte dos homens, que se mantém numa fantasiosa posição de superioridade a mulher ou, como argumentam muitos, o "sexo frágil". Pode ser frágil frente somente a omissão ou ineficiência masculina e das instituições do Estado que deveriam trabalhar para o fim desta cultura machista e opressora. 

Brasil: número de assassinatos de mulheres continua a crescer

O Mapa da Violência mostra que as maiores taxas de vitimização de mulheres está no intervalo entre 15 e 29 anos, com ascendência para a faixa de 20 a 29, que é o que mais cresceu na década analisada
Por Natasha Pitts, da Adital - 17/08/2012 7:54 pm

Neste mês de agosto foi divulgada a atualização do Mapa da Violência 2012, com informações sobre homicídios de mulheres no Brasil. O documento, de autoria de Julio Jacobo Waiselfisz com o apoio do Centro Brasileiro de Estudos Latino-americanos (Cebela) e da Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso), foi produzido para somar esforços no enfrentamento à violência contra a mulher.
“O Mapa é um grito de alerta para as autoridades brasileiras É uma forma de mostrar que o problema é mais grave do que o que se imaginava. O Mapa da Violência atua como um termômetro e o que se vê é que a febre está muito alta e não sabemos qual a enfermidade”, aponta o autor do documento.
Os pais são identificados como agressores quase exclusivamente até os 9 anos das meninas (http://www.flickr.com/photos/66944824@N05/)
O Mapa da Violência atualizado incorporou dados de homicídios e de atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS), que no relatório anterior eram preliminares. O documento oferece informações de 1980 a 2010 sobre casos de assassinatos de mulheres, detalha a faixa etária das principais vítimas, os locais onde os crimes costumeiramente acontecem, os principais tipos de armas usadas e os estados brasileiros com as taxas mais elevadas de homicídios de mulheres.
Entre os dados mais relevantes descobertos após a atualização, Jacobo destaca o crescimento dos assassinatos de mulheres após 2010. “O Mapa preliminar mostrava que os homicídios femininos haviam estagnado, mas na verdade eles continuaram a crescer. E na atualidade esse aumento ainda segue. Mecanismos como a Lei Maria da Penha ainda não estão dando o resultado pretendido. Os esforços ainda são insuficientes para estagnar a espiral de violência contra a mulher”, denuncia o autor do Mapa da Violência, apelando para que se redobrem os trabalhos e esforços.
A gravidade deste problema está marcada também no contexto internacional. Em uma lista com 84 países, o Brasil está em 7º lugar nas taxas de homicídio feminino (4,4 em 100 mil mulheres) e perde apenas para El Salvador (10,3), Trinidad e Tobago (7,9), Guatemala (7,9), Rússia (7,1), Colômbia (6,2) e Belize (4,6).
“Há uma falta de consciência com relação ao problema e existe ainda a tolerância institucional que torna a vítima culpada. Existem mecanismos que justificam os crimes contra as mulheres, como por exemplo, dizer que algumas mulheres se vestem como vadias e por isso acabam sendo estupradas. É como se uma dose de violência contra a mulher fosse aceitável e até necessário”, critica o autor do Mapa, denunciando também que as instituições que deveriam proteger as mulheres não estão cumprindo seu papel.
Mapa da Violência em números
A partir de dados do Sistema de Informações de Mortalidade, da Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde – fonte básica para a elaboração do Mapa – registrou-se o assassinato de 92.100 mulheres no Brasil entre 1980 e 2010, 43,7 mil apenas na última década. O número de mortes em 1980 passou de 1.353 para 4.465 em 2010, cifras que representam aumento de 230%.

O Mapa mostra que as maiores taxas de vitimização de mulheres está no intervalo entre 15 e 29 anos, com ascendência para a faixa de 20 a 29, que é o que mais cresceu na década analisada. Já no grupo acima dos 30, a tendência foi de queda.
Estas mulheres continuam sendo vitimadas em sua residência (41%) e o principal instrumento utilizado são armas de fogo. Eles também são mortas com meios que exigem contato direto, como a utilização de objetos cortantes, penetrantes, contundentes e sufocação, deixando clara maior incidência de violência passional.
Os pais são identificados como agressores quase exclusivamente até os 9 anos das meninas e na faixa dos 10 aos 14, como principais responsáveis pelas agressões. A partir dos 10 anos, se sobressai a figura paterna como responsável pela agressão. Já com o passar dos anos, este papel vai sendo substituído pelo parceiro, namorado ou os respectivos ex, que predominam a partir dos 20 anos da mulher até os 59. A partir dos 60, os filhos são os responsáveis pela violência contra a mulher.
No Brasil, o Espírito Santo está no topo da lista de homicídios femininos. Sua taxa de 9,6 homicídios em cada 100 mil mulheres, mais que duplica a média nacional e quase quadruplica a taxa de Piauí, estado com o menor índice do país.