Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!

Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!



terça-feira, 31 de julho de 2012


A "crise" na Síria, como nomeiam alguns meios de comunicação, se arrasta e a imobilidade da comunidade internacional novamente é surpreendente. Enquanto outros países sofrem sanções e restrições, são invadidos, destruídos, a casos que o peso é diferente quando ocorrem as avaliações da ONU e os países membros.Reproduzo uma análise pertinente e, de certo modo, indignada de um correspondente da imprensa. Vale a pena a leitura e a pergunta a ser respondida: contra quem mesmo é essa imobilidade internacional? 


Guerra síria, de mentiras e hipocrisia


O verdadeiro alvo do Ocidente não é o regime brutal de Assad mas seu aliado, o Irã, e suas armas nucleares

30/07/2012 - 16h37 | Robert Fisk | The Independent | Beirut


Já houve uma guerra no Oriente Médio com tanta hipocrisia? Uma guerra com tanta covardia e imoralidade, falsa retórica e humilhação pública? Não estou falando sobre as vítimas físicas da tragédia síria. Estou me referindo às mentiras e enganações de nossos mestres e de nossa opinião pública — oriental e ocidental — em resposta à matança, à pantomima perversa que mais lembra uma sátira de Swift do que Tolstoy ou Shakespeare.
Enquanto o Qatar e a Arábia Saudita armam e financiam os rebeldes da Síria para derrubar a ditadura alawita/xiita-Baathista de Bashar al-Assad, Washington não profere uma palavra de crítica contra eles. O presidente Barack Obama e sua secretária de Estado, Hillary Clinton, dizem que querem democracia na Síria. Mas o Qatar é uma autocracia e a Arábia Saudita está entre as mais perniciosas ditaduras-reinos-califados do mundo árabe. Os governantes dos dois estados herdam o poder de suas famílias — assim como Bashar — e a Arábia Saudita é aliada dos rebeldes salafistas-wahabistas da Síria, assim como foi um dos mais fervorosos apoiadores do medieval Talibã durante a idade da escuridão afegã.
De fato, 15 dos 19 sequestradores-assassinos em massa de 11 de setembro de 2001 vieram da Arábia Saudita, depois do que, naturalmente, bombardeamos o Afeganistão. Os sauditas estão reprimindo sua própria minoria xiita da mesma forma como pretendem destruir a minoria alawita-xiita da Síria. E acreditamos que a Arábia Saudita quer instalar uma democracia na Síria?
Temos então o partido-milícia xiita Hezbollah no Líbano, mão direita do Irã xiita e apoiador do regime de Bashar al-Assad. Por 30 anos, o Hezbollah defendeu os xiitas oprimidos do sul do Líbano contra a agressão israelense. Eles se apresentam como defensores dos direitos dos palestinos da Cisjordânia e de Gaza. Mas, diante do lento colapso de seu aliado implacável na Síria, perderam a língua. Não disseram uma palavra — nem mesmo Sayed Hassan Nasrallah — sobre os estupros e o assassinato em massa de civis sírios por soldados de Bashar e pela milícia Shabiha.
E temos também os heróis dos Estados Unidos — La Clinton, o secretário de Defesa Leon Panetta e Obama. Clinton divulgou uma “advertência” para Assad. Panetta — o mesmo homem que repetiu para os últimos soldados dos Estados Unidos no Iraque a velha mentira sobre a conexão de Saddam com o 11 de setembro — anunciou que as coisas “estão saindo do controle” na Síria. Mas isso está acontecendo há seis meses. Descobriu isso agora? E Obama nos disse na semana passada que “dado o estoque de armas químicas do regime, continuaremos a deixar claro para Assad… que o mundo está de olho”. Mas, não foi aquele jornal do Condado de Cork, chamado Skibbereen Eagle, que temendo a cobiça da Rússia em relação à China declarou “que estava de olho… no czar da Rússia?”. Agora foi a vez de Obama enfatizar o pouco que pode influir nos grandes conflitos do mundo. Bashar deve estar tremendo de medo.
Será que o governo dos Estados Unidos realmente gostaria de ver os atrozes arquivos da tortura de Bashar abertos para nós? É que, apenas alguns anos atrás, o governo Bush mandava muçulmanos para Damasco para que os torturadores de Bashar arrancassem suas unhas em troca de informação, presos a pedido do governo dos Estados Unidos no mesmo buraco infernal que os rebeldes sírios implodiram na semana passada. As embaixadas ocidentais diligentemente ofereciam aos torturadores as perguntas que deviam ser feitas às vítimas. Bashar, vejam bem, era nosso bebê.
Ah, existe aquele país da vizinhança que nos deve muita gratidão: o Iraque. Na semana passada, sofreu em um dia 29 ataques a bomba em 19 cidades, com a morte de 111 civis e ferimentos em outros 235. No mesmo dia, o banho de sangue da Síria consumiu um número parecido de inocentes. Mas o Iraque estava no pé da página, enterrado abaixo da dobra, como dizem os jornalistas; porque, naturalmente, nós demos liberdade ao Iraque, uma democracia jeffersoniana, etc, etc, não é verdade? Então essa matança a leste da Síria não tem a mesma importância, certo? Nada que fizemos em 2003 levou ao que o Iraque sofre hoje, certo?
Por falar em jornalismo, quem na BBC World News decidiu que os preparativos para as Olimpíadas deveriam preceder no noticiário os ultrajes da Síria na semana passada? Os jornais britânicos e a BBC no Reino Unido naturalmente deveriam destacar as Olimpíadas, como notícia local. Mas, em uma decisão lamentável, a BBC — transmitindo para o mundo — também decidiu que a passagem da tocha olímpica era mais importante que crianças sírias morrendo, ainda que os despachos viessem do corajoso repórter da emissora, diretamente de Aleppo.
E, naturalmente, há nós, os queridos liberais que rapidamente enchem as ruas de Londres para protestar contra a matança israelense de palestinos. Justo, com certeza. Quando nossos líderes políticos se contentam em condenar os arábes por sua selvageria mas se mostram muito tímidos para dizer uma palavra de tênue crítica quando o exército israelense comete crimes contra a humanidade — ou assiste a aliados fazendo isso no Líbano –, gente comum deve relembrar ao mundo que não somos tão tímidos quanto nossos líderes. Mas quando a matança na Síria atinge de 15 mil a 19 mil pessoas — talvez 14 vezes mais que as mortes causadas pela investida selvagem de Israel em Gaza, em 2008-2009 — praticamente nenhum manifestante, a não ser pelos exilados sírios, foi para as ruas condenar estes crimes contra a humanidade. Os crimes de Israel não atingem esta escala desde 1948. Certo ou errado, a mensagem é simples: demandamos justiça e direito à vida para árabes se eles forem massacrados pelo Ocidente ou seus aliados israelenses;  mas não quando eles são massacrados por outros árabes.
E enquanto isso, nos esquecemos da “grande” verdade. Que esta é uma tentativa de esmagar a ditadura síria não por causa de nosso amor pelos sírios ou nosso ódio pelo nosso ex-amigo Bashar al-Assad, ou por causa de nosso ódio pela Rússia, cujo lugar está garantido no panteão dos hipócritas quando vemos a reação do país às pequenas Stalingrados que se espalham na Síria. Não, esta guerra é sobre o Irã e nosso desejo de esmagar a República Islâmica e seus planos nucleares infernais — se eles existirem — e não tem nada a ver com direitos humanos ou com o direito à vida ou à morte dos bebês sírios. Quelle horreur!

segunda-feira, 30 de julho de 2012


Atenção alunos e alunas das 3ª séries e aos demais que se inscreveram no ENEM 2012: o MEC lançou hoje, dia 30 de julho, um guia para a redação, informando sobre os critérios de avaliação e como melhorar seu desempenho nesta etapa do Exame. Vale a pena conferir e começar a fazer suas anotações e seus exercícios para escrita! 


Ministério da Educação lança manual sobre redação do Enem

Heloisa Cristaldo
Repórter da Agência Brasil

O Ministério da Educação (MEC) lançou hoje (30) o manual A Redação no Enem 2012 – Guia do Participante com informações sobre critérios de avaliação da redação do exame. O guia vai orientar estudantes sobre como se preparar para a prova, que será aplicada nos dias 3 e 4 de novembro.
“O guia vai trazer tudo que o aluno precisa saber sobre o que os avaliadores vão considerar para dar nota [na redação]. O estudante vai saber exatamente em que pode perder pontos e qual a estratégia para ter o melhor desempenho possível”, disse o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Das 3.700 redações que receberam nota máxima (mil pontos) no Enem 2011, seis foram selecionadas e aparecem no guia com comentários. De acordo com o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Luiz Cláudio Costa, os autores das redações selecionadas "desenvolveram o tema de acordo com as exigências do texto dissertativo-argumentativo" e demonstraram "domínio da norma culta de língua escrita".
Segundo o ministro da Educação, o número de avaliadores de redação será ampliado em 40% para o Enem 2012. Dois professores avaliarão o desempenho dos alunos, que podem receber de zero a 200 pontos para cada uma das cinco competências (domínio da norma padrão da língua portuguesa; compreensão e desenvolvimento do tema utilizando várias áreas do conhecimento; construção e defesa de um ponto de vista; construção de argumentação e proposta de intervenção para o problema, respeitando os direitos humanos).
Havendo divergências acima de 80 pontos em qualquer uma das competências, a prova será corrigida por um terceiro avaliador. Caso ainda persista a divergência de notas, uma banca composta por três professores dará a nota final do participante. Até o exame anterior, a margem para discordância era 300 pontos.
Mercadante afirmou que os alunos terão acesso às redações corrigidas para fins pedagógicos. “É mais uma contribuição para darmos total transparência ao Enem”, disse. Entretanto, não poderão ser usadas como base para recurso junto à organização da prova.
Elaborado pelo Inep, em conjunto com especialistas em língua portuguesa, o guia tem inicialmente a tiragem de 1,7 milhão de cópias, que serão distribuídas a todas escolas públicas do país na segunda quinzena de setembro. O Ministério também vai disponibilizar edições em braille e na forma ampliada para pessoas com déficit de visão. A versão online já está disponível na página eletrônica do Inep.
O MEC também divulgou que será publicado amanhã (31) edital no valor de R$ 2 milhões para convocar instituições de ensino superior para fazer estudos e pesquisas relacionados às provas aplicadas.
Os 5,8 milhões de candidatos da próxima edição do Enem, número recorde de inscritos, farão o exame em 140 mil salas de 1.600 municípios do país.
Edição: Fábio Massalli

sexta-feira, 27 de julho de 2012

DIA DO MOTOCICLISTA - VIDA EM DUAS RODAS 
27 de julho - Dia do Motociclista 
Ser um motociclista é mais do que uma pessoa que simplesmente anda de moto pelas ruas, rodovias e estradas  do mundo afora. Só quem é realmente um apaixonado por moto pode entender como funciona essa relação de homem ou mulher e máquina, e como ela pode funcionar tão bem. Essa relação pode parecer um tanto estranho para as pessoas que estão acostumadas a ver o mundo apenas diante do volante de um carro. Mas só quem realmente conhece o prazer ao andar de moto pode entender esse estilo de vida.
Ser motociclista é uma filosofia de vida, com seus hábitos e um estilo de vida sobre duas rodas em movimento: pilotar uma moto é bom demais! Então nada melhor (e sempre ) fazer isso com segurança, respeito, educação e  alegria. Para muitos é uma mototerapia, após uma semana de trabalho e complicações comuns da vida cotidiana!
Um feliz dia para todos os motociclistas e fãs do mundo das duas rodas! Viva a liberdade em duas rodas e um motor ontem, hoje e sempre!!









terça-feira, 24 de julho de 2012


Os primeiros anos da década de 1990 foram marcados pela reestruturação geopolítica mundial, devido ao fim da Guerra Fria e o desmantelamento do bloco socialista. Desde então, as palavras islamismo e terrorismo substituem os antigos inimigos do mundo ocidental-capitalista-cristão-branco: os comunistas.  

O texto a seguir aborda de uma maneira objetiva e precisa o papel da mídia na propagação e difusão da ideia do terrorismo e islamismo serão a face de uma mesma moeda, quando dados e estudos apontam que a realidade é bem diferente.

O "fanatismo" midiático e o terrorismo

Por Marina Mattar | Redação do Opera Mundi

Ao nomear terroristas suicidas de “extremistas religiosos”, os veículos de comunicação acabam sendo eles próprios “fanáticos”

Agencia EFE
Imagem retirada do vídeo da câmera de segurança do aeroporto de Burgas, na Bulgária, mostra o suposto autor do atentado suicida (no centro com camiseta azul)
Poucas informações são conhecidas sobre o autor do atentado terrorista realizado contra um ônibus que transportava turistas israelenses na Bulgária nesta quarta-feira (18/07). Era um jovem que se vestia e se portava como qualquer outra pessoa presente no local, mas que se identificava com uma carteira de motorista falsa dos Estados Unidos. Estas foram as únicas informações que o ministro do Interior do país forneceu aos meios de comunicação.
Apesar disso, jornais se apressaram em divulgar a suposta relação do terrorista suicida com a religião islâmica e Israel acusou o grupo libanês Hezbollah e o governo iraniano pelo atentado.Uma leitura mais atenta do terrorismo pode esclarecer muitos dos mitos e estereótipos reproduzidos em eventos como esse.
A mídia e o terror
Segundo as informações divulgadas internacionalmente, o jovem que podemos ver nas imagens divulgadas pelo governo búlgaro era um cidadão sueco. Um cidadão sueco - alertam os jornalistas –, mas com família na Argélia, de nome árabe (Mehdi Ghezali) e que estudou em colégios islâmicos no Reino Unido. Além disso, de acordo com a mídia, este jovem permaneceu detido em Guantánamo e depois do evento, procurou entrar ilegalmente no Afeganistão.

(Explosão em prédio em Oklahoma, nos Estados Unidos/WikiCommons)
Não é a primeira vez, no entanto, que a mídia procura estabelecer relações causais  entre a crença no islã e a ação  terrorista sem demonstrar qualquer fundamento.
Em 2011, quando o brasileiro Wellington de Oliveira invadiu sua antiga escola, em Realengo, executando e ferindo adolescentes, jornalistas e analistas atribuíram ao Islã as razões do massacre. Citando a irmã adotiva do atirador, alguns jornais brasileiros divulgaram que o carioca havia se convertido ao islamismo e que pouco saía de casa.
A reação dos meios de comunicação foi muito semelhante após o assassinato de dezenas de jovens na Noruega e a explosão de prédios do governo em Oslo. Apesar de ninguém possuir qualquer informação sobre o autor, ou seus motivos, analistas internacionais qualificados se prontificaram para explicar a conexão dos atentados com o islã. No entanto, como depois foi descoberto, o autor era Anders Behring Breivik (32 anos), educado na elite política e econômica da Noruega, "cristão" e “nacionalista conservador”. Apesar disso, ninguém ousou atribuir a causa de sua ação às suas preferências religiosas tal como fazem com os mulçumanos.
Nos Estados Unidos, podemos noticiar episódio parecido após o atentado em Oklahoma em 1995. Supondo que os autores seriam islâmicos, o então presidente norte-americano Bill Clinton enviou tradutores de árabe ao local. O atentado, entretanto, foi planejado e executado por Timothy McVeigh, um norte-americano, católico e bem-sucedido militar.
O “fundamentalismo” midiático
Pesquisas sobre terrorismo não corroboram, no entanto, esta visão reproduzida por muitos veículos de comunicação. Segundo relatório elaborado pela Europol (agência de inteligência europeia), dos 294 incidentes terroristas ocorridos no continente em 2010, apenas 1 foi conduzido por islâmicos. A grande maioria dos atentados foi realizada por grupos neonazistas.
A pesquisa de Robert Pape, cientista político dos Estados Unidos, também coloca em xeque a maioria dos clichês midiáticos sobre a personalidade dos terroristas. De acordo com suas investigações, a maioria dos terroristas suicidas (57%) de 1980 até os dias atuais era laica e apenas 43% eram religiosos, sendo que nem todos eram islâmicos.

Mas, o que explica, então, o tratamento dado por grande parte da mídia internacional ao terrorismo?
Seja porque é preciso atender aos curtos prazos dos meios de comunicação, seja para dar a notícia em primeira mão, os jornalistas acabam por reproduzir as informações concedidas por agências de notícias sem nem mesmo refletir acerca de seu conteúdo. Como consequência disso, é comum ler em diferentes veículos as mesmas notícias e a repetição incessante dos fatos, acaba por se naturalizar.
Assim, mesmo jornais com diferentes posições políticas acabaram por descrever Osama Bin Laden da mesma forma: um “fanático” que lutava contra os “infiéis” norte-americanos por estes terem libertado suas mulheres e criado uma democracia. Seguindo as ideias produzidas nestas agencias, os jornalistas deixaram de perceber que por trás de sua retórica, o saudita possuía um plano político de terminar com a influência dos Estados Unidos na Península Arábica, como tanto assinalou Jason Burke, e não que queria trazer a burca à América.
A descrição do fanático, de uma pessoa que se mostra quase sempre cega, cabe também ao dia-a-dia das redações de notícias que fecham os olhos para uma análise crítica.

As tradições são criadas pelas culturas ao longo da história. Essas tradições podem ser milenares, seculares, centenárias e romper com isto nem sempre é simples. A situação das meninas na Índia é um desses casos, como tantos outros existentes no mundo, em que a tradição leva a morte ou mutilação. 


Organizações indianas lutam para reduzir feticídio de meninas

DO "GUARDIAN", EM UDAIPUR


Em qualquer outro país, o caso teria se tornado notícia de primeira página: um casal em fuga capturado enquanto tentava enterrar viva sua filha recém-nascida. Mas na Índia, onde hoje nascem 914 meninas para cada mil meninos, o caso acontecido semana passada em Dausa, no Rajasthan, valeu apenas uma reportagem de 300 palavras em uma página interna. "Mais um incidente de indiferença a meninas recém-nascidas" disse o "Deccan Herald".

Indiferença ou tentativa de homicídio, o fato, segundo Zaheer Abbas, é que "a preocupação da maioria dos indianos é comer duas refeições ao dia", e não a defasagem entre o número de meninas e meninos no país, que atingiu sua pior proporção desde a independência, em 1947.
Abbas, editor do "Udaipur Times", um jornal on-line do sul do Rajasthan, no ano passado tentou estimular seus leitores a reagirem publicando a foto de um feto feminino de três meses encontrado em um canal de esgoto perto do centro da cidade.

Marinder Nanu - 15.ago.11/France Presse
Estudantes indianas usam o tradicional vestido Punjabi para uma apresentação de dança folclórica no colégio
Estudantes indianas usam o tradicional vestido Punjabi para uma apresentação de dança folclórica no colégio
"Mas veja", ele disse na semana passada, movendo a tela de seu computador para mostrar o artigo publicado na porção inferior da página. "Um comentário. Só um. Queremos que as pessoas se zanguem com isso, mas elas não desejam discutir o assunto diante de seus pais e amigos".

O feticídio feminino se tornou uma questão em debate graças primordialmente ao "Satyamev Jayate", um programa de TV altamente popular apresentado por Aamir Khan, um astro de Bollywood.

Um programa inteiro foi dedicado à prática cada vez mais frequente de abortar fetos femininos, concentrada especialmente no Rajasthan, um Estado no oeste do país onde a desproporção entre os sexos é uma das mais graves na Índia, tendo caído a 883 meninas por mil meninos em 2011, ante 909 em 2001.
Dias depois de o programa ir ao ar, o governo do Rajasthan entrou em ação. As autoridades prometeram acelerar o processo de punição judicial aos praticantes de aborto definido pelo sexo do feto. Também cancelaram as licenças de seis centros de ultrassonografia e advertiram outros 24 por suspeita de envolvimento em feticídio feminino.

RASTREAMENTO
Também existe uma campanha em curso para instalar sistemas de rastreamento em todos os centros de ultrassonografia do Estado, num prazo de quatro meses, para permitir que os fiscais do governo verifiquem que número de fetos femininos chega ao parto. As clínicas são o campo de batalha para os ativistas que lutam contra o aborto selecionado por sexo.

"Existem motivos substanciais para acreditar que o aumento na desproporção entre os sexos se relaciona diretamente ao crescimento no número de clínicas de ultrassonografia na região", disse Shabnam Aziz, da Action Aid, no Rajasthan.

Arvinder Singh é o rei dos exames pré-natais em Udaipur. As águas calmas e os palácios dos rajputs nessa bela cidade à beira lago ocultam um segredo sombrio: Udaipur é um dos distritos do Rajasthan que "perdeu" meninas entre os recenseamentos de 2001 e 2011. Hoje, nascem 920 meninas para cada mil meninos, ou 28 a menos do que 10 anos atrás.

A cada dia a clínica de Singh realiza cerca de 50 exames pré-natais de ultrassonografia. Um teste de rotina custa 450 rupias (R$ 16) --uma soma que não é insignificante em um país no qual o salário anual médio é de cerca de 61 mil rupias.

Recebendo o "Guardian" em seu consultório, Singh declarou que nenhuma de suas pacientes nos últimos seis meses havia perguntado o sexo de seu bebê --é bem sabido que solicitar essa informação (e fornecê-la) é ilegal sob as leis da Índia.

Mas a ativista local Manisha Bhatnagar afirmou que o Estado do Rajasthan planeja apresentar uma queixa contra Singh, porque inspetores trabalhando disfarçados descobriram que nem todas as pacientes da clínica preenchiam a ficha obrigatória detalhando seu número de filhos, o sexo das crianças e quem as encaminhou para o exame.

"Se o formulário indica que uma mulher já tem duas filhas e procurou a clínica por conta própria, nós abrimos uma investigação", disse Bhatnagar. Seu escritório telefona a mulheres depois da data prevista de parto e, caso elas tenham realizado um aborto ou sofrido um aborto natural, inicia-se uma investigação.

Kirti Avengar, diretora-executiva de obstetrícia e ginecologia da Aarth, uma ONG que trabalha com questões de saúde feminina, em Udaipur, diz que há limites para o que o Estado pode fazer a fim de reprimir o feticídio feminino.

"A tecnologia está se desenvolvendo tão rápido que já se pode prever o sexo de um feto de 12 semanas apenas com o uso de exames de sangue", afirma, acrescentando que o necessário é uma grande virada social e ideológica.

"Na minha opinião, é preciso abandonar a tradição do dote, ou as pessoas sempre encontrarão maneiras de contornar a lei", disse, mostrando um cartaz em hindi que a Aarth distribui, mostrando um primeiro encontro entre os pais de potenciais noivos. "Não peça dote", diz o cartaz, por sobre a foto de uma família de noivo olhando para a potencial noiva e imaginando dinheiro, um carro e uma casa.

Pragnya Joshi, especialista em feticídio feminino no departamento de estudos da mulher da Universidade Janardan Rai Nagar Rajasthan Vidyapeeth, em Udaipur, disse que a cultura do dote era a principal culpada pelo agravamento na desproporção entre os sexos no que tange às crianças da cidade e outras regiões.

Ainda que proibido por lei desde 1961, o dote tem raízes profundas na cultura indiana, ela diz. Uma das bênçãos tradicionais em um casamento hinduísta é "que Deus lhe conceda oito filhos", ela diz.

O que Joshi considera especialmente alarmante é que as estatísticas demonstram que as mulheres urbanas e com bom nível educacional apresentam maior probabilidade de abortar um feto feminino.

"As mulheres alfabetizadas estão se tornando mais propensas ao feticídio feminino", ela disse, explicando que esse grupo tem dinheiro para uma ultrassonografia e compreende os notórios anúncios das clínicas, que recomendam "investir apenas 500 rupias agora para economizar 50 mil preciosas rupias no futuro".

Ainda que a lei contra seleção sexual de bebês pareça ser facilmente violável em Udaipur, nem todas as mulheres fazem abortos. Número perturbador de pais agora abandona as bebês recém-nascidas, algumas das quais são recolhidas pelo Mahesh Ashram, um orfanato no subúrbio dirigido por Yogguru Devendra Agrawal, um religioso de longa barba e voz macia. O ashram espalhou cartazes pela cidade com o slogan: "Não as jogue fora. Traga-as para nós".

AFORTUNADAS
Agrawal aponta para uma menina pequenina, com olhos sorridentes, que está deitada em um dos 16 berços metálicos. "Está vendo aquela menininha alegre? Ela foi encontrada na sarjeta, duas semanas atrás; só sua cabeça estava visível. Tinha nascido há apenas meia hora". Ele mostra outra menina que teve de passar por cirurgia para remover espinhos de seu corpo, porque foi jogada em um arbusto espinhoso.

E elas são as afortunadas. A equipe de Agrawal nem sempre encontra os bebês em tempo. "Uma delas foi abandonada no inverno, bem ao lado de uma torneira mal fechada", ele conta.
Dos 71 bebês que passaram pelo orfanato em cinco anos, 48 foram adotados. Mas as obras no terreno ao lado são prova do pessimismo de Agrawal quanto ao futuro; ele está construindo um orfanato com instalações de cuidado para recém-nascidos que poderá abrigar c bebês e segundo ele será o maior da Índia.

Não é incomum que uma menina indesejada receba um nome horrível, diz Usha Choudhary, diretora de programa da ONG Vikalp ("Alternativa"), que conta com apoio da Action Aid, Unicef e Oxfam. "Conheço meninas que foram batizadas como Mafi, o que quer dizer 'lamento', e Dhapu, que quer dizer 'chega' --ela era a quinta menina da família", diz Choudhary.

Como parte de um esforço para encorajar os aldeões do Rajasthan a celebrar, e não lastimar, o nascimento de uma menina, a Vikalp executa cerimônias alternativas de batismo, dando às meninas nomes como Khushi (Feliz) ou Pari (Anjo).

"Quando nasce um menino, as aldeias tradicionais do Rajasthan explodem em comemoração, com tambores e doces; quando nasce uma menina, a aldeia fica em silêncio", diz Choudhary.
A Vikalp faz trabalhos de divulgação em escolas e aldeias, e se concentra especialmente nos meninos pequenos e nos anciões das aldeias, a fim de levá-las a reavaliar suas opiniões sobre o valor da mulher. "Perguntamos a eles que sociedade vamos ter se esse feticídio feminino continuar. Você consegue imaginar um mundo sem sua mulher, sua mãe, sua namorada, sua irmã?"

Choudhary vê contradição no status inferior da mulher em um país no qual dois dos mais poderosos líderes políticos --Sonia Gandhi, a líder do Partido do Congresso, e Pratibha Patil, a presidente-- são mulheres.

"Às vezes as mulheres nos perguntam por que reclamamos sobre os direitos da mulher quando temos uma mulher presidente", ela diz. "E eu sempre respondo que, na Índia, não bastam duas estrelas para produzir luz".
Tradução de PAULO MIGLIACCI.

quarta-feira, 18 de julho de 2012


Leonardo da Vinci é um dos daqueles sujeitos históricos que viveu em uma época, mas suas ideias eram para séculos posteriores! Uma pessoa com múltiplas potencialidades que ficaram para a História através de sua vasta produção. A exposição apresentada no texto abaixo, nos apresenta o lado "médico" desse personagem, marcado também por enigmas, explorados pela ficção e por cientistas ao longo dos séculos.


Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci


O anatomista Leonardo da Vinci

Publicado em 13/07/2012
Mostra em Londres exibe estudos anatômicos inéditos e de surpreendente valor científico do artista.
O anatomista Leonardo da Vinci
‘O sistema cardiovascular e principais órgãos femininos’, de 1509, é um dos destaques da mostra em Londres. A imagem reflete uma crença bastante difundida na época, de que o útero feminino era formado por sete câmaras. (foto: The Royal Collection)
A exposição ‘Leonardo da Vinci, Anatomista’, em cartaz em Londres, mostra pela primeira vez estudos anatômicos feitos pelo artista entre 1485 e 1513. Parte de um tratado sobre anatomia que nunca chegou a ser publicado, o material é cientificamente superior à ciência que estava sendo praticada na época.
Os cadernos expostos na Royal Collection, no Palácio de Buckingham, mostram ilustrações e anotações, feitas em sua característica escrita espelhada, representando e descrevendo órgãos humanos e animais. Da Vinci utilizou técnicas de visualização inovadoras para a época, como secções transversais, representação em planos e a ‘vista explodida’, em que cada elemento da imagem é representado separadamente.“Os desenhos de Leonardo estão entre as melhores representações do corpo humano já criadas. Se tivesse publicado seu trabalho, ele seria conhecido como um dos grandes cientistas da história”, comenta Martin Clayton, curador da exibição.
O artista também teve a ideia de usar práticas comuns em escultura para seus estudos anatômicos, como injetar cera derretida dentro dos ventrículos do cérebro para, depois de seca, poder dissecá-lo observando as estruturas e cavidades em seu formato original.
No começo dos estudos anatômicos de Da Vinci, por volta de 1480, grande parte dos desenhos era baseada em dissecações de animais ou mesmo nas crenças da época, como mostra uma representação de cabeça humana em que os olhos estão diretamente ligados às três câmaras no cérebro, nas quais, acreditava-se, eram processadas as informações e armazenada a memória.
Representação do cérebro
Este estudo de uma cabeça humana (1485-90) mostra uma representação do cérebro de acordo com as crenças da época, com três câmaras onde estariam localizadas as informações e a consciência. (foto: The Royal Collection)
Posteriormente, Da Vinci passou a ter acesso a corpos humanos para estudo. Ao contrário do que se acredita, a dissecação humana não era crime na época, e Leonardo da Vinci abertamente relata ter dissecado mais de 30 corpos. Só no inverno de 1510-1511, trabalhando com o professor de anatomia Marcantonio Della Torre, da Universidade de Pádua, o artista teve acesso a 20 corpos.
Entre as ilustrações do aparelho reprodutor, fonador, do sistema nervoso e várias outras partes do corpo humano, também é possível ver estudos feitos para obras específicas, como o Judas na Última Ceia’ ou os cavalos e guerreiros da Batalha de Anghiari.
Porém, segundo Peter Abrahams, professor de anatomia clínica na Warwick Medical School, no Reino Unido, o trabalho de Da Vinci é “muito superior” à grande parte do trabalho de Vesalius, considerado o pai da anatomia moderna. “Se esses estudos tivessem sido publicados na época em que foram feitos, eles teriam tirado o livro de Vesalius do mercado”, observa Abrahams.Após a morte de Da Vinci em 1519, seus cadernos foram guardados e esquecidos. Em 1543, o anatomista belga Andreas Vesalius publicou o que seria o mais importante tratado anatômico da história, De humani corporis fabrica, considerado até hoje um divisor de águas na história da medicina.
“Comparados às ilustrações de 'Gray’s Anatomy' [livro clássico do estudo da anatomia], feitas no início do século 19, as ilustrações de Da Vinci transmitem mais vida e uma compreensão melhor do assunto”, diz Gus McGrouther, professor de cirurgia plástica e reconstrutiva na Universidade de Manchester.
No século 17, os cadernos com os estudos anatômicos de Da Vinci foram adquiridos pela família real inglesa e passaram a fazer parte da Royal Collection. Mas apenas muito tempo depois, em 1900, eles seriam “redescobertos” e seu devido valor finalmente compreendido.
Mãos
Nestas imagens de ossos, músculos e tendões da mão (1510), Da Vinci usa técnicas de visualização como a separação em planos ou a ‘vista explodida’ para mostrar claramente todos os elementos anatômicos. (foto: The Royal Collection)
Simultaneamente à exposição, a Royal Collection lançou um aplicativo para iPad com todos os 268 desenhos expostos na galeria, que podem ser ampliados, manipulados e analisados em todos os seus – muitos – detalhes, juntamente com a tradução para o inglês dos textos dos cadernos. Para quem não tem acesso ao aplicativo, a Royal Collection também disponibiliza imagens de todos os desenhos em seu website

Confira galeria de fotos com seleção de desenhos expostos na mostra de Londres

Fonte:http://cienciahoje.uol.com.br/blogues/bussola/2012/07/o-anatomista-leonardo-da-vinci/view

sexta-feira, 13 de julho de 2012

13 de julho: DIA MUNDIAL DO ROCK!!


Neste Dia Mundial do Rock algumas informações para você não fazer feio ou cometer aqueles absurdos ao conversar com amigos ou fazer seus post nas redes sociais.



Por que 13 de julho?

Em 13 de julho de 1985, Bob Geldof organizou o Live Aid, um show simultâneo em Londres, Inglaterra e na Filadélfia nos Estados Unidos.

O objetivo principal era o fim da fome na Etiópia e contou com a presença de artistas como: The Who, Status Quo, Led Zeppelin, Dire Straits, Madonna, Queen, Joan Baez, David Bowie, BB King, Mick Jagger, Sting, Scorpions, U2, Paul McCartney, Phil Collins (que tocou nos dois lugares), Eric Clapton e Black Sabbath.





Gêneros do bom e velho rock 

Alternative Rock:
Rock alternativo é um gênero de rock surgido na década de 1980 que se tornou bastante popular na década de 1990. Consiste de vários subgêneros oriundos da cena musical independente como grunge e britpop, que estão relacionados por sua influência em diversas escalas com o punk rock e que não se encaixavam em classificação alguma conhecida na época.
Bandas: Pearl Jam, Raimundos,Green Day, Cake, Creed.

Heavy Metal:
O heavy metal (muitas vezes referido apenas como metal ou Rock Pauleira (termo visto como ofensivo) é um gênero do rock que se desenvolveu no final da década de 1960 e no início da década de 1970, em grande parte, na Inglaterra e nos Estados Unidos.[3] Tendo como raízes o blues-rock e o rock psicodélico, as bandas que criaram o gênero desenvolveram um espesso, maciço som, caracterizada por altas distorções amplificadas, prolongados solos de guitarra e batidas enfáticas.
Bandas: Black Sabbath, Iron Maiden, Judas Priest.

Punk Rock:
Punk rock é um movimento musical e cultural que surgiu em meados da década de 1970, que tem como principais características músicas simples (que geralmente não passam de três ou quatro acordes), rápidas e agressivas, temas que abordam idéias anarquistas, niilistas e revolucionárias, ou sobre problemas políticos e sociais como o desemprego, a guerra, a violência, ou em outros casos, letras com menos conteúdo político e social, como relacionamentos, diversão, sexo, drogas e temas do cotidiano. O visual agressivo, que foge dos padrões da moda, a filosofia "faça-você-mesmo" e as atitudes destrutivas também são outras características do punk.
Bandas: Ramones, Sex Pistols, The Clash, The Dogs.

Hard Rock:
Hard rock ou heavy rock ("rock pesado", em inglês) é um estilo musical, subgênero do rock que tem suas raízes do rock de garagem e psicodélico do meio da década de 1960, que se caracteriza por ser consideravelmente mais pesado do que a música rock convencional, e marcada pelo uso de distorção, uma seção rítmica proeminente, arranjos simples e um som potente, com riffs de guitarra pesada e solos complexos. A formação típica era constituída por bateria, baixo, guitarra, e algumas vezes, um piano ou teclado, além de um vocalista que muitas vezes se utilizava de vocais agudos e roucos.
Bandas: Guns N' Roses, Led Zeppelin, Aerosmith, Queen, Alice In Chains, Scorpions, AC/DC;

Garage Rock:
Rock de garagem é uma forma não trabalhada de rock and roll que ficou famosa primeiramente nos Estados Unidos da América e Canada entre 1963 e 1967. O rock de garagem não foi reconhecido como um gênero de música independente, durante os anos 1960, e nem foi dado nenhum nome específico, nestes anos, para seu estilo.
Bandas: The Clash e Sex Pistols.





terça-feira, 10 de julho de 2012


Os cientistas vêem buscando conhecimentos a séculos e embora as vezes parece que nada mais há para ser descoberto, novas possibilidades se abrem com as inovações tecnológicas. Quais as implicações e aplicações deste nova descoberta? Quais os impactos para a sociedade? Questões que ficam para o futuro desse projeto de pesquisa...

Bóson de Higgs pode ter sido encontrado

05/07/2012 - 11h32 | Elton Alisson | Agência FAPESP | São Paulo

Um dos maiores desafios da ciência pode estar chegando ao fim. Cientistas que participam dos experimentos no Grande Colisor de Hádrons (LHC) anunciaram nesta quarta-feira (04/07) ter encontrado fortes indicativos da existência de uma nova partícula subatômica, que pode ser o bóson de Higgs.
Procurado há quase meio século pelos físicos, o bóson de Higgs é uma chave fundamental para entender por que partículas elementares têm massa e poderá levar até mesmo a uma nova compreensão da origem do Universo e da vida. O bóson é até o momento uma partícula hipotética postulada em 1964 pelo físico britânico Peter Higgs.
A descoberta do bóson seria a completa validação do Modelo Padrão da física de partículas, teoria que descreve as forças fundamentais forte, fraca e eletromagnética, bem como as partículas fundamentais que constituem toda a matéria.
O anúncio foi feito por cientistas que participam das colaborações Atlas (A Toroidal LHC Apparatus) e CMS (Compact Muon Solenoid), conduzidas no LHC da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern), na Suíça. Os dois experimentos contam com a participação de pesquisadores do Brasil.
“Acho que encontramos”, disse Rolf Heuer, diretor-geral do Cern, que chamou a descoberta de “marco histórico”. Tanto físicos de partículas do Atlas como do CMS encontraram indicações da presença de uma nova partícula com massa em torno de 125 ou 126 bilhões de elétrons-volt (GeV). O próprio Higgs, aos 83 anos, estava no Cern durante o anúncio.
As indicações da nova partícula foram identificadas a partir da análise de trilhões de colisões entre partículas realizadas no LHC em 2011 e 2012. O Modelo Padrão da física de partículas estipula que o bóson de Higgs decairia em diferentes partículas, justamente o que o LHC acaba de detectar.
Análises detalhadas da descoberta serão apresentadas no decorrer desta semana na Conferência Internacional de Física de Altas Energias (ICHEP 2012), em Melbourne, Austrália. 

Cautela e confirmação
De acordo com Sérgio Novaes, coordenador do Sprace (Centro de Pesquisa e Análise de São Paulo) e professor do IFT (Instituto de Física Teórica) da Unesp, a comprovação da descoberta do bóson de Higgs ainda levará algum tempo. “Apesar de os eventos sugerirem que estejamos diante do bóson de Higgs, a confirmação de que se trata realmente da partícula predita pelo Modelo Padrão requer mais medidas comparativas”, disse.
O bóson de Higgs é uma partícula instável, que sobrevive por uma pequena fração de segundo antes de decair em outras partículas. Por conta disso, as experiências só podem observar tal partícula pela medida dos seus produtos.
Em 1967, o mecanismo teórico estipulado por Higgs foi incorporado pelo físico norte-americano Steven Weinberg em uma teoria para explicar as partículas elementares do Universo, denominada Modelo Padrão. Segundo o modelo, o Universo foi resfriado após o Big Bang, quando uma força invisível, conhecida como campo de Higgs, formou-se junto de partículas associadas, os bósons de Higgs, transferindo massa para outras partículas fundamentais.
Desde o lançamento da teoria, os cientistas buscam descobrir a partícula, cujos sinais da presença dela são extraídos de uma grande quantidade de dados similares e a partir da produção de um grande número de eventos para se certificar da descoberta.
“É como tentar encontrar, literalmente, uma agulha no palheiro. É extremamente complexo extrair o sinal da existência da partícula”, disse Novaes. Segundo ele, a busca pela partícula só é possível de ser realizada graças ao desenvolvimento de novas tecnologias em diversas instituições de pesquisa em todo mundo.
“Os novos dados de 2012 e os dados gerados pelo acelerador melhorado permitirão aos cientistas investigar as questões sobre o Higgs levantadas pelo anúncio de hoje (04/07), bem como outras questões fundamentais para o avanço do conhecimento sobre a natureza”, disse comunicado do experimento Atlas.
Para se encontrar as partículas elementares, dois prótons, elementos formadores dos núcleos dos átomos junto aos nêutrons, são acelerados com um alto nível de energia e se chocam. Nessa colisão, podem ser formadas partículas pesadas (com alto nível de energia). Esse conjunto de elementos formados constitui um evento.
Impactos da descoberta
De acordo com Sergio Morais Lietti, pesquisador do Sprace, a descoberta da partícula foi possível em função do acúmulo de dados gerados e ao aumento da carga de energia do LHC nos últimos anos.
“Quanto mais energia há no centro de massa entre os prótons no acelerador, maiores também são as chances de se produzir bóson de Higgs”, disse Lietti à Agência FAPESP. Segundo ele, a eventual confirmação da nova partícula como bóson de Higgs não representará o fim dos estudos sobre a física de partículas, mas sim um começo de trabalhos de pesquisa na área.
Se for confirmado que a partícula é o bóson de Higgs, destaca Lietti, será preciso estudá-la com grande precisão e estatística para aprimorar o Modelo Padrão.
Apesar de ser considerada extremamente bem-sucedida por prever uma série de fenômenos físicos que foram observados experimentalmente, além de outros que até então não tinham sido observados, a teoria, proposta na década de 1960, ainda apresenta lacunas. Uma delas é não se preocupar em descrever a força gravitacional, que é muito mais fraca do que as outras duas forças fundamentais (a forte e a fraca).
Se for descartada a hipótese de que a partícula é o bóson de Higgs, será preciso rever o Modelo Padrão. “Se a partícula for completamente diferente do bóson de Higgs, melhor ainda. Significará que o Modelo Padrão precisa sofrer ajustes”, avaliou Lietti.
Histórico
A teoria vem sendo testada desde que foi postulada em diversos aceleradores de partículas que foram construídos nas últimas décadas, como o LHC do Cern, que foi projetado ao custo de US$ 10 bilhões para aumentar as chances de descoberta do bóson de Higgs.
Em 1983, foram descobertas no acelerador SPS do Cern os bósons Z e W, previstos pelo Modelo Padrão. E, em 1989, foi criado na instituição de pesquisa o Grande Colisor de Elétrons e Pósitrons (LEP), com o objetivo de produzir diversos bósons Z para possibilitar estudar as características da partícula com precisão, para aprimorar a teoria.
Em 1967, foi construído o acelerador de partículas Tevatron no Fermilab, nos Estados Unidos, que é maior do mundo depois do LHC. Nele, foi descoberto na década de 1990 o quark top – outra partícula elementar prevista pelo Modelo Padrão, que representou a última grande descoberta na área de física das partículas.
O bóson de Higgs representa a última peça para completar o “quebra-cabeça” do espectro de partículas descritas pelo Modelo Padrão e que poderá ser completado com a descoberta da nova partícula. “A descoberta anunciada agora pode ser a mais importante da física de partículas nos últimos 40 anos”, disse Lietti.