Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!

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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013


Contos de fadas dos Irmãos Grimm

No bicentenário da publicação, um encontro com narrativas orais da Idade Média contadas em uma estética textual que moldaria a Literatura Infantil e faria as histórias da carochinha universais. Foto: akg images/latinstock

Por Karin Volobuef* 

Os contos coletados e editados pelos Irmãos Grimm continuam vivos e atuais, mantendo como nunca seu poder de encantar crianças e adultos, mesmo tendo se passado 200 anos desde a sua primeira aparição em livro. A obra dos irmãos foi decisiva para moldar nossa concepção de Literatura Infantil e impulsionar os estudos e a coleta de folclore, tendo contribuído para diversas áreas, dentre as quais a filologia, a antropologia e a literatura comparada.
Cinderela, Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho e tantos outros personagens de contos de fadas nos acompanham desde as nossas primeiras impressões de infância. São parte integrante de nossa cultura e formação como leitores, fundamentais para estimular a nossa capacidade de imaginação. Os personagens dos contos dos Grimm povoam filmes, desenhos animados, brinquedos e uma infinidade de outros produtos e artefatos, de modo que podemos duvidar que hoje possa haver alguém que nunca tenha ouvido falar no sapo que virou príncipe ou na casinha de doces onde mora uma bruxa malvada.
Por volta do Natal de 1812, saiu o primeiro volume de seus Contos de Fadas para o Lar e as Crianças (em alemão: Kinder-und Hausmärchen), seguindo-se o segundo volume em 1815. Em comemoração a essa data e ao feito dos Grimm, a Editora Cosac&Naify acaba de lançar Contos Maravilhosos Infantis e Domésticos, que reúne os dois volumes dos textos originais traduzidos por Christine Röhrig e com ilustrações em cordel de J.Borges. 
Os Irmãos Grimm 
Jacob Grimm (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859) nasceram na cidade de Hanau (no estado de Hessen, na região central da Alemanha), de uma família de pastores da Igreja Calvinista Reformada. Os pais, Philipp Wilhelm Grimm e Dorothea Grimm, tiveram nove filhos, dos quais apenas seis chegaram à idade adulta. A infância dos irmãos foi vivida na aldeia de Steinau, onde o pai atuava como funcionário de Justiça e Administração do Conde de Hessen.
A morte súbita do pai em 1796 lançou a família na miséria, e os dois filhos mais velhos, Jacob e Wilhelm, foram enviados em 1798 para morar com a tia, na cidade de Kassel, onde cursaram o Ensino Médio no Friedrichsgymnasium, como preparo para o estudo do Direito, que ambos iniciaram a seguir, junto à Universidade de Marburg.
Um de seus professores, Friedrich Carlvon Savigny, percebeu a disposição dos irmãos para a pesquisa de antigos manuscritos e documentos históricos e colocou à disposição sua biblioteca particular, familiarizando-os assim com as obras do Romantismo e com as cantigas de amor medievais. Nesse momento, foi decisivo para os irmãos o pensamento de Johann Gottfried Herder, que com sua antologia de Canções Populares (Volkslieder, 1878/1879) havia apontado para a importância cultural da poesia popular contemporânea e de tempos remotos.
Um evento de natureza política ainda concorreu para moldar a trajetória dos irmãos. Com o avanço do exército francês pelos territórios alemães adentro, em 1807 a cidade de Kassel passou a ser governada pelo irmão de Napoleão, Jérôme Bonaparte, que a designou capital do recém-instaurado Reino da Vestfália. Essa situação criou as condições para que os Grimm voltassem o olhar para a Idade Média de maneira muito distinta do fascínio manifestado até então pelo Romantismo. Ao contrário dos românticos, que tendiam a idealizar a Idade Média, os Grimm focalizaram o passado em busca de explicação para as condições vividas no presente pelas terras alemãs (que culturalmente se submetiam aos modelos vigentes na França e que viriam a se unificar política e economicamente como país, formando a Alemanha de hoje, apenas em 1871, muitos anos após a morte de ambos os irmãos).
O medievalismo dos Grimm tingiu-se, assim, da conotação de resistência à ocupação estrangeira e pautou-se pela tentativa de recuperação da identidade nacional por meio da busca de suas raízes culturais. Tais raízes estariam, justamente, no reservatório linguístico e no material folclórico de origem popular. Como resultado, os Grimm dedicaram suas vidas à criação de um dicionário filológico da língua alemã, à elaboração de livros sobre gramática e história da língua alemã, à reunião de mitos, lendas, baladas e, é claro, contos de fadas. Os contos foram sendo coletados, revisados e divulgados ao longo de décadas, desde 1812 até a edição definitiva, em 1857, última em vida dos irmãos.
A coleta de contos populares
Após os estudos universitários, os Grimm fixaram-se em Kassel e passaram a ganhar a vida como bibliotecários. Por intermédio de seu mentor, o professor Von Savigny, eles foram contatados pelos escritores Achim von Arnim e Clemens Brentano para que colaborassem na realização de A Cornucópia Mágica do Menino (3 vols., 1805-1808), antologia de canções populares com um anexo contendo cantigas infantis. A cooperação nesse projeto serviu-lhes de treino, e os irmãos ganharam experiência na coleta e publicação de textos antigos tanto de cunho literário quanto popular.
O contato com Brentano foi decisivo para chamar a atenção para o filão das narrativas populares registradas em livros antigos. Através de Brentano, os Grimm também tomaram conhecimento da obra Conto dos Contos, em que Giambattista Basile reuniu narrativas por ele colhidas da oralidade popular na Itália, antes da publicação dos contos de Perrault na França (1697).
Como bibliotecários, os Grimm tinham fácil acesso a textos e manuscritos raros, e dentro em pouco descobriram um volume de Johann Michael Moscherosch contendo o conto O Camundongo, o Passarinho e a Linguiça. Daí em diante os irmãos nunca abandonaram a prática de buscar narrativas em fontes impressas, passando inclusive a acolher textos publicados em sua época, como O Pescador e sua Mulher O Pé de Zimbro, coligidos por Philipp Otto Runge e publicados em jornal em julho de 1808.
Logo, no entanto, eles passaram a buscar fontes orais e, para isso, recorreram a amigos e conhecidos. Dessa forma, além das 16 narrativas absorvidas de publicações e manuscritos, o primeiro volume de contos de fadas dos Grimm, publicado em 1812, contém contribuições de Dorothea Wild e suas quatro filhas (família do farmacêutico local; uma das filhas, também chamada Dorothea, casou-se em 1825 com Wilhelm Grimm), das irmãs Hassenpflug (descendentes de franceses huguenotes e amigas de Charlotte, a única irmã dos Grimm), de Johann Friedrich Krause (filho de sapateiro e vigia, que recebia de Wilhelm uma peça de roupa usada em troca de cada narrativa que ele lhe contava) e de Friederike Mannel (filha de pastor e professora de escola privada em Allendorf), entre outros.
A contribuição de maior envergadura, porém, veio de Katharina Dorothea Viehmann (1755-1815), apelidada de “Viehmännin”. Ela era a mulher de um alfaiate da aldeia de Niederzwehren e costumava dirigir-se a Kassel para vender frutas, indo constantemente à casa dos Grimm para abastecê-la de ovos e verduras. É dela que veio grande quantidade de contos, e muitas vezes suas versões acabaram substituindo outras que haviam sido coletadas anteriormente e até já publicadas. No total, ela forneceu 37 contos, os quais formaram o miolo do segundo volume, publicado em 1815. Ela foi a maior tributária dos Grimm, ficando conhecida como “a mulher dos contos de fadas” (Märchenfrau).
Ao contrário do que usualmente se assume, os Grimm não viajaram pelas áreas rurais da Alemanha à cata de contos, tampouco se sentaram ao pé de velhas camponesas para escutar suas narrações. Estudiosos e letrados, os Grimm procederam a um complexo trabalho de depuração dos textos, que não apenas os adequou ao público-alvo do espaço doméstico da classe média burguesa, como também lapidou seu caráter estético, potencializando assim seu efeito artístico.
As versões dos contos dos Grimm
O Romantismo alemão conferiu grande importância aos contos de fadas e ao elemento mágico em geral, ou maravilhoso, conforme atestam as obras de escritores como Ludwig Tieck (O Loiro Eckbert), Clemens Brentano (Contos de Fadas do Reno) ou Friedrich de la Motte Fouqué (Ondina). Na obra desses autores, o conto de fadas popular é tratado como uma matriz ou fonte de inspiração para a livre criação ou invenção de histórias.
Os Grimm, ao contrário, nunca alteraram enredos ou adicionaram novos personagens. Isso não significa que eles tenham tratado as narrativas recolhidas com total imparcialidade ou fidelidade científica.
Guiando-se por sua sensibilidade literária e também por um “ideal de conto”, os irmãos, em especial Wilhelm, pretendiam trazer a lume um material que mais se aproximasse da “narrativa primordial”, a partir da qual teriam sido geradas as várias versões que circulavam na oralidade. Quando começaram a se ocupar das narrativas de cunho antigo e popular, os Grimm logo perceberam as gritantes semelhanças entre certos contos distintos, a exemplo de A Gata Borralheira Mil Peles, ou ainda entre contos e mitos, como A Bela Adormecida e o mito de Sigfried (ou Sigurd, na Saga dos Volsungos), herói que resgata uma valquíria de seu sono secular. Os Grimm consideravam que é possível depreender de tais similaridades uma origem compartilhada, ou a existência, num passado remoto, de uma narrativa primordial que teria se modificado ao longo das gerações de contadores, dando origem a um múltiplo de narrativas no presente.
Assim, quando um conto lhes chegava narrado por vários contadores, os Grimm selecionavam a versão mais próxima da forma primitiva ou original. Outras vezes mesclavam partes de uma versão com outras, a fim de alcançar o mesmo objetivo. Eles não tinham em vista a cristalização dos contos na forma exata em que os tinham ouvido, mas a conservação de um protótipo ideal, em que estaria espelhada a ascendência comum das múltiplas formas da narrativa popular oral: contos de fadas, mitos, fábulas, lendas, sagas… Os contos foram sendo revistos a cada nova edição, buscando-se destilar sua essência prototípica. Ao longo dos anos, contos recém-coletados iam sendo acrescidos à antologia, outros foram excluídos, o que, no final, levou a um gradual aumento no número de narrativas. Em 1857, a sétima e última edição preparada por Wilhelm Grimm continha 200 contos de fadas e dez legendas infantis.
Rejeitando alterações profundas e arbitrárias, os Grimm realizaram diversas mudanças: expandiram o tamanho de descrições, buscando torná-las mais vívidas e cativantes; substituíram o discurso indireto (fala do narrador) pelo direto (fala de personagens); reduziram as orações subordinadas, simplificando assim os períodos que antes estavam longos demais; subtraíram repetições inúteis e expressões desajeitadas; adaptaram a expressão em dialeto, passando-a para o alemão-padrão. Essa atuação sistemática sobre a forma dos contos resultou em uma antologia dotada de um estilo bastante uniforme e coerente que, hoje em dia, faz dos contos um verdadeiro modelo do que seria um “típico conto de fadas”.
* Doutora em Literatura Alemã, professora do Departamento de Letras Modernas da Unesp (Araraquara), pesquisa conto de fadas maravilhoso e é autora, entre outros, de Mito e Magia (2011)
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/carta-fundamental/contos-de-fadas-dos-irmaos-grimm/

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013



2012 ficou marcado para uma quantidade significativa de pessoas como o ano que o mundo iria terminar. Fiquei muito, mas muito preocupado mesmo, (não com o fim do mundo obviamente) mas a forma como essa ideia era levada a sério por pessoas que convivia diariamente. Na véspera, ouvi comentários de pessoas que não iriam trabalhar no dia 21 de dezembro com medo do fim do mundo... 

Embora não concorde com alguns trechos, o texto a seguir de Ulisses Capozzoli, editor-chefe da Revista Scientific American Brasil é uma boa dica de como precisamos acreditar e divulgar menos boatos e trabalharmos mais para a melhoria do mundo em que vivemos!



Um retorno à Idade Média 
                                                                                                   
Ulisses Capozzoli
 
Terminar 2012 sob boataria, prevendo o fim do mundo em 21 de dezembro, certamente merece alguma reflexão.
Na segunda década do século 21, quando a Voyager-2 se encontra a mais de 18 bilhões de km da Terra, uma navegação que convive com temores típicos do passado pré-científico evoca um paradoxo perturbador.

Navegamos rumo a outras estrelas, ao mesmo tempo em que retrocedemos no tempo e vivenciamos temores típicos da Idade Média.

O que levou multidões nas mais diferentes regiões do mundo a dar crédito a uma fabulação sem qualquer sentido racional e temer, uma vez mais, o fim da humanidade?
Várias questões podem ser levadas em conta para uma resposta possível e, em conjunto, é possível que elas forneçam uma ideia satisfatória.
Vivemos uma crise de valores em que, de maneira geral, o que era não é mais e o que deve ser ainda não é.

A sucessão e o ritmo de mudanças a que estamos submetidos dificulta a percepção de uma ideia de processo e o resultado disso é um movimento desencontrado, profundamente desestabilizador do ponto de vista da estabilidade emocional.
Em pleno século 21 é possível que, com a ideia de fim do mundo, tenhamos de volta conceitos típicos de uma época pré-científica, da ciência mágica que antecedeu a ciência moderna.

É como se tudo pudesse ser processado de um único golpe e assim fosse possível retornar àquilo que os mitólogos conhecem como a “idade dourada”, uma época em que, supostamente, habitássemos o paraíso.

É possível que estejamos vivendo um retrocesso orquestrado por certo fundamentalismo de fundo religioso, refratário a princípios de racionalidade que formam a base do pensamento científico e de uma realidade pretensamente contemporânea.
Como o mundo não acabou, que justificativa fornecerão aos incautos que lhes deram crédito uma diversidade de gurus, embusteiros, oportunistas e desajustados psíquicos de várias ordens?

Seguramente dirão que rituais, entre outras práticas desenvolvidas em diferentes regiões do mundo, tidas como “seguras para enfrentar o fim do mundo”, foram  responsáveis pela manutenção da naturalidade das coisas, ou seja, impediram que o mundo viesse abaixo como anunciado.

E assim continuarão explorando um filão rentável que extrai do desconhecimento mínimo de princípios naturais, lucros e outras vantagens indevidas.
Talvez não faça sentido atribuir a uma indústria de entretenimento gananciosa e desprovida de elementares sentidos de ética a responsabilidade por este momentâneo (?) retorno ao obscurantismo.

Mas não se pode dizer que essa versão inescrupulosa da indústria de lazer não tenha dado sua contribuição significativa para que as coisas tenham chegado a esse nível de retrocesso.

Ainda na quinta-feira à noite, pelo menos dois canais de uma rede de TV por assinatura alimentavam um clima de dúvida e insegurança numa programação com a participação de “autores” e “pesquisadores” , gente destituída de qualquer base lógica, para não falar em equívocos elementares, erros grotescos e citações e comparações despudoradamente indevidas.

O mundo de fato não acabou. Mas talvez não esteja muito longe disso.
As trevas do obscurantismo, oportunismos e retrogradação há muito tempo não demonstravam o quanto estão manipulando a história das mentalidades.

Fonte: http://blogdasciam.blog.uol.com.br/

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013


Quem são os melhores guitarristas de todos os tempos?

Pergunta difícil, pois dependendo o gênero e o gosto musical, as respostas podem ser as mais variadas possíveis. Mas com certeza as listas teriam nomes em comum, podemos ter certeza. 

Buscando estabelecer a lista com os 100 melhores guitarristas de todos os tempos, a revista Rolling Stones (http://www.rollingstone.com.br/) reuniu um seleto grupo de grandes guitarristas e especialistas para indicar quem são os maiores mestres do instrumento em todos os tempos. Reproduzimos a seguir os 6 primeiros... ficamos aberto aqui a suas considerações e eu concordo com estes nomes, sem sombra de dúvida, embora em outra ordem.

6 B.B. King
 


Por Billy Gibbons, do ZZ Top

As influências de B.B. foram estabelecidas há muito tempo. Por ser de Indianola, Mississippi, ele se lembra do som dos lavradores e das figuras primordiais do blues, como Charley Patton e Robert Johnson. O fraseamento de uma nota só de T-Bone Walker era outra coisa. Dá para ouvir essas influências na escolha de melodias que ele canta não só na parte vocal, mas em como deixa sua guitarra cantar instrumentalmente.
Ele toca em explosões encurtadas, com riqueza e solidez. E há uma destreza técnica, um fraseamento tocado de maneira limpa. Eram solos sofisticados. É tão identificável, tão claro que poderia ser escrito. B.B. é um solista legítimo.
Ele faz duas coisas que fiquei desesperado para aprender. Criou um fraseado onde toca duas notas ao mesmo tempo, depois pula para a outra corda e desliza até uma nota. Consigo fazer isso dormindo agora. E há essa coisa de duas ou três notas na qual ele faz um bend na última nota. Esses dois truques sempre fazem você se mexer na cadeira – ou se levantar dela. É poderoso assim.
Houve um momento de virada, mais ou menos na época de Live at the Regal [de 1965], quando seu som assumiu uma personalidade que hoje é intocável – este timbre arredondado, no qual o captador de cima e o de baixo estão fora de fase. E B.B. ainda toca com um amplificador Gibson que não é produzido há muito tempo. Seu som vem dessa combinação. É simplesmente B.B.

PRINCIPAIS FAIXAS “3 O’Clock Blues”, “The Thrill Is Gone”, “Sweet Little Angel”

5 Jeff Beck


Por Mike Campbell

Jeff Beck tem a combinação de técnica brilhante e personalidade. É como se dissesse: “Sou Jeff Beck. Estou bem aqui, e você não pode me ignorar”. Até no Yardbirds, ele tinha um timbre que era melódico, brilhante, urgente e ousado, mas doce ao mesmo tempo. Dava para perceber o quanto ele era sério e determinado.
Há uma arte real em tocar com e em torno de um vocalista, respondendo e o pressionando. Essa é a beleza dos dois discos que ele gravou com Rod Stewart, Truth, de 1968, e Beck-Ola, de 1969. Ampliou os limites do blues. “Beck’s Bolero”, em Truth, não é blueseira, mas mesmo assim é inspirada no blues. Uma das minhas faixas preferidas é a cover de “I Ain’t Superstitious”, de Howlin’ Wolf, em Truth. Há um senso de humor – aquele wah-wah grunhido. Não sei se Clapton toca com o mesmo senso de humor, mesmo sendo tão bom. Jeff definitivamente tem isso.

Quando passou pela fase do fusion, a cover de “Cause We’ve Ended as Lovers”, do Stevie Wonder, em Blow by Blow, me conquistou. O timbre era tão puro e delicado. É como se houvesse um vocalista cantando, mas havia um guitarrista fazendo todas as notas. Eu o vi no ano passado em um cassino em São Diego, e a guitarra era a voz. Você não sentia falta do vocalista, porque a guitarra era muito lírica. Havia uma espiritualidade e uma confiança nele, um compromisso com ser ótimo. Depois de ver aquele show, fui para casa e comecei a praticar. Talvez tenha sido o que aprendi com ele: se você quer ser Jeff Beck, faça a lição de casa.

PRINCIPAIS FAIXAS “Beck’s Bolero”, “Freeway Jam”, “A Day in the Life”, “I Ain’t Superstitious”, “Heart Full of Soul”

4 Keith Richards

 

Por Nils Lofgren, da E Street Band

Eu me lembro de estar no ensino médio ouvindo “Satisfaction” e pirando com o que aquilo fazia comigo. É uma combinação do riff e dos acordes que se movem por baixo dele. Keith escreveu temas de duas ou três notas que eram mais poderosos do que qualquer grande solo. Tocou a guitarra rítmica com vibrato e a solo em “Gimme Shelter”.
Acho que ninguém criou uma ambientação tão sinistra. Há uma claridade entre essas duas guitarras que deixa um espaço agourento para Mick Jagger cantar. Ninguém usa afinações alternativas melhor do que Keith. Essa é a essência das guitarras nos Rolling Stones. Keith encontra a afinação que permite que o trabalho – as cordas inquietas, depois silenciosas – encontre o caminho do que ele está sentindo.
Fui ver Keith com o X-Pensive Winos. No camarim, ele começou a ensaiar um riff de Chuck Berry. Nunca o ouvi soar daquele jeito. Amo Chuck Berry, mas aquilo era melhor. Não tecnicamente – havia um conteúdo emocional que falava comigo. O que Chuck é para Keith, Keith é para mim.
PRINCIPAIS FAIXAS “(I Can’t Get No) Satisfaction”, “Gimme Shelter


3 Jimmy Page


Por Joe Perry

Ouvir o que Jimmy Page faz na guitarra faz você viajar. Como guitarrista solo, ele sempre toca a coisa certa para o momento certo – tem um gosto incrível. O solo em “Heartbreaker” tem uma urgência tão sensacional; ele está cambaleando à beira de sua técnica e ainda assim domina o show. Só que não dá para olhar apenas para seu jeito de tocar guitarra.
Você tem de ver o que ele fez no estúdio e como usou isso nas músicas que compôs e produziu. Jimmy construiu um catálogo imenso de experiências no Yardbirds e como músico de estúdio, então, quando gravou o primeiro disco do Led Zeppelin, sabia exatamente que tipo de sons queria obter.
Ele tinha esta visão de como transcender os estereótipos do que a guitarra pode fazer. Se você seguir a guitarra em “The Song Remains the Same” o tempo inteiro, ela evolui através de tantas mudanças diferentes – mais alta, mais quieta, mais suave, mais alta de novo. Ele compunha, tocava, produzia as músicas – não consigo pensar em outro guitarrista desde Les Paul que possa reivindicar algo parecido.
PRINCIPAIS FAIXAS “Dazed and Confused”, “Heartbreaker”, “Kashmir”

2 Eric Clapton

 

Por Eddie Van Halen

Eric Clapton é basicamente o único guitarrista que me influenciou – embora eu não soe como ele. Havia uma simplicidade em seu jeito, seu estilo, sua vibração e seu som. Ele pegou uma Gibson, plugou-a em um amplificador Marshall, e pronto. O básico. O blues. Seus solos eram melódicos e memoráveis – e é assim que solos de guitarra devem ser, uma parte da música. Eu poderia murmurá-los para você.
O que eu realmente gostava eram as gravações ao vivo do Cream, porque dava para ouvir os três músicos tocando. Se você escutar “I’m So Glad”, do disco Goodbye, realmente ouve os três – e Jack Bruce e Ginger Baker eram dois músicos de jazz, impulsionando Clapton. Li uma vez que Clapton disse: “Eu não sabia o que diabos estava fazendo”. Ele estava só tentando acompanhar os outros dois!

Depois do Cream, ele mudou. Quando começou a fazer “I Shot the Sheriff” e outras coisas, e quando se juntou a Delaney & Bonnie, todo o seu estilo mudou. Pelo menos o seu som. Seu foco estava mais em cantar do que tocar. Eu o respeito por tudo o que fez e ainda faz – mas o que me inspirou, o que me fez pegar uma guitarra, foram seus primeiros trabalhos. Eu poderia tocar alguns daqueles solos agora – estão permanentemente gravados no meu cérebro. Aquele som baseado no blues ainda é o cerne da guitarra do rock moderno.
PRINCIPAIS FAIXAS “Bell Bottom Blues”, “Crossroads”, “White Room”

1 Jimi Hendrix

 

Por Tom Morello

Jimi Hendrix explodiu nossa ideia do que o rock poderia ser: ele manipulou a guitarra, a alavanca, o estúdio e o palco. Em músicas como “Machine Gun” ou “Voodoo Child”, seus instrumentos são como uma vareta sensorial dos turbulentos anos 60 – dá para ouvir os tumultos nas ruas e as bombas de napalm explodindo em sua versão para “Star-Spangled Banner”.
Seu estilo de tocar era sem esforço. Não há um minuto de sua carreira gravada que deixe transparecer que ele está dando duro naquilo – parece que tudo flui através dele. A música mais bonita do cânone de Jimi Hendrix é “Little Wing”. É simplesmente essa coisa linda que, como guitarrista, você pode estudar a vida inteira e não tocar, nunca penetrar nela da forma como ele faz.
Hendrix tece uniformemente acordes com trechos de uma só nota e usa sequências de acordes que não aparecem em nenhum livro de música. Seus riffs eram um demolidor funk pré-metal e seus solos eram uma viagem elétrica de LSD até as encruzilhadas, onde ele humilhava o diabo.
Há discussões sobre quem foi o primeiro guitarrista a usar feedback. Não tem importância, porque Hendrix o usou melhor do que ninguém: pegou o que se tornaria o funk dos anos 70 e o fez atravessar uma pilha de amplificadores Marshall, de uma forma que ninguém fez desde então.
É impossível pensar no que Jimi estaria fazendo agora; ele parecia ter uma personalidade bem volátil. Seria um político idoso do rock? Seria Sir Jimi Hendrix? Ou estaria fazendo uma temporada em Las Vegas? A boa notícia é que seu legado está garantido como o maior guitarrista de todos os tempos.
PRINCIPAIS FAIXAS “Purple Haze”, “Foxy Lady”, “The Star-Spangled Banner”, “Hey Joe”

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Quais são os álbuns musicais recordistas em vendas? Com algumas pesquisas, chegamos ao site da Revista Rolling Stones (www.rollingstone.com.br), que organizou a lista dos três mais vendidos nas últimas décadas (1950 à década atual). 

Os dados foram coletados com base no livro The 100 Best Selling Albuns, série de volumes divididos por décadas (da década de 50 até os anos 00), e também em dados da RIAA (Recording Industry Association of America). Que fique claro não ser uma lista dos melhores álbuns da história, mas sim os que tiveram o maior número de vendas. 

Até o momento, Michael Jackson lidera a lista dos mais vendidos no mundo, com o álbum Thriller, lançado em 1983, somando mais de 65 milhões de cópias certificadas (e vendas estimadas de 110 milhões, embora a RIAA não confirme esse número). Na sequência, com cerca de 50 milhões de cópias temos Back in Black, AC/DC (1980) e The Dark Side of the Moon, Pink Floyd (1973).

Os discos mais vendidos em todo o mundo

Não é segredo que Michael Jackson lidere o ranking de discos mais vendidos em todo o mundo. Thriller, lançado em 1983, soma mais de 65 milhões de cópias certificadas (e vendas estimadas de 110 milhões, embora a RIAA não confirme esse número). Michael ainda aparece na 4ª posição com Bad (1987) - acrescente mais 45 milhões de discos vendidos na conta do Rei do Pop. The Dark Side of the Moon, do Pink Floyd, e Back in Black, do AC/DC, já venderam, cada um, mais de 50 milhões de cópias. Eis os três discos mais vendidos no mundo em todos os tempos:


1) Thriller, Michael Jackson (1983)

2) Back in Black, AC/DC (1980)

3) The Dark Side of the Moon, Pink Floyd (1973)

Década de 1950: 

1) Elvis' Christmas Album, Elvis Presley (1957) 
2) My Fair Lady, Trilha Sonora da Peça (1956) 
3) Kind of Blue, Miles Davis (1959)

Década de 1960:

1) The Beatles (o Álbum Branco), The Beatles (1968) 
2) Led Zeppelin 2, Led Zeppelin (1967) 
3) Abbey Road, The Beatles (1969)

Anos 60

Essa é a década em que o rock domina as paradas e promove uma mudança cultural intensa na sociedade. Dos 100 álbuns mais vendidos da década de 60, 13 são dos Beatles. Bob Dylan aparece com seis discos recordistas seguido por Monkees e Elvis Presley. O Top Ten é dividido apenas entre Beatles, Led Zeppelin e Monkees. Os três discos mais vendidos são:


1) The Beatles (o Álbum Branco), The Beatles (1968)

2) Led Zeppelin 2, Led Zeppelin (1967)

3) Abbey Road, The Beatles (1969)

Década de 1970:

1) The Wall, Pink Floyd (1979) 
2) Led Zeppelin IV, Led Zeppelin (1971) 
3) Rumors, Fleetwood Mac (1977)

Anos 70


O rock and roll continuou dominando as paradas na década 70. O grande campeão de vendas do período é o Led Zeppelin, que colocou seis discos entre os 60 mais vendidos. O Pink Floyd cravou quatro, incluindo o primeiro lugar:


1) The Wall, Pink Floyd (1979)

2) Led Zeppelin IV, Led Zeppelin (1971)

3) Rumors, Fleetwood Mac (1977)

Década de 1980:

1) Thriller, Michael Jackson (1982) 
2) Back in Black, AC/DC (1980) 
3) Born In The U.S.A., Bruce Springsteen (1984)

Década de 1990:

1) Come On Over, Shania Twain (1997) 
2) The Bodyguard, Whitney Houston (1992) 
3) Jagged Little Pill, Alanis Morissette (1996)

Década de 2000:

1) 1, The Beatles (2000) 
2) No Strings Attached, 'N Sync (2000) 
3) Come Away With Me, Norah Jones (2002)

Como a década de 2010 ainda é recente, não postaremos aqui os dados preliminares, pois com certeza muita coisa irá mudar nos próximos anos!