Construindo
o Dia da Consciência Negra
O 20 de novembro
trata da data do assassinato de Zumbi, em 1665, o mais importante líder dos
quilombos de Palmares, que representou a maior e mais importante comunidade de
escravos fugidos nas Américas, com uma população estimada de mais 30 mil. Em
várias sociedades escravistas nas Américas existiram fugas de escravos e
formação de comunidades como os quilombos. Na Venezuela, foram chamados de
cumbes, na Colômbia de palanques e de marrons nos EUA e Caribe. Palmares durou
cerca de 140 anos: as primeiras evidências de Palmares são de 1585 e há
informações de escravos fugidos na Serra da Barriga até 1740, ou seja bem
depois do assassinato de Zumbi. Embora tenham existido tentativas de tratados
de paz os acordos fracassaram e prevaleceu o furor destruidor do poder colonial
contra Palmares.
Há 32 anos, o poeta
gaúcho Oliveira Silveira sugeria ao seu grupo que o 20 de novembro fosse
comemorado como o "Dia Nacional da Consciência Negra", pois era mais
significativo para a comunidade negra brasileira do que o 13 de maio.
"Treze de maio traição, liberdade sem asas e fome sem pão", assim
definia Silveira o "Dia da Abolição da Escravatura" em um de seus
poemas. Em 1971 o 20 de novembro foi celebrado pela primeira vez. A idéia se
espalhou por outros movimentos sociais de luta contra a discriminação racial e,
no final dos anos 1970, já aparecia como proposta nacional do Movimento Negro
Unificado.
A diversidade de
formas de celebração do 20 de novembro permite ter uma dimensão de como essa
data tem propiciado congregar os mais diferentes grupos sociais. "Os
adeptos das diferentes religiões manifestam-se segundo a leitura de sua
cultura, para dali tirar elementos de rejeição à situação em que se encontra
grande parte da população afro-descendente. Os acadêmicos e os militantes
celebram através dos instrumentos clássicos de divulgação de idéias: simpósios,
palestras, congressos e encontros; ou ainda a partir de feiras de artesanatos,
livros, ou outras modalidades de expressão cultural. Grande parte da população
envolvida celebra com sambão, churrasco e muita cerveja", conta o
historiador Andrelino Campos, da Faculdade de Formação de Professores, da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Para a socióloga
Antonia Garcia, doutoranda do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e
Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é importante que se
conquiste o "Dia Nacional da Consciência Negra" "como o dia
nacional de todos os brasileiros e brasileiras que lutam por uma sociedade de
fato democrática, igualitária, unindo toda a classe trabalhadora num projeto de
nação que contemple a diversidade engendrada no nosso processo histórico
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