Quem são os melhores guitarristas de todos os tempos?
Pergunta difícil, pois dependendo o gênero e o gosto musical, as respostas podem ser as mais variadas possíveis. Mas com certeza as listas teriam nomes em comum, podemos ter certeza.
Buscando estabelecer a lista com os 100 melhores guitarristas de todos os tempos, a revista Rolling Stones (http://www.rollingstone.com.br/) reuniu um seleto
grupo de grandes guitarristas e especialistas para indicar quem são os maiores
mestres do instrumento em todos os tempos. Reproduzimos a seguir os 6 primeiros... ficamos aberto aqui a suas considerações e eu concordo com estes nomes, sem sombra de dúvida, embora em outra ordem.
6 B.B. King
Por Billy Gibbons, do ZZ Top
As influências de B.B. foram
estabelecidas há muito tempo. Por ser de Indianola, Mississippi, ele se lembra
do som dos lavradores e das figuras primordiais do blues, como Charley Patton e
Robert Johnson. O fraseamento de uma nota só de T-Bone Walker era outra coisa.
Dá para ouvir essas influências na escolha de melodias que ele canta não só na
parte vocal, mas em como deixa sua guitarra cantar instrumentalmente.
Ele toca em explosões encurtadas, com
riqueza e solidez. E há uma destreza técnica, um fraseamento tocado de maneira
limpa. Eram solos sofisticados. É tão identificável, tão claro que poderia ser
escrito. B.B. é um solista legítimo.
Ele faz duas coisas que fiquei
desesperado para aprender. Criou um fraseado onde toca duas notas ao mesmo
tempo, depois pula para a outra corda e desliza até uma nota. Consigo fazer
isso dormindo agora. E há essa coisa de duas ou três notas na qual ele faz um
bend na última nota. Esses dois truques sempre fazem você se mexer na cadeira –
ou se levantar dela. É poderoso assim.
Houve um momento de
virada, mais ou menos na época de Live at the Regal [de
1965], quando seu som assumiu uma personalidade que hoje é intocável – este
timbre arredondado, no qual o captador de cima e o de baixo estão fora de fase.
E B.B. ainda toca com um amplificador Gibson que não é produzido há muito
tempo. Seu som vem dessa combinação. É simplesmente B.B.
PRINCIPAIS
FAIXAS “3 O’Clock Blues”, “The Thrill Is Gone”,
“Sweet Little Angel”
5 Jeff Beck
Por Mike Campbell
Jeff Beck tem a combinação de técnica
brilhante e personalidade. É como se dissesse: “Sou Jeff Beck. Estou bem aqui,
e você não pode me ignorar”. Até no Yardbirds, ele tinha um timbre que era
melódico, brilhante, urgente e ousado, mas doce ao mesmo tempo. Dava para
perceber o quanto ele era sério e determinado.
Há uma arte real em
tocar com e em torno de um vocalista, respondendo e o pressionando. Essa é a
beleza dos dois discos que ele gravou com Rod Stewart, Truth, de 1968, e Beck-Ola, de 1969.
Ampliou os limites do blues. “Beck’s Bolero”, em Truth, não é blueseira, mas mesmo assim é inspirada no
blues. Uma das minhas faixas preferidas é a cover de “I Ain’t Superstitious”,
de Howlin’ Wolf, em Truth. Há um senso
de humor – aquele wah-wah grunhido. Não sei se Clapton toca com o mesmo senso
de humor, mesmo sendo tão bom. Jeff definitivamente tem isso.
Quando passou pela
fase do fusion, a cover de “Cause We’ve Ended as Lovers”, do Stevie Wonder, em Blow by Blow, me conquistou. O timbre era tão puro e
delicado. É como se houvesse um vocalista cantando, mas havia um guitarrista
fazendo todas as notas. Eu o vi no ano passado em um cassino em São Diego, e a
guitarra era a voz. Você não sentia falta do vocalista, porque a guitarra era
muito lírica. Havia uma espiritualidade e uma confiança nele, um compromisso
com ser ótimo. Depois de ver aquele show, fui para casa e comecei a praticar.
Talvez tenha sido o que aprendi com ele: se você quer ser Jeff Beck, faça a
lição de casa.
PRINCIPAIS
FAIXAS “Beck’s Bolero”, “Freeway
Jam”, “A Day in the Life”, “I Ain’t Superstitious”, “Heart Full of Soul”
4 Keith Richards
Por
Nils Lofgren, da E Street Band
Eu me lembro de estar no ensino médio
ouvindo “Satisfaction” e pirando com o que aquilo fazia comigo. É uma
combinação do riff e dos acordes que se movem por baixo dele. Keith escreveu
temas de duas ou três notas que eram mais poderosos do que qualquer grande
solo. Tocou a guitarra rítmica com vibrato e a solo em “Gimme Shelter”.
Acho que ninguém criou uma ambientação
tão sinistra. Há uma claridade entre essas duas guitarras que deixa um espaço
agourento para Mick Jagger cantar. Ninguém usa afinações alternativas melhor do
que Keith. Essa é a essência das guitarras nos Rolling Stones. Keith encontra a
afinação que permite que o trabalho – as cordas inquietas, depois silenciosas –
encontre o caminho do que ele está sentindo.
Fui ver Keith com o X-Pensive Winos. No
camarim, ele começou a ensaiar um riff de Chuck Berry. Nunca o ouvi soar
daquele jeito. Amo Chuck Berry, mas aquilo era melhor. Não tecnicamente – havia
um conteúdo emocional que falava comigo. O que Chuck é para Keith, Keith é para
mim.
PRINCIPAIS
FAIXAS “(I Can’t Get No) Satisfaction”, “Gimme
Shelter
3 Jimmy Page
Por Joe Perry
Ouvir o que Jimmy Page faz na guitarra
faz você viajar. Como guitarrista solo, ele sempre toca a coisa certa para o
momento certo – tem um gosto incrível. O solo em “Heartbreaker” tem uma
urgência tão sensacional; ele está cambaleando à beira de sua técnica e ainda
assim domina o show. Só que não dá para olhar apenas para seu jeito de tocar
guitarra.
Você tem de ver o que ele fez no
estúdio e como usou isso nas músicas que compôs e produziu. Jimmy construiu um
catálogo imenso de experiências no Yardbirds e como músico de estúdio, então,
quando gravou o primeiro disco do Led Zeppelin, sabia exatamente que tipo de
sons queria obter.
Ele tinha esta visão de como
transcender os estereótipos do que a guitarra pode fazer. Se você seguir a
guitarra em “The Song Remains the Same” o tempo inteiro, ela evolui através de
tantas mudanças diferentes – mais alta, mais quieta, mais suave, mais alta de
novo. Ele compunha, tocava, produzia as músicas – não consigo pensar em outro
guitarrista desde Les Paul que possa reivindicar algo parecido.
PRINCIPAIS
FAIXAS “Dazed and Confused”, “Heartbreaker”,
“Kashmir”
2 Eric Clapton
Por
Eddie Van Halen
Eric Clapton é basicamente o único
guitarrista que me influenciou – embora eu não soe como ele. Havia uma
simplicidade em seu jeito, seu estilo, sua vibração e seu som. Ele pegou uma
Gibson, plugou-a em um amplificador Marshall, e pronto. O básico. O blues. Seus
solos eram melódicos e memoráveis – e é assim que solos de guitarra devem ser,
uma parte da música. Eu poderia murmurá-los para você.
O que eu realmente
gostava eram as gravações ao vivo do Cream, porque dava para ouvir os três
músicos tocando. Se você escutar “I’m So Glad”, do disco Goodbye, realmente ouve os três – e Jack Bruce e Ginger
Baker eram dois músicos de jazz, impulsionando Clapton. Li uma vez que Clapton
disse: “Eu não sabia o que diabos estava fazendo”. Ele estava só tentando
acompanhar os outros dois!
Depois do Cream, ele mudou. Quando
começou a fazer “I Shot the Sheriff” e outras coisas, e quando se juntou a
Delaney & Bonnie, todo o seu estilo mudou. Pelo menos o seu som. Seu foco
estava mais em cantar do que tocar. Eu o respeito por tudo o que fez e ainda
faz – mas o que me inspirou, o que me fez pegar uma guitarra, foram seus
primeiros trabalhos. Eu poderia tocar alguns daqueles solos agora – estão
permanentemente gravados no meu cérebro. Aquele som baseado no blues ainda é o
cerne da guitarra do rock moderno.
PRINCIPAIS
FAIXAS “Bell Bottom Blues”, “Crossroads”, “White
Room”
1 Jimi Hendrix
Por
Tom Morello
Jimi Hendrix explodiu nossa ideia do
que o rock poderia ser: ele manipulou a guitarra, a alavanca, o estúdio e o
palco. Em músicas como “Machine Gun” ou “Voodoo Child”, seus instrumentos são
como uma vareta sensorial dos turbulentos anos 60 – dá para ouvir os tumultos
nas ruas e as bombas de napalm explodindo em sua versão para “Star-Spangled
Banner”.
Seu estilo de tocar era sem esforço.
Não há um minuto de sua carreira gravada que deixe transparecer que ele está
dando duro naquilo – parece que tudo flui através dele. A música mais bonita do
cânone de Jimi Hendrix é “Little Wing”. É simplesmente essa coisa linda que,
como guitarrista, você pode estudar a vida inteira e não tocar, nunca penetrar
nela da forma como ele faz.
Hendrix tece uniformemente acordes com
trechos de uma só nota e usa sequências de acordes que não aparecem em nenhum
livro de música. Seus riffs eram um demolidor funk pré-metal e seus solos eram
uma viagem elétrica de LSD até as encruzilhadas, onde ele humilhava o diabo.
Há discussões sobre quem foi o primeiro
guitarrista a usar feedback. Não tem importância, porque Hendrix o usou melhor
do que ninguém: pegou o que se tornaria o funk dos anos 70 e o fez atravessar
uma pilha de amplificadores Marshall, de uma forma que ninguém fez desde então.
É impossível pensar no que Jimi estaria
fazendo agora; ele parecia ter uma personalidade bem volátil. Seria um político
idoso do rock? Seria Sir Jimi Hendrix? Ou estaria fazendo uma temporada em Las
Vegas? A boa notícia é que seu legado está garantido como o maior guitarrista
de todos os tempos.
PRINCIPAIS
FAIXAS “Purple Haze”, “Foxy Lady”,
“The Star-Spangled Banner”, “Hey Joe”
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