Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!

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segunda-feira, 31 de março de 2014

Mesmo com as divergências acerca da data do golpe que instituiu uma ditadura militar no Brasil em 1964, temos que buscar compreender os impactos desta situação no contexto nacional e internacional.
Foram 21 anos no qual os militares e grupos políticos e econômicos estiveram no poder e realizaram diferentes ações, com o ideal de combater o comunismo, dito como um mal a ser combatido no mundo ocidental capitalista. 
Quais as heranças desse período? Por que ainda os medos de se investigar de forma aprofundada este período? Por que ainda os arquivos secretos continuam com acesso restrito? Quando esta parte de nossa história será trabalhada de forma efetiva em sala de aula? Algumas de tantas perguntas que precisamos fazer e necessitamos de respostas, se quisermos pensar o Brasil e a democracia que estamos construindo. 



Militares e pesquisadores divergem sobre o dia do golpe

Danilo Macedo - Repórter da Agência Brasil 31/03/2014

O golpe militar de 1964 foi, durante muitos anos, estudado nos livros de história do Brasil como revolução militar. Defensores do regime que derrubou o governo do presidente João Goulart também o chamavam de contrarrevolução de 1964. O nome, no entanto, não é a única divergência sobre esse momento histórico. Militares, historiadores e pesquisadores discordam também sobre a data em que o golpe foi consumado.

“Os vencedores sempre escolhem como contar a história e, por isso, durante décadas, se comemorou no país, em 31 de março, o dia da revolução militar de 1964”, explica o professor da Universidade de Brasília (UnB) Virgílio Arraes, doutor em história das relações internacionais. Para ele, lembrar a data no dia 1º de abril - ­ “Dia da Mentira no Brasil e Dia dos Bobos nos Estados Unidos” - ­ poderia ser um sinal de descrédito, nacional e internacionalmente.

No dia 31 de março, à noite, o general Olímpio Mourão Filho, com apoio do governador de Minas Gerais, José Magalhães Pinto, seguiu com suas tropas de Juiz de Fora (MG) para ocupar a cidade do Rio de Janeiro, a cerca de 200 quilômetros de distância, e depor o presidente João Goulart (Jango). Chefes militares de todo o país, além dos governadores do estado da Guanabara, Carlos Lacerda, e de São Paulo, Adhemar de Barros, aderem ao movimento, que, para muitos autores, se efetiva no dia 1º de abril, um dia depois da data estabelecida pelos conspiradores, quando Jango deixa Brasília e vai para o Rio Grande do Sul, avaliar a possibilidade de uma reação.

o dia 1º, vários cidadãos são presos pelos militares, incluindo o então governador de Pernambuco, Miguel Arraes. Um dos marcos históricos da deposição de Jango, no entanto, é o discurso do senador Auro de Moura Andrade. Presidente do Congresso à época, ele declara, de forma inconstitucional, a vacância da Presidência da República.

O anúncio, apresentado nas primeiras horas da madrugada de 2 de abril, acrescenta mais uma data na história do golpe. Jango, que ainda estava no Brasil, não reagiu. O cargo foi assumido provisoriamente pelo então presidente da Câmara, Ranieri Mazilli, sob tutela de uma junta militar.

“Não é uma coisa banal, porque tem uma importância simbólica. Não aceitar o dia 31 é uma forma de denunciar o golpe”, avalia o professor Rodrigo Patto Sá Motta, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O historiador explica que os opositores ao golpe defendem a data de de 1º de abril como “uma estratégia de ridicularizar o movimento militar” que, desde o início, estabeleceu o 31 de março como Dia D.

“Do ponto de vista mais frio dessa história, a data que deveria ser lembrada é 31 de março ou 2 de abril, porque não há nenhum evento que justifique usar o 1º de abril como o dia do golpe”, opina Motta. Segundo ele, o movimento militar que culminou com o golpe se iniciou no dia 31 de março e foi vitorioso no dia 2 de abril, com Goulart deixando Brasília rumo ao Sul do país e sendo decretada a vacância da Presidência. “O dia 1º de abril não tem nenhuma razão objetiva para ser usado como data, a não ser essa brincadeira, gozação contra a ditadura, como o dia da mentira, uma data pejorativa e que tem um sentido político.”

Filho do presidente deposto, João Vicente Goulart relata que seu pai esperou a posse de Mazzili para ter certeza do golpe e partiu para o Uruguai apenas no dia 4 de abril. “Para mim, a data é o dia 2 de abril, quando se empossa Mazzilli e o governo norte­americano, duas horas depois, reconhece o novo governo brasileiro, com o presidente eleito [Jango] ainda dentro país.”

Visto como algo insignificante por alguns e como simbólico e nada ingênuo por outros, a polêmica sobre o data não influenciou a natureza do golpe, que levou o país a mais de duas décadas de regime militar. “É mais uma dessas coisas tipicamente brasileiras e não tem nada a ver, porque poderia ter sido em qualquer dia que não mudaria a substância da coisa, porque foi um golpe, a tomada pelo poder”, avalia o historiador da UnB Pio Penna, que defende 1º de abril como a data do golpe.

Fonte:http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2014-03/13-golpe-militares-e-pesquisadores-divergem-sobre-dia-do-golpe


quinta-feira, 27 de março de 2014

Após a dissolução do governo da Ucrânia por movimentos populares, que segundo alguns contaram com apoio e financiamento de países ocidentais, devido a intenção de aproximação com a Rússia e não a União Europeia, o novo governo ucraniano passa a se aproximar dos ocidentais através de empréstimos financeiros com o FMI que irão impactar, como sempre no sistema neoliberal, na população que terá de arcar com os cortes nas questões sociais, bem como no aumento de impostos e juros.

A grande pergunta é: a quem interessava essa aproximação com a União Europeia? A resposta se apresenta rapidamente com as medidas de austeridade assinadas esta semana entre a Ucrânia e o FMI. Novamente um governo eleito democraticamente e legítimo é derrubado por um golpe que movimenta diferentes setores da população e ideologias, em prol do interesse capitalista e lucrativo de muitos poucos. 






27/03/2014 - 17h27 | Redação | São Paulo

Parlamento ucraniano aprova medidas de austeridade exigidas pelo FMI

Depois de inicialmente ter votado contra as medidas de austeridade exigidas pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) em troca de ajuda financeira, o parlamento da Ucrânia aprovou nesta quinta-feira (27/03) uma lei a favor do pacote de cortes de gastos.
“A decisão que temos que tomar é extremamente impopular”, disse o líder nacionalista Oleh Tyaynibok ao parlamento. “Mas se essa decisão não for tomada, o presidente Vladimir Putin vai comemorar que a coalizão se dividiu”.
Os ucranianos vão pagar caro pelo empréstimo do FMI, que anunciou hoje ter chegado a um acordo com o novo governo. Os salários e as aposentadorias do funcionalismo serão congelados e os preços do gás vão aumentar -- 50% para a população, a partir de 1° de maio, e 40% para a indústria, a partir de 1° de julho --, conforme antecipou ontem a companhia local Naftogaz.
Além desses cortes, o FMI quer que as novas autoridades de Kiev adotem uma política cambial mais flexível. De acordo com o fundo, devem ser emprestados entre US$ 14 e 18 bilhões ao governo, chegando a US$ 27 bilhões em dois anos. A primeira parcela do empréstimo deve ser paga no final de abril.
O chefe da missão do FMI na Ucrânia, Nikolai Georgiev, declarou que os programas sociais para os mais pobres vão ser ampliados, para beneficiar 30% da população. Estão igualmente previstas medidas de combate à corrupção, "para que a Ucrânia tenha um crescimento sustentável", segundo o FMI.
O novo governo da Ucrânia, que tomou o poder quando o presidente Viktor Yanukovich foi deposto depois de meses de protestos de rua, disse que precisa desesperadamente de dinheiro para cobrir as despesas, incluindo as importações de gás e evitar um possível default da dívida. O primeiro-ministro Arseny Yatsenyuk falou que o país está “à beira da falência econômica e financeira” e que sua economia pode cair 10% neste ano, ao menos que medidas urgentes sejam tomadas.
No ano passado, a economia ucrania registrou um crescimento nulo, enquanto em 2012, o PIB (Produto Interno Bruto) havia crescido apenas 0,2%. No final de novembro, Yanukovich disse que as condições "draconianas" do FMI para outorgar um novo crédito foram a gota d'água para que ele suspendesse a assinatura do Acordo de Associação com a União Europeia.

Fonte: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/34568/parlamento+ucraniano+aprova+medidas+de+austeridade+exigidas+pelo+fmi+.shtml

segunda-feira, 24 de março de 2014

O Japão e sua cultura se caracterizam por reerguer-se das tragédias, seja naturais, como terremotos e tufões, seja as provocadas pela ação humana, como as guerras e as tragédias nucleares, como as bombas atômicas em 1945.

O acidente nuclear na usina de Fukushima é mais umas das tragédias que a sociedade japonesa necessitou e necessita superar, frente ao medo que a radiação e suas consequências produzem nas sociedades atuais. Desde o desenvolvimento de tecnologia que permitiu a utilização da energia nuclear, vários acidentes aconteceram ao redor do mundo e a dúvida sempre é quando e onde será o próximo. Energia nuclear: será que podemos viver sem ela? 

Três anos depois, a luta contra a radiação de Fukushima

Após sofrerem contaminação radioativa, moradores de Namie, próximo à usina, foram retirados do local e agora controlam, eles mesmos, seu estado de saúde
por Deutsche Welle — publicado 12/03/2014 04:54, última modificação 12/03/2014 09:10

Minako Fujiwara lembra com tristeza de seu cachorro, que morreu em junho do ano passado. "Ele perdeu os pelos do pescoço, e a pele escureceu", conta a japonesa de 56 anos. Tais sintomas também foram registrados em animais de Chernobyl. O cão de Minako morreu provavelmente por excesso de radiação. Quando a cidade de Namie, a nove quilômetros da usina nuclear de Fukushima, foi evacuada, a família teve que deixar o animal para trás.
Fora pressão alta, Minako não teve até agora qualquer problema de saúde. Mas o médico Shunji Sekine, de Namie, teme consequências radiológicas também para seres humanos. Em seu consultório, agora em Nihonmatsu, nas redondezas de um assentamento de contêineres que abriga 230 famílias retiradas de Namie, ele examina quase diariamente as tiroides dos habitantes da cidade abandonada. Segundo ele, principalmente crianças e adolescentes estão ameaçados pela captação de iodo radioativo.
"Até agora faltam estudos maiores, mas eu vejo uma conexão entre o acidente nuclear e o câncer", diz o médico, que até a sua aposentadoria no Hospital Universitário de Fukushima trabalhava como especialista em câncer de tiroide e de mama.
Segundo dados oficiais do início de fevereiro, em cerca de 250 mil crianças e adolescentes examinados foram encontrados 33 casos de câncer, ou seja, 13 ocorrências a cada 100 mil habitantes. A cifra é quase quatro vezes maior que a média mundial para todas as faixas etárias.
Mesmo assim, a administração de Fukushima não pretende publicar detalhes relevantes sobre os casos de câncer. Todas as perguntas de Sekine, como, por exemplo, sobre o antigo endereço das crianças com câncer e sobre o seu grau de contaminação permaneceram sem respostas sob alegação de respeito à privacidade de dados. Em vez disso, o assessor de saúde da administração municipal e principal especialista em tiroide do Japão, Shunichi Yamashita, tenta acalmar os ânimos: "Ainda não chegou a hora de se fazer qualquer afirmação. Para tal, ainda temos de esperar novos exames."
Autoridades se calam
Mas a cidade de Namie não quer esperar pela ajuda do governo – não é a primeira vez que uma cidade é, de certa forma, esquecida. Quatro dias após a explosão do reator, em 15 de março de 2011, veio a ordem para evacuar Tsushima, no noroeste. Os moradores foram então enviados para dentro de uma nuvem radioativa invisível e sofreram mais radiação do que se tivessem ficado em casa. As autoridades em Tóquio sabiam muito bem disso devido às previsões de computador. No entanto, elas se calaram, porque temiam pânico.
Devido a essa experiência traumática, Namie coleta o máximo possível de dados sobre os efeitos radioativos, como diz o chefe do departamento de saúde local, Norio Konno. "Queremos manter o controle sobre a saúde de nossos moradores", afirmou.
Se alguém quiser pedir uma indenização da Tepco, então precisa de provas judiciais. Por esse motivo, Namie adquiriu, por conta própria, um scanner corporal, que se encontra agora no assentamento de evacuados em Nihonmatsu. Todos os moradores com menos de 40 anos podem ser examinados, uma vez por ano, para constatar a presença de Césio 134 e 137. O Estado só oferece essa possibilidade apenas a cada dois anos.
Até agora, metade dos moradores de Namie aceitou esse exame extra. No entanto, alguns se recusaram a participar de forma consciente. Kazue Yamagi conta sobre sua filha de 21 anos, que se recusa a examinar a tiroide. "Ela se mudou de Fukushima e evita todas as notícias na TV", disse a mãe da jovem, com tristeza na voz. "Ela também não quer se casar. Ela diz que, como vítima da radiação, não tem mais futuro."
Estigma
Os Hibakusha, como são chamadas as vítimas da radiação de Hiroshima e Nagasaki, são estigmatizados até hoje no Japão. Por esse motivo, também para os que foram retirados de Fukushima deve haver uma lei de apoio como houve para as vítimas das bombas atômicas, exige o chefe do departamento de saúde local. "As pessoas de Namie também se sentem como Hibakusha. Os seus genes contaminados serão herdados ainda por gerações", afirma Konno.
Konno distribuiu passaportes de radiação a todos os moradores, da mesma forma que os usados em Hiroshima e Nagasaki. No passaporte, uma coluna, por exemplo, lembra o portador sobre a prevenção do câncer e o exame de leucemia.
Entre os 3.200 jovens moradores de Namie, houve até agora dois casos de câncer de tiroide. A cifra surpreendeu Shinjii Tokonami, especialista em radiação da Universidade Hirosaki, que assessora a cidade de Namie: "É maior do que o esperado. Possivelmente, o motivo disso está na grande precisão dos aparelhos. É preciso esperar cinco anos e depois mais cinco anos", disse o especialista. "Então podemos dizer alguma coisa."
Mas ele já tem uma tese própria: na verdade, deveria haver até mais casos de câncer de tiroide do que aqueles já constatados. Mas os moradores da costa comem grande quantidade de algas que contêm iodo, disse Tokonami. Por isso, nas tiroides de muitos jovens, sobrou pouco lugar para o iodo contaminado que o reator nuclear espalhou sobre Fukushima.
Autoria Martin Fritz (ca)                                          Edição Rafael Plaisant

Fonte:http://www.cartacapital.com.br/internacional/tres-anos-depois-a-luta-contra-a-radiacao-de-fukushima-5004.html