Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!

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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Nem precisaria tecer maiores comentários acerca da notícia abaixo, mas retrata como ainda precisamos entender no Brasil os processos que envolveram a escravidão de pessoas africanas ao longo de séculos e de como os modelos econômicos em vigor reforçaram ou refutaram este tipo de comércio.

A história do Brasil e suas revisões nas últimas décadas tenham nos proporcionado outros olhares e compreendermos estes processos, no campo teórico e dos movimentos sociais, mas precisamos fazer estas visões ganharem espaço nos ambientes educacionais e na sociedade como um todo. 

Embora em inglês, para quem quiser conhecer, a página do Museu Internacional da Escravidao (International Slavery Museum) citado no texto é http://www.liverpoolmuseums.org.uk/ism/

 28/02/2013 - 17h33 | Maurício Hashizume/Repórter Brasil

Arquivo mostra como escravidão enriqueceu os ingleses

Museu em Liverpool explica como o tráfico de escravos foi central para a Revolução Industrial
 
 Há uma expressão em inglês que resume a "naturalidade" da dinâmica mercantil: business as usual, ou seja, um negócio comum, como outro qualquer. Pois é assim que o Museu Internacional da Escravidão retrata o comércio transatlântico de escravos, que vigorou dos séculos XVI ao XIX.

Inaugurado na famosa cidade dos Beatles em 23 de agosto de 2007 – por ocasião dos 200 anos do Ato pela Abolição do Comércio de Escravos -, o museu inglês expõe os fundamentos econômicos da escravidão. Cumpre, dessa maneira, os três principais objetivos a que se propõe: mostrar como milhões de africanos foram escravizados, evidenciar a participação crucial de Liverpool (e da Inglaterra como um todo) no processo, e enfatizar as consequências dessa exploração para as diferentes partes envolvidas.

Os conteúdos dos painéis que fazem parte do museu, localizado na revitalizada Albert Dock, servem de complemento ao (pouco) que se aprende sobre a escravidão nos bancos escolares do Brasil, uma ex-colônia de Portugal - nação que aliás sucumbiu justamente diante da ascensão inglesa.

São três seções montadas para os visitantes. A primeira busca mostrar um pouco da vida e da cultura da África Ocidental: com a reconstituição de parte de uma vila do povo Igbo e a exibição do artesanato, das manifestações culturais e dos conhecimentos tradicionais desta região da África. Nesse segmento inicial, os organizadores do museu priorizam a valorização da diversidade cultural do continente africano, definido como "berço das civilizações", do qual "todos nós somos descendentes".

Os alicerces econômicos do comércio transatlântico de escravos aparecem na segunda parte do museu, chamada de "passagem do meio". Depois de recuperar (e condenar) o pensamento racista adotado como justificativa para as intervenções coloniais ("superiores" em comparação com os nativos "bárbaros") por parte dos "conquistadores" europeus (primeiro portugueses e espanhóis, depois principalmente ingleses, franceses e holandeses), as placas e objetos históricos do acervo compõem uma desconstrução reveladora das transações triangulares entre Europa, África e América.

Alma do negócio

Nunca foi segredo que o comércio transatlântico de escravos atendia uma demanda por mão-de-obra, pois as nações europeias estavam interessadas em aumentar a produção de gêneros como açúcar, café, algodão e tabaco em território colonial para abastecer o crescente consumo europeu. Não havia braços suficientes nas próprias colônias, já que muitos nativos foram dizimados, fugiram ou ficaram doentes com as invasões dos "conquistadores".
 
 A forma como essas operações de tráfico negreiro eram organizadas, no entanto, nunca mereceu explicação mais detida nos estudos da história brasileira. Os visitantes saem do museu com a noção concreta de que a comercialização de escravos se assemelhava a um investimento de alto risco, mas com possibilidades de retornos exponenciais - típico da ciranda financeira.

Era custosa e complexa a preparação de uma embarcação para esse fim. Mercadores convocavam parceiros (outros mercadores, banqueiros, políticos, fazendeiros e até pequenos "investidores") para formar um pool, uma espécie de consórcio para a repartição dos custos e riscos e, por conseguinte, para a viabilização do negócio. Registros dão conta de que a estruturação de apenas uma viagem em 1790 custou, por exemplo, £ 10 mil (libras esterlinas). Corrigido para valores atuais, esse "investimento" seria equivalente a £ 550 mil, ou melhor, cerca de R$ 1,8 milhão.
 
 A participação de diversos interessados também facilitava outra providência essencial para o tráfico: a arrecadação de mercadorias necessárias para a "troca" por escravos africanos. Com mais pessoas envolvidas, ficava mais simples reunir produtos que interessavam aos "dominadores" da África que capturavam à força e vendiam escravos. Encontrar gente disposta a fazer parte desse tipo de empreitada não era tarefa muito complicada: segundo relato de um observador que vivia em Liverpool na época, praticamente todo homem da cidade era um mercador.

Além disso, existia uma estreita coincidência entre o poder político e a exploração do comércio de escravos. A própria Royal African Company inglesa, fundada em 1672 e ativa até 1750, deteve o monopólio do comércio de ouro e de escravos com os africanos até 1698. O principal comandante e maior acionista da empresa era James, irmão do rei e Duque de York.

Capital do tráfico negreiro

Mercadores de escravos como Thomas Golightly, que foi prefeito de Liverpool nos idos de 1720, reiteravam a conexão direta entre o pólo econômico e a classe política. As docas da cidade foram inauguradas em 1715 e a Casa da Alfândega (Custom House) foi construída em 1722. Algumas das construções daquela época, como a estação da Great Western Railway (veja foto acima), encravada na região portuária, continuam até hoje em pé.

No final do século XVIII, Liverpool se transformara na capital do comércio transatlântico de escravos. O escritor William Mathews, testemunha dos acontecimentos, assinalou uma adesão em bloco do povo da cidade ao tráfico escravagista, que satisfazia o "desejo indiscriminado de participar de negociações comerciais e ganhar dinheiro em todas as oportunidades".

As estimativas dão conta de que pelo menos 1,5 milhão de africanos tenham sido transportados da África para a América por embarcações que partiram de Liverpool. Esse contingente consiste em mais de 10% do total de escravos vendidos de que se tem conhecimento.

Um conjunto de fatores explica a dianteira assumida por Liverpool nesse quesito em comparação com outras cidades inglesas como Londres e Bristol. Cidade portuária, Liverpool é também um ponto de convergência de rios e canais. Roupas, armas de fogo, munições e ferro chegavam com preços relativamente baixos no burburinho do comércio local. Em suma, os mercadores de Liverpool baixaram custos, eram mais rápidos e mais flexíveis. Com o tempo, estreitaram relações com os vendedores de escravos do Oeste da África. Aproveitaram-se dessa proximidade para providenciar todos os produtos almejados por seus parceiros comerciais.

Base da Revolução Industrial

Ainda na seção intermediária da "passagem do meio", o Museu Internacional da Escravidão também dá nome aos bois quando trata dos beneficiados do tráfico negreiro. Algumas personalidades como Richard Watt, que fez fortuna explorando escravos na Jamaica e depois comprou uma mansão em Liverpool, são citadas nominalmente no acervo. Famílias milionárias tradicionais como os Gladstone também aparecem diretamente vinculadas à escravidão, assim como bancos importantes – Thomas Leyland, Heywoods (absorvido posteriormente pelo Barclays) e até o Banco da Inglaterra.
 
 
 O tráfico impulsionou ainda investimentos em outros setores, como na mineração, ligação que fica evidente no caso do empresário Richard Pennant, que redirecionou os lucros advindos do comércio escravagista pra construir um império com base na extração da ardósia (utilizada para diversos outros fins). Defensor incondicional da escravidão, ele foi o primeiro Barão de Penrhyn.

Os dados coletados não deixam dúvidas, portanto, que a escravidão esteve na base da Revolução Industrial. Com os benefícios econômicos decorrentes da exploração do modelo colonial, os ingleses puderam injetar recursos em setores estratégicos como a siderurgia, a extração de carvão mineral e a formação dos bancos. Concomitantemente, a mão-de-obra escrava propiciou o aumento de produção de gêneros como açúcar e algodão, atendendo à demanda do mercado interno europeu.

Essa conjunção de fatores contribuiu para o desenvolvimento da indústria têxtil e das bases da infraestrutura produtiva (estradas, canais, etc.) na Inglaterra, nação soberana no comércio de escravos durante o século XVIII. Era o jogo de "ganha-ganha-ganha", em que os ingleses lucravam com a venda de escravos, com o comércio dos produtos por eles cultivados e ainda investiam em indústrias próprias e na estrutura necessária para garantir ainda mais acúmulo de riqueza no futuro.

O tráfico negreiro se estendeu por quatro séculos. Pelo menos 12 milhões de pessoas foram escravizadas. Dois terços dessa estimativa eram formados por homens com idade de 15 a 25 anos. Ou seja, as nações europeias capturaram a mão-de-obra dos africanos em seu favor, fator que evidentemente se tornou um obstáculo para o desenvolvimento dos povos locais.

De quebra, armas de fogo e munições estavam entre os principais produtos que os europeus transportaram para os comerciantes da África em troca de escravos. A posse de armas de fogo era fundamental para a manutenção das atividades dos "mercadores" de escravos. Essa troca certamente ajudou a perpetuar os conflitos internos na África e está no pano de fundo da instabilidade política que marca o continente.

Sem força de trabalho e "inundada" por um arsenal bélico, os povos africanos viram as possibilidades de desenvolvimento tolhidas. Uma declaração pinçada do acervo faz uma pertinente dupla constatação: a África ajudou a desenvolver a Europa e a Europa ajudou a não desenvolver a África. Esse tipo de relação extremamente desigual pode ser estendido, com as devidas adaptações, às colônias da América e da Ásia.

Rotina dos escravos

Elementos de sobra no museu relembram as condições enfrentadas pelos escravos. Desde a compilação de dados sobre três viagens realizadas pelos barcos Brooks, Bud e Rose – com a catalogação das respectivas durações dos trechos, da quantidade de alimentos consumidos e de quantos chegaram vivos às ilhas do Caribe – até a exibição de material audioviovisual replicando a viagem nos navios negreiros em telões. Em média, as viagens da África para o continente americano duravam cinco semanas. As pessoas eram obrigadas a ficar em espaços apertados, sem ar, nos "porões" das embarcações. Água para beber e comida eram limitadas.

Os homens eram separados das mulheres e das crianças. Alguns eram forçados a dançar para entreter a tripulação. Era frequente o abuso sexual de mulheres. Traumas abatiam muitos dos escravizados. Alguns ficavam sem comer e revoltas explodiam em pelo menos uma de cada dez viagens da África para a América. Todas eram reprimidas com ferocidade. De acordo com um levantamento do British Privy Council de 1789, uma média de 12,5% dos escravos morria antes de chegar ao destino.

A troca de "donos" era comum. Escravos eram forçados a caminhar por longos trechos da costa africana até os locais de embarque para atravessar o Oceano Atlântico. Esqueletos empalados expostos nos fortes demonstravam o que aconteceria se alguém tentasse fugir. Mesmo com todas essas dificuldades, líderes se rebelaram: como Tomba, líder do povo Baga no Guiné (1720), e Agaja Trudo, rei de Dahomey (1724-1726).

Uma das passagens mais trágicas do tráfico se deu com o navio Zong. A embarcação deixou a costa africana no dia 5 de março de 1781 com 440 escravos a bordo. Durante a viagem, 132 foram jogados ao mar e apenas 208 chegaram à ilha que hoje é a Jamaica. O grupo de "investidores" entrou na Corte Inglesa para cobrar £ 30 (libras esterlinas) por cada corpo jogado ao mar. A ação não resultou em ressarcimentos e o capitão Colingwood (acusado de assassinato) não foi condenado, mas a repercussão do caso foi péssima para os defensores do comércio de escravos.

Uma réplica de uma fazenda no sistema plantation foi montada no Museu Internacional da Escravidão. No modelo "Casa Grande e Senzala", os escravos enfrentavam vários tipos de violência. De todos os lados, vinham pressões para que os africanos se desvinculassem de suas identidades. Eram marcados com ferro quente e tratados como animais. Ainda assim, não faltaram casos de resistência. O caso de Zumbi dos Palmares, liderança popular que desafiou escravocratas no Nordeste brasileiro, está registrado em Liverpool.

Mudança de postura

A partir do século XIX e na esteira da Revolução Industrial, a posição da Inglaterra mudou. Em 1807, o tráfico negreiro se tornou ilegal no país. Os ingleses passaram a pressionar pelo fim desse comércio, em resposta ao fortalecimento das mobilizações abolicionistas e especialmente de olho na conversão de escravos em potenciais consumidores de seus produtos industrializados. Liverpool passara de capital do comércio transatlântico de escravos para capital do algodão.

Essa é a participação inglesa no tocante à história da escravidão mais frisada aos brasileiros. Em 1810, Portugal – que tinha transferido a Coroa para o Brasil em 1808 – e Inglaterra assinam o Tratado de Aliança e Amizade, no qual os ingleses já exigem restrições ao tráfico negreiro. Também por pressão da Inglaterra, Portugal concorda, durante o Congresso de Viena de 1815, em vetar o tráfico acima da Linha do Equador. Depois de desempenhar papel importante na independência do Brasil, os ingleses continuaram pressionando pela abolição. O Brasil acabou assinando um tratado com mais restrições nesse sentido em 1826 e, em 1831, promulgou lei que proíbe o comércio de escravos com outras nações da África.

Em 1833, o Parlamento aprovou a abolição da escravatura também na parte das Antilhas pertencente à Inglaterra, no Canadá e no Cabo da Boa Esperança (sul da África do Sul). Em 1845, o Parlamento inglês aprovou o Bill Aberdeen, que determinou o aprisionamento de embarcações utilizadas no tráfico de escravos. Entre 1808 e 1869, a Esquadra do Oeste africano da Real Marinha Inglesa desbaratou cerca de 1,6 mil navios negreiros e libertou cerca de 150 mil africanos. Mesmo assim, mais de um milhão de pessoas ainda foram escravizadas e transportadas durante o século XIX.

Entre os legados da escravidão (que estão na terceira e última seção do museu que já recebeu a visita de 302 mil pessoas), foram destacados nomes famosos de ruas de Liverpool que têm alguma relação com o comércio de escravos. A herança musical e a presença de uma comunidade negra em Liverpool ganharam espaço reservado nessa parte. Personalidades negras foram resgatadas e a influência do tráfico negreiro para o racismo existente até hoje está exposta com destaque.

Um memorial, construído pelo Babalaô Yoruba Orlale Kan Babaloa, presta homenagem aos ancestrais negros. E uma escultura feita a partir de sucata e objetos reciclados por jovens de Porto Príncipe, no Haiti, simboliza o déficit de liberdade, que não acabou com o fim da escravidão antiga. "As pessoas hoje não têm mais correntes em seus braços e suas pernas, mas ainda têm correntes em suas mentes. Quando não se tem comida ou moradia, não se vive livremente", disse um dos autores da peça.

Logo na entrada do Museu Internacional da Escravidão, há uma declaração do ex-escravo William Prescott, captada em 1937. "Eles vão lembrar que nós éramos vendidos, mas não que éramos fortes. Eles vão lembrar que éramos comprados, mas não que éramos corajosos". Em seguida, os organizadores do museu prometem: "Nós lembraremos. Essa história foi negligenciada por muita gente durante muito tempo".
 
Fonte: http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/27477/arquivo+mostra+como+escravidao+enriqueceu+os+ingleses.shtml

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A cada ano que passa, a China ganha mais e mais espaço no comércio mundial, tornando-se, segundo dados, o país líder no comércio exterior, ultrapassando os EUA. Com as crises econômicas no Ocidente, o gigante asiático parece não ser afetado pelas tempestades do capitalismo ocidental.
Mas até quando a China se manterá no topo? Com a exploração desenfreada de recursos naturais e humanos e o pouco acesso a informações pelas restrições do regime político local, é uma incógnita para muitos analistas e economistas.
O dragão ameaça a águia com toda força e novas correlações de poderes se formam neste século XXI, com uma nova geopolítca em ação!
 
 
11/02/2013 - 19h20 | Ana Carolina Marques* | São Paulo

China ultrapassa EUA na liderança de comércio global

Economia e importações norte-americanas ainda são maiores que as chinesas, o que pode mudar em pouco tempo.
 
Reprodução/Wikicommons

Com um crescimento médio de 9,9% ao ano desde 1978, China importou e exportou mais que EUA em 2012


A China ultrapassou os EUA na liderança do comércio exterior, de acordo com informe da Bloomberg divulgado nesta segunda-feira (11/02). A combinação de importações e exportações chinesas chegou a 3,87 trilhões de dólares em 2012, acima dos 3,82 trilhões de dólares dos norte-americanos, que ocupavam a liderança mundial desde a II Guerra Mundial.

“Para muitos países no mundo, a China está se tornando rapidamente o mais importante parceiro bilateral de comércio“, disse Jim O’Neill, chefe de gerência acionária do grupo financeiro Goldman Sachs e figura que cunhou o termo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China como próximas potências econômicas) em 2001. O país já é o maior importador do mundo desde 2009 e o maior parceiro comercial do Brasil, desde que ultrapassou os EUA há três anos.
“Desse jeito, em dez anos, vários países europeus farão individualmente mais comércio com a China do que com outros países europeus". O’Neill citou à Bloomberg que a Alemanha, por exemplo, deve passar a exportar à China até o fim da década o dobro do que exporta à França hoje. O Economist também defendeu a maior participação chinesa em organizações globais.

Ano passado, o banco HSBC previu que a China se tornaria líder em comércio global até 2016.

Apesar disso, a
economia norte-americana vale US$ 15,7 trilhões, comparados aos US$8,3 trilhões do gigante asiático e com renda per capita cinco vezes maior, de acordo com o Banco Mundial – o que pode indicar a dependência chinesa no comércio internacional para gerar empregos e rendas internos.

Quando o comércio de serviços é incluído na conta, as trocas internacionais totais dos EUA chegam a 4,93 trilhões de dólares com lucro de 195 bilhões de dólares, como indicou o Escritório de Análise Econômica norte-americano ao fim de 2012. E os EUA continuam sendo os maiores importadores mundiais, com 2,28 trilhões de dólares em 2012 frente aos 1,82 trilhões de dólares chineses.

Mesmo que seja o maior consumidor de energia, tenha o maior mercado de carros novos e as maiores reservas financeiras internacionais, uma parte significativa do comércio chinês envolve importar matéria-prima e outras peças para gerar produtos finais para a re-exportação, atividade que gera “apenas um modesto valor agregado“, disse Eswar Prasad, ex-membro do FMI (Fundo Monetário Internacional) à Bloomberg.

Ainda assim, o país asiático vence em relação a produtos: enquanto os EUA apresentam um déficit de mais de 700 bilhões de dólares, a China tem um superávit de 231,1 bilhões de díolares. Desde 1978, ano em que Deng Xiaoping iniciou a reforma econômica no país, a média anual de crescimento é de 9,9%.

Segundo o que disse à Bloomberg Nicholas Lardy, do Instituto de Economia Internacional de Washington, “é impressionante que uma economia que é apenas uma fração do tamanho norte-americana tenha um volume comercial maior“. Isso, no entanto, não é resultado da desvalorizada moeda chinesa, o yuan, impulsionando as exportações, uma vez que as importações cresceram mais rapidamente que as exportações desde 2007.

A última vez que a China foi considerada a economia líder no mundo foi durante a dinastia Qing, no século XVIII. Na época, porém, o foco chines não era o comércio: em uma
carta ao rei Jorge III em 1793, o imperador Qianlong escreveu que “possuímos todas as coisas. Não dou valor em objetos estranhos ou engenhosos, e não tenho uso para seus produtos manufaturados“.

* Com informações de Bloomberg, Forbes e The Guardian
 
Embora não iremos saber os motivos efetivos da renúncia do papa Bento XVI, é um momento ímpar para a história da Igreja Católica, depois de quase um milênio, alguém tomar esta atitude. Em um momento que o islamismo se fortalece em nível mundial e no Brasil temos os avanços de diferentes denominações religiosas; é um marco importante para a Igreja definir seus rumos.
Ratzinger é um excelente teológo e não conseguiu atingir o público por ser este "homem" das ideias. Mais uma ocasião que modificará os caminhos do mundo ocidental, sem dúvidas... vamos ver quais as consequências dessa renúncia no futuro próximo.
 
11/02/2013 - 09h12 | João Novaes (*) | São Paulo

Papa Bento XVI deixará suas funções em 28 de fevereiro

Ratzinger sai oito anos após substituir João Paulo II como líder da Igreja Católica

 
O papa Bento XVI anunciou nesta segunda-feira (11/02) , durante o consistório para a canonização de dois mártires, que vai se retirar de suas funções no dia 28 de fevereiro. Pouco antes, o Vaticano havia confirmado a informação às agências internacionais. "O papa anunciou que renunciará a seu ministério às 20 horas do dia 28 de fevereiro", disse o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, citado pela agência France Presse em um pronunciamento em latim.
Nascido Joseph Alois Ratzinger, Bento XVI, de 85 anos, afirmou que iria deixar o posto por não reunir mais condições físicas para exercê-lo. A partir de sua saída, será iniciado um período de vacância na Igreja Católica até a formação de um conclave que irá eleger um novo sumo pontífice.
 
Agência Efe

Bento XVI, no dia em que anunciou sua saída do comando da Igreja Católica, em Roma

O cardeal alemão Joseph Ratzinger assumiu a chefia da Igreja Católica em 19 de abril de 2005, no lugar de João Paulo II, adotando a alcunha de Bento XVI. No ano passado, Bento XVI tinha já dito que estava “na última etapa da vida”, abrindo espaço para especulações sobre sua saída.

Sua decisão de deixar o cargo em vida tem poucos precedentes na história, mas é prevista no direito canônico. O último papa a abdicar de seu pontificado foi Gregório XII (1406-1415), aos 88 anos. Ele assmuiu o poto quando a instituição se encontrava em grave crise, no episódio histórico conhecido como "
Grande Cisma do Ocidente". Na ocaisão, brigas políticas acabaram levando à criação de três papas simultâneos, minando o prestígio da Santa Sé. Após ser nomeado, sempre deixou claro que deixaria o cargo à disposição se isso fosse para o bem da instituição. Sua postura facilitou uma reconciliação, dando início ao Concílio de Constança. Após ter se tornado novamente o único papa reconhecido, cumpriu o prometido e, aos 88 anos, deixou o cargo nove anos após assumi-lo.

O primeiro a tomar tal decisão o papa Clemente I (de 88 a 97), que renunciou a favor de Evaristo, porque após ser detido e condenado ao exílio decidiu que os católicos não poderiam ficar sem um guia espiritual.
Segue a íntegra das palavras do papa de anúncio de sua renúncia, lida por ele em carta:

"Queridísimos irmãos,
Convoquei-os a este Consistório, não só para as três causas de canonização, mas também para comunicar-vos uma decisão de grande importância para a vida da Igreja.

Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino. Sou muito consciente que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser realizado não unicamente com obras e palavras, mas também e em não menor grau sofrendo e rezando.

No entanto, no mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para conduzir a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado.

Por isso, sendo muito consciente da seriedade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao Ministério de Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, que me foi confiado por meio dos Cardeais em 19 de abril de 2005, de modo que, desde 28 de fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro ficará vaga e deverá ser convocado, por meio de quem tem competências, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Queridísimos irmãos, lhes dou as graças de coração por todo o amor e o trabalho com que levastes junto a mim o peso de meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos.

Agora, confiamos à Igreja o cuidado de seu Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e suplicamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista com sua materna bondade os Cardeais a escolherem o novo Sumo Pontífice. Quanto ao que diz respeito a mim, também no futuro, gostaria de servir de todo coração à Santa Igreja de Deus com uma vida dedicada à oração.

Vaticano, 10 de fevereiro 2013
".

(*) com agências de notícias internacionais
 
Fonte: http://operamundi.uol.com.br/