Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!

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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Mapeamento das questões de história no vestibular da Universidade Federal de Santa Catarina 
(UFSC) – 2009 a 2011

Autoria: Anderson Sartori
Professor de História do Instituto Federal Catarinense - Câmpus Sombrio

A Universidade Federal de Santa Catarina, segundo dados do último vestibular, oferece 5991 vagas em 85 opções de cursos nas cidades de Florianópolis, Curitibanos, Joinville e Araranguá. O vestibular da UFSC, como de outras universidades federais, possui um grau de dificuldades e exigências muito grandes aos candidatos a alguns de seus cursos superiores.
A prova objetiva é composta por questões somatórias, que exigem conhecimentos e concentração dos estudantes para encontrar a solução das questões. Dessa forma é fundamental uma organização de horários de estudos para os que buscarão realizar este seletivo.
Desta forma, algumas orientações acerca de como este processo se desenvolve e o levantamento das questões de história nos vestibulares de 2009 a 2011. Importante sempre ter atenção que este levantamento é uma amostra de uma tendência da disciplina de história neste vestibular, mas sempre se deve estudar todo o conteúdo sugerido no edital do vestibular.
O vestibular é dividido, de acordo com o edital do ano passado, em 3 dias de prova, divididos na seguinte forma e com a seguinte forma de pontuação das questões:

* 1ª PROVA: duração de 4 horas
- Língua Portuguesa e Literatura Brasileira: 12 questões de proposições múltiplas.
- Segunda Língua: Alemão ou Espanhol ou Francês ou Inglês ou Italiano ou Libras: 08 questões de proposições múltiplas.
- Biologia: 10 questões de proposições múltiplas e/ou abertas.
- Matemática: 10 questões de proposições múltiplas e/ou abertas.

* 2ª PROVA: duração de 4 horas
- Geografia: 10 questões de proposições múltiplas.
- História: 10 questões de proposições múltipla.
- Física: 10 questões de proposições múltiplas e/ou abertas.
- Química: 10 questões de proposições múltiplas e/ou abertas.

* 3ª PROVA: duração de 4 horas
- 4 Questões discursivas
- Redação

* Pontuação das questões de proposições múltiplas

- As questões de proposições múltiplas conterão no máximo 7 proposições identificadas
pelos nos. 01, 02, 04, 08, 16, 32 e 64, das quais pelo menos uma deverá ser verdadeira.
- A resposta será a soma dos números correspondentes às proposições verdadeiras e será um número inteiro, compreendido entre 01 e 99, (incluindo estes valores).

* Valorização dos acertos nas questões de proposições múltiplas
- A inclusão de alternativas falsas não zera a questão; a quantidade de alternativas
falsas assinaladas nas questões de proposições múltiplas é deduzida da quantidade de
alternativas verdadeiras indicadas. Se a diferença for positiva, o candidato obterá pontuação parcial.

As questões de História no Vestibular da UFSC (2009-2011)

Neste processo seletivo, a disciplina História apresenta 10 questões em cada edição. Assim tivemos 30 questões no período de 2009 a 2011. Na tabela a seguir é possível visualizar a frequência que os conteúdos foram cobrados em cada vestibular. Importante salientar que em muitas das questões, além do período histórico são inseridas comparações do passado e presente e/ou as consequências desse processo histórico, necessitando além do saber especifico da disciplina, a compreensão e o conhecimento de diferentes contextos para atingir o objetivo proposto na questão.
Novamente reforçamos que é uma análise sobre edições passadas, sendo sempre necessário se ater ao edital do vestibular para a visualização dos conteúdos propostos.
Importante frisar que nestas 3 edições, foram elencadas uma questão por ano sobre a História de Santa Catarina, sendo assim fundamental o candidato estudar este período histórico. Como este ano completasse 100 anos do início da Guerra do Contestado, é bem possível que tenhamos alguma questão que aborde este conteúdo. A escravidão africana ou suas consequências as populações afro descendentes também aparecem com ênfase nas duas últimas edições, então é importante estar atento.

Período histórico
Frequência
Brasil República
08
História Contemporânea
05
História Moderna
03
História Antiga
03
História de Santa Catarina
03
América Colonial
03
História Medieval
02
Brasil Colônia
02
Brasil Império
02
América – século XIX
01

Na sequência a descrição das questões e os respectivos conteúdos em cada edição do vestibular.

* Questões do Vestibular 2009

- História Antiga: Jogos Olímpicos na Grécia Antiga (q.11)
- Brasil República: regime militar no Brasil (q. 12)
- História Medieval: roubo e usura (q.13)
- História Moderna: Renascimento (q.14)
- Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria (q.15)
- América Colonial: atuação jesuítas (q.16)
- América Colonial: família real portuguesa (q.17)
- Brasil República: imigração japonesa (q.18)
- História de Santa Catarina: aspectos gerais sobre populações indígenas, imigração e desenvolvimento regional (q.19)
- História contemporânea: questão ambiental e sustentabilidade (q.20)

* Questões do Vestibular 2010

- História Antiga: sociedade e democracia ateniense (q. 01)
- História Medieval: cultura medieval europeia (q. 02)
- Brasil República: década de 1920 (política, economia e cultura) (q.03)
- História de Santa Catarina: ocupação do território (séc. XVIII – XIX) (q.04)
- Brasil Colonial e Império: escravidão africana (q.05)
- História Moderna: Revolução Industrial inglesa e seus impactos no mundo (q.06)
- História da América Colonial: resistência indígena (q.07)
- História Contemporânea: queda do Muro de Berlim (q. 08)
- Brasil República: Monteiro Lobato e o petróleo (q. 09)
- Brasil República: Lei da Anistia (1979) (q. 10)

* Questões do Vestibular 2011

- História Antiga: a cidade estado de Atenas (q. 01)
- História Moderna: Tratado de Santo Ildefonso (q. 02)
- História do Brasil e o uso de energia (q. 03)
- História da América: Guerra do Paraguai (q. 04)
- História Contemporânea: Apartheid na África do Sul (q. 05)
- Brasil Colonial: produção e comércio do açúcar (q. 06)
- História de Santa Catarina: séc. XIX e XX (q. 07)
- Brasil República: processos de migração (q. 08)
- Brasil Império e República: escravidão (q. 09)
- História Contemporânea: período entreguerras (1919 – 1939) (q. 10)

Neste link é possível visualizar os conteúdos e bibliografias propostas em cada disciplina, de acordo com o edital do vestibular de 2012: http://www.vestibular2012.ufsc.br/edital/programa_disciplinas_vest2012.pdf

Outras informações fique atento ao site: http://coperve.ufsc.br/ 

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Como ultimamente a gripe H1N1 vem, novamente, ganhando espaço, as epidemias de gripe já atormentaram e mataram muito ao longo da história, por diferentes fatores. Diferentes fatores também levavam as populações, assustadas, a tomarem medidas nem sempre eficazes ou  recomendadas para evitar a contaminação com a doença. Para ilustrar este fenômeno, abaixo um texto que busca trazer algumas curiosidades sobre a gripe espanhola, que assolou o mundo nas primeiras décadas do século XX.


Gripe espanhola

No início do sec. XX, o presidente Rodrigues Alves faleceu devido à epidemia

Adriano Belisário                                     29/4/2009


A origem é a parecida e os sintomas são os mesmos: febre alta, dores pelo corpo e tosse. Por enquanto, as proximidades param por aí. Porém, espalhando-se silenciosamente e com rapidez, a epidemia do vírus H1N1 volta a chamar atenção do mundo. Noticiada no início do século XX como gripe espanhola, ele ganha hoje as páginas dos jornais com a alcunha de gripe suína.

Apenas no eixo Rio-São Paulo, a doença atingiu mais de 18 mil pessoas. É difícil fazer uma estimativa do alcance do vírus no Brasil porque são poucos os registros fora daquelas duas cidades. 

A gripe suína teve recentemente seu nível de alerta aumentado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que está preste a considerá-la uma pandemia em todo o mundo. Mas esta “visão global” do avanço da gripe era rara no início do século passado. Diretor geral da Saúde Pública, Carlos Seidl tomava medidas contra a influenza, mas procurava tranquilizar os brasileiros afirmando que “a gripe que vitimava os moradores da cidade era diferente da que matava na África e na Europa”. Algumas semanas depois, a doença mostrou que fazia pouco das distinções nacionais, avançou pelo país e afastou Seidl de seu cargo.
    
O medo foi o motor da publicidade de inúmeros remédios contra a gripe espanhola. Tão vasta quanto a gripe, era a criatividade e cara-de-pau dos vendedores. Enquanto os médicos recomendavam higiene e prevenção, sugiram tônicos, xaropes e pílulas que prometiam livrar a população daquele mal. Considerados como remédios apenas de um ponto de vista pouco ortodoxo, outros produtos também aproveitavam a oportunidade para vincular sua imagem à cura da gripe, como cigarros, vinhos ou marcas de água tônica. Entre os remédios caseiros, o limão destacava-se. Segundo Bertucci, a procura foi tamanha que seu preço aumentou em diversas regiões, tendo relatos de tumultos por conta da pequena fruta no Rio de Janeiro.
    
Mas as grandes polêmicas da gripe espanhola ocorreram com aqueles próximos a ela. Por parte dos médicos, o artigo destaca as lendas sobre o “chá da meia-noite”, bebida letal dada aos enfermos terminais para vagar espaço para aqueles com possibilidades de recuperação. Mas, em meio às febres, os atingidos pela gripe foram além. Ficou famoso o caso da família Schonhardt, no qual mãe e filho deceparam a cabeça do pai por acreditarem que este era a encarnação do demônio.
    
A gripe espanhola somente abrandou ao final do ano de 1918. Já a suína parece estar apenas começando. Até o momento, não há caso registrado no Brasil, mas os órgãos de saúde já estão em alerta. Resta-nos apenas torcer para que as comparações históricas não alcancem equivalência nos números. Além de lavar as mãos regularmente, é claro.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Para quem não entendeu muito bem ou se assustou com a notícia, algumas informações acerca do impeachment do presidente do Paraguai, Fernando Lugo. Um processo de menos de 48 horas derruba um presidente eleito e retoma uma trajetória política no país, com a influência dos latifundiários. Os golpes começam a tomar novas formas na América Latina e todo cuidado é necessário! 

Democracia 'made in' Paraguai

Impeachment relâmpago do presidente Fernando Lugo tira o Paraguai do esquecimento internacional. A crise política é resultado de uma longa história de furos na democracia e de enriquecimento da elite às custas da população

Nashla Dahas   25/6/2012

Fernando Lugo em discurso após o impeachment
Fernando Lugo em discurso após o impeachment

Ele não é litorâneo, nem andino; e está acostumado ao ostracismo internacional desde os tempos da colonização, quando os esforços europeus se dirigiram aos metais preciosos, às produções agrícolas e às cidades de porto. Hoje, o Paraguai está no centro das discussões políticas latino-americanas. Não pelo sucesso, mas pela crise: o impeachment relâmpago do presidente Fernando Lugo, na última sexta-feira (22), e a ascensão ao poder do vice, Frederico Franco (que já foi presidente em outra ocasião), gerou muita desconfiança dos países membros do Mercosul, que o isolaram economicamente. O país agora está num cerco que remete àquele feito há mais de cem anos, na Guerra do Paraguai [veja o artigo de Leslie Bethel, Todos contra o Paraguai]. Para se entender a cena social, política e econômica de hoje, precisa-se voltar um pouco no tempo.
A Guerra do Paraguai – ou contra o Paraguai – aconteceu na segunda metade do século XIX e constituiu-se na maior guerra da história da América do Sul, com violência e extensão assustadoras para os padrões da época. Após cinco anos de lutas o Paraguai passou à periferia da América a quem temos dedicado incansável esquecimento. Em 1894, por exemplo, Machado de Assis ironicamente perguntava em uma de suas crônicas: “A comissão uruguaia está trazendo medalhas comemorativas da campanha do Paraguai, não sendo propriamente antiga, fala de coisas velhas aos moços. Campanha do Paraguai! Mas então, houve alguma campanha do Paraguai? Onde fica o Paraguai?”. Com a economia devastada – sem recursos ou empréstimos para reequipamento – e com subnutrição e epidemias de todo tipo, o Paraguai tornara-se um país de sobreviventes, sobretudo indígenas, “bárbaros” confusos e dispersos em seu próprio território.  

O Paraguai de Stroessner
As relações com o Brasil só tornariam ao centro das discussões no contexto dos esforços paraguaios de integração regional e mundial iniciados nos anos de 1960, que tiveram como marco a construção da hidrelétrica de Itaipu, no rio Paraná. À época, estava no poder o general Alfredo Stroessner, que governou durante 35 anos (1954 a 1989) após um golpe de Estado. Stroessner poderia muito bem ter seu governo comparado ao dos ditadores africanos que enriqueceram, assim como seus partidários, à custa do empobrecimento e sacrifício da maior parte da população. Ambicioso, o projeto de construção da usina hidrelétrica de Itaipu gerou algumas fortunas aos companheiros do general e tornou mais dócil o até então imprevisível exército.
Ex-presidente Stroessner estampado em selo
Ex-presidente Stroessner estampado em selo
Por outro lado, o Partido Colorado teve suas alas moderadas expulsas, enquanto a extrema direita avançava e tornava quase obrigatória a filiação de todos os servidores públicos. Assim, uma estranha democracia, bestializadora diriam alguns, deu a vitória ao general Stroessner nos oito pleitos eleitorais seguintes e distribuiu recursos, rendas fundiárias e energéticas às suas clientelas. Destaque-se ainda a fundação, em 1957, da cidade Puerto Presidente Stroessner, mais tarde denominada Cidade do Leste, na divisa com o Brasil e separada de Foz do Iguaçu pela ponte internacional chamada coerentemente de “Ponte da Amizade”. O livre comércio de produtos asiáticos converteu a região no paraíso da ilegalidade e do contrabando, fomentando uma imagem internacional do Paraguai ligada às mercadorias de baixa qualidade e preço, porém mais acessíveis aos desejosos da aparência inclusiva que a posse de certos artigos, especialmente eletrônicos, pode fornecer nos países hoje ditos em desenvolvimento.


O Paraguai hoje
Desigualdade social e fundiária, baixo grau de acesso à educação e saúde de qualidade, altos índices de corrupção política e econômica, e mão de obra vendida a preço vil. Foi este quadro tão perverso quanto comum nos países latino americanos, que Fernando Lugo se comprometeu a romper durante a campanha presidencial de 2008. Bispo católico com algumas denúncias de paternidade no currículo e experiência política reduzida à militância junto aos movimentos sociais na diocese de San Pedro, uma das regiões mais pobres do país, Lugo tornou-se chefe do executivo paraguaio prometendo viabilizar reforma agrária "projetada e negociada com todos os atores envolvidos, sem processos traumáticos nem violentos".
Mapa do Paraguai
Mapa do Paraguai
Caso estivesse vivo para contar essa história, Salvador Allende, presidente chileno morto em 1973, dentro do Palácio La Moneda, talvez lhe dissesse que vias pacíficas e constitucionais para transformações profundas e redistributivas não são tão simples. Dividido entre o controle dos grupos de camponeses que invadiam propriedades na região agrícola mais rica do Paraguai, na fronteira com Brasil e Argentina, e os fazendeiros e políticos de oposição que denunciavam a violência das tomadas de terra e emperravam qualquer medida parlamentar de reforma agrária, o presidente Lugo isolou-se politicamente e tornou-se alvo fácil de uma democracia made in Paraguai. Foi acusado e teve teoricamente 18 dias para se defender – o veredito saiu de uma decisão política e não popular. Mas, em dois dias, correram a abertura do processo, a acusação, defesa, julgamento e condenação.

“Como sempre atuei no marco da lei, embora essa lei tenha sido torcida como um frágil ramo ao vento, me submeto à decisão do Congresso e estou disposto a responder sempre por meus atos como ex-mandatário nacional”. A declaração de Lugo ao deixar a presidência do Paraguai invoca a legalidade como estratégia de defesa e justificativa, recurso comum entre direitas e esquerdas latino-americanas. Em 1964, no Brasil, o presidente João Goulart e seu governo trabalhista foram golpeados por ação civil-militar que deu início a uma longa ditadura. Também estavam em pauta projetos de reforma agrária, redistribuição de renda e a salvaguarda da legalidade constitucional defendida como projeto e desprezada como processo.
Talvez seja o momento de mudarmos o discurso e repensarmos uma das questões fundamentais do pensamento político moderno: a raiz e a fortaleza da democracia, a soberania popular. Ao bom investigador não faltam indícios das fragilidades jurídicas da sociedade e de sua ineficiência no exercício pleno da soberania popular. Sinais de que nos meandros das crises podemos encontrar o caminho para a modernização não mais das instituições, da técnica e dos procedimentos, mas do significado da política e do espírito democrático.

quinta-feira, 21 de junho de 2012


Mapeamento das questões de História no Enem (2009 a 2011)

        O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foi criado em 1998 com o objetivo de avaliar o desempenho dos estudantes ao fim da educação básica, buscando identificar as dificuldades e contribuir na construção de mecanismos para a melhoria da qualidade desse nível de escolaridade.
       A partir de 2009, o Ministério da Educação implementou uma mudança do exame, sendo utilizado também como mecanismo de seleção para o ingresso no ensino superior. Um dos objetivos desta mudança foi uma tentativa de contribuir para a democratização das oportunidades de acesso às vagas oferecidas por Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), além de universidades estaduais, privadas ou comunitárias que estão utilizando a nota os resultados do Enem para acesso ao ensino superior, como fase única de seleção ou combinado com seus processos seletivos próprios.
        Desta forma, a cada ano é crescente o número de inscritos de estudantes no Enem, que também vem sendo utilizado para a certificação para os alunos maiores de 18 anos, que não concluíram o ensino médio. Para a edição de 2012, estão inscritos 6.497.466 candidatos, sendo 275.769 inscrições a mais que a edição 2011.
Uma das características do Enem é abordar as disciplinas em uma perspectiva interdisciplinar, buscando trabalhar com questões que envolvem interpretação, compreensão e inter-relações de conhecimentos.
        Buscando analisar as provas de 2009 a 2011, procurou-se selecionar e quantificar, na disciplina de História, os conteúdos que aparecem com mais frequência neste Exame. Pelo caráter interdisciplinar na elaboração da prova, pode ocorrer algumas inconsistências na seleção das questões, mas não invalida esta tentativa de análise.
Chama-se atenção que este levantamento tem como objetivo somente levantar algumas possibilidades, lembrando que para o Enem, os estudantes precisam se ater a todos os conteúdos das três séries do ensino médio!
         Analisando as questões de história nos Enem de 2009 a 2011, pode-se chegar a um total de 58 questões, sendo 21 questões na edição de 2009, 19 em 2010 e 18 no Enem 2011. Novamente reforçamos que devido a interdisciplinaridade das questões, foram selecionadas as que tem uma aproximação maior ao campo de conhecimento histórico. As demais questões que envolvem a área de Ciência Humanas e suas tecnologias são a geografia, filosofia e sociologia.
        A seguir, a tabela que apresenta a quantificação dos conteúdos e da frequência que apareceram nas três edições do Enem.

Quantificação do levantamento das questões de História – 2009 a 2011

Período histórico
Frequência
Brasil República
18
Brasil Colônia
09
Idade Moderna
07
Idade Contemporânea
07
Brasil Império
06
Historiografia geral e brasileira
03
Temáticas variadas
03
Idade Média
02
Idade Antiga
01
América Pré-Colombiana
01
América Latina (século XX)
01

          Como forma de contribuir na visualização do levantamento quantitativo, apresenta-se o período histórico, com o respectivo conteúdo exigido na questão, por ano. Espera-se assim contribuir com a preparação e organização dos estudantes para participaram nesta edição 2012 do Enem.

2009 – Total de questões 21
- História Antiga
* Egito – patrimônio arquitetônico (questão 46)

- História Moderna
* Antigo Regime na França (questão 47)
* Formação Estados Nacionais – comparação entre os continentes (questão 64)
* Revolução Industrial – mudanças tecnológicas (questão 67)
* Revolução Industrial – consequências (questão 68)

- Sepultamentos (questão 48)

- Idade Média
* Interpretações sobre o período (questão 49)

- História Contemporânea
* Primeira metade do século XX (questão 50)
* Nazismo e fascismo (questão 51)
* Guerra Fria (questão 52)
* Movimentos sociais 1968 (questão 53)
* Pós Guerra Fria 1980-1990 (questão 55)

- Historiografia brasileira
* Século XX (questão 59)

- Brasil República
* Constituição de 1891 e 1934 – cidadão (questão 60)
* Constituição 1937 – eleitores e os “cidadãos” (questão 61)
* Estado Novo 1942 – trabalhadores (questão 62)
* Política externa - século XX (questão 66)
- Brasil Colônia
* Inquisição (questão 63)
* Período da Independência – conflitos raciais (questão 65)

- Brasil Império
* Decadência econômica em Minas Gerais (questão 69)
* Ferrovias e a imigração europeia (questão 70)

2010 – Total de questões 19

- Brasil República
* Guerra do Contestado (questão 12)
* Anexação do Acre (questão 13)
* Canudos – patrimônio histórico (questão 21)
* Construção do herói nacional (questão 26)
* Proibição da capoeira no Código Penal de 1890 (questão 27)
* Leis trabalhistas no Governo Vargas (questão 32)
* Década de 1960 – conflitos sociais anteriores a 1964 (questão 33)

- América Pré-Colombiana
* Império Inca – características da sociedade (questão 16)

- Brasil Colônia
* Tupis-guaranis – tradições (questão 18)
* Tropeirismo século XVIII - alimentação (questão 19)
* Regência de D. João – projeto de industrialização (questão 24)
* Comemoração dos 200 anos da vinda família real portuguesa em 2008 (questão 25)

- Historiografia geral
* Memória e história (questão 20)
* Interpretações do passado – Guerra do Paraguai (questão 22)

- Brasil Império
* Liberdade aos escravos – lutas (questão 23)
* Período Regencial – abdicação de D. Pedro I (questão 31)

- Idade Contemporânea
* Revolução Francesa e os grupos sociais (questão 28)

- Idade Moderna
* Maquiavel e a ordem social “O Príncipe” (questão 30)

- América Latina século XX
* Ditadura militar chilena – década de 1970 (questão 42)

2011 – Total de questões 18

- Brasil República
* Coronelismo na Primeira República (questão 17)
* Política do café com leite na Primeira República (questão 22)
* Luta pelos direitos políticos – eleitores (questão 25)
* Revolução de 1930 (questão 26)
* Lutas politicas na década de 1960 (questão 41)
* Centro Popular de Cultura na década de 1960 (questão 42)
* Revolta da Vacina – contexto social e político (questão 43)

- Brasil Império
* Constituição de 1824 e o direito ao voto (questão 19)
* Escravidão – vestuário escravos (questão 29)

- Idade Contemporânea
* Três tipos de poder e o poder carismático – fascismo (questão 30)

- Brasil Colônia
* Relações europeus e indígenas século XVI (questão 31)
* Açúcar no sistema colonial (questão 33)
* Processo de Independência – elite brasileira (questão 34)

- Consciência negra – obrigatoriedade do ensino (questão 32)

- Idade Média
* Muralhas e a mentalidade medieval (questão 35)

- Religiosidade no Brasil – herança colonial e monárquica (questão 36)

- Idade Moderna
* Renascimento e a produção artística (questão 38)
* Café na Europa Ocidental – explicação acerca da introdução da bebida (questão 40)

Autor: Anderson Sartori
Professor de História do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Catarinense – Câmpus Sombrio
Contato: anderson@ifc-sombrio.edu.br

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Seleção de charges que abordam as dificuldades e os desafios da educação brasileira. Bom humor  e criatividade, mas sem perder a indignação!







domingo, 10 de junho de 2012


Interessante estas informações acerca de como organizamos e nomeamos as unidades de tempo. Vale apena conferir e compreender como o tempo é esta categoria mais que subjetiva, na forma como conseguimos ou não visualizar estes momentos. 


Do Instantâneo ao Eterno
As unidades de tempo variam do infinitesimalmente breve ao interminavelmente longo. As descrições abaixo tentam dar sentido a esta vasta diferença cronológica

por David Labrador em SCIAM Brasil, junho 2012, edição 121 


Atossegundo: (Bilionésimo de um bilionésimo de segundo.) Os eventos mais efêmeros que os cientistas conseguem mensurar são calculados em atossegundos. Cientistas criaram pulsos de luz que duram apenas 250 atossegundos usando laser de alta velocidade. Embora o intervalo pareça breve, de modo inimaginável, é um éon comparado com o tempo de Planck – cerca de 10-43 segundo – que se acredita ser a menor duração possível.

Femtossegundo: (Milionésimo de bilionésimo de segundo.) Um átomo numa molécula costuma completar uma vibração simples em 10 a 100 femtossegundos. Mesmo reações químicas rápidas costumam levar centenas de femtossegundos para se completarem. A interação de luz com pigmentos na retina – processo que permite a visão – leva cerca de 200 femtossegundos.

Picossegundo: (Milésimo de bilionésimo de segundo.) O bottom quark, partícula subatômica rara em aceleradores de alta potência, dura um picossegundo antes de se deteriorar. A vida média de uma ligação entre as moléculas de água em temperatura ambiente é de três picossegundos.

Nanossegundo: (Bilionésimo de segundo.) Um feixe de luz no vácuo viajará apenas 30 cm neste tempo. O microprocessador de um computador pessoal costuma levar um terço de dois nanossegundos para executar uma instrução simples, como a adição de dois números. O méson K, outra partícula subatômica rara, tem vida de 12 nanossegundos.

Microssegundo: (Milionésimo de segundo.) Esse feixe de luz terá viajado agora 300 m, cerca do comprimento de três campos de futebol americano, mas uma onda de som ao nível do mar terá se propagado apenas um terço de 1 mm. O clarão de um estroboscópio comercial de alta velocidade dura apenas um microssegundo. Após o estopim queimar, uma banana de dinamite leva 24 microssegundos para explodir.

Milissegundo: (Milésimo de segundo.) É o tempo de exposição mais curto de uma câmera fotográfica comum. Uma mosca doméstica bate as asas a cada três milissegundos; uma abelha melífera faz a mesma coisa a cada cinco milissegundos. A Lua viaja ao redor da Terra dois milissegundos mais lentamente a cada ano conforme sua órbita gradualmente se alarga. Na ciência computacional, um intervalo de 10 milissegundos é conhecido como jiffy.


Décimo de segundo: A duração do famoso “piscar de um olho”. O ouvido humano precisa deste tempo para discernir um eco do som original. O Voyager 1, nave especial que viaja pelo Sistema Solar, distancia-se do Sol cerca de 2 km durante esse período de tempo. Um diapasão afinado em lá, acima do dó médio, vibra 44 vezes.

Segundo: O batimento cardíaco de uma pessoa saudável dura esse tempo. Em média os americanos comem 350 pedaços de pizza nesse tempo. A Terra viaja 30 km ao redor do Sol, enquanto o Sol completa 274 km em sua jornada pela Galáxia. Não é tempo suficiente para a luz da Lua alcançar a Terra (1,3 segundo). Tradicionalmente o segundo era a sexagésima (60ª) da vigésima quarta (24ª) parte de um dia, mas a ciência forneceu uma definição mais precisa: é a duração de 9.192.631.770 ciclos de um tipo de radiação produzido por um átomo de césio 133.

Minuto: O cérebro de um recém-nascido cresce 1-2 mg neste período. O coração trêmulo de uma víbora bate mil vezes. A pessoa média consegue falar 150 palavras ou ler cerca de 250 palavras. Quando Marte está mais próximo da Terra, a luz solar refletida da superfície do Planeta Vermelho nos alcança em cerca de quatro minutos.


Hora: As células reprodutivas levam cerca desse tempo para se dividirem em duas. Uma hora e 16 minutos é o tempo médio entre erupções do gêiser Old Faithful, no Yellowstone National Park. A luz de Plutão chega à Terra em 5 horas e 20 minutos.

Dia: Para os seres humanos, talvez esta seja a unidade de tempo mais natural, a duração de um giro completo da Terra em torno do seu eixo. Atualmente calculada (dia sideral) em 23 horas, 56 minutos e 4,1 segundos. A rotação terrestre está se desacelerando constantemente devido ao arrasto gravitacional da Lua e a outras influências. O coração humano bate cerca de 100 mil vezes num dia, e os pulmões inspiram cerca de 11 mil litros de ar. Neste mesmo período, uma baleia-azul bebê acrescenta 91 kg ao seu peso.

Ano: A Terra percorre um circuito ao redor do Sol e gira em seu próprio eixo 365,26 vezes. O nível médio dos oceanos se eleva entre 1-2,5 mm, e a América do Norte se distancia cerca de 3 cm da Europa. A luz de Próxima do Centauro, a estrela mais perto da Terra, leva 4,3 anos para alcançá-la – aproximadamente o mesmo tempo que as correntes de superfície do oceano levam para circum-navegar o planeta.


Século: A Lua se distancia da Terra 3,8 m; espera-se que os CDs normais se degradem nesse período. Osbabyboomers (os nascidos entre 1945 e 1964) terão uma chance em 26 de viver até os 100 anos, mas as tartarugas-gigantes poderão chegar até os 177 anos. Os CDs graváveis mais sofisticados poderão durar mais de 200 anos.

Milhões de anos: Após viajar por 1 milhão de anos uma espaçonave movimentando-se à velocidade da luz ainda não teria chegado a meio caminho da galáxia de Andrômeda (a 2,3 milhões de anos-luz de distância). As estrelas mais massivas, as supergigantes azuis, milhões de vezes mais luminosas que o Sol, vão se extinguir em mais ou menos esse tempo. Devido ao movimento das placas tectônicas terrestres, Los Angeles se moverá cerca de 40 km na direção norte-noroeste de sua localização atual em um milhão de anos.

Bilhões de anos: Levou aproximadamente esse tempo para a Terra recém-formada esfriar, criar oceanos, dar origem a uma vida unicelular e trocar a atmosfera primitiva com alto teor de dióxido de carbono por outra rica em oxigênio. Enquanto isso, o Sol orbitou quatro vezes o centro da Galáxia. Como o Universo tem de 12-14 bilhões de anos de idade, unidades de tempo além de 1 bilhão de anos não são muito comuns. Mas cosmólogos acreditam que o Universo provavelmente continuará se expandindo indefinidamente, até muito após a última estrela se extinguir (em 100 trilhões de anos) e o último buraco negro se evaporar (em 10100 anos). Nosso futuro se estende muito mais à frente que os rastros de nosso passado.


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Corpus Christi: você conhece?
Para os que desconhecem ou não compreendem o significado deste feriado religioso no Brasil, segue abaixo algumas informações, como curiosidade e conhecimento histórico!

O corpo de Cristo

A festa católica do Corpus Christi, celebrada numa quinta-feira após o domingo da Trindade, tem sua origem no século XIII, quando uma freira belga teve um sonho revelador

Marcello Scarrone - 06 de junho de 2012

A festa de Corpus Christi (Corpo de Cristo, em latim) deve sua origem a uma freira agostiniana belga, Juliana de Mont Cornillon ou Juliana de Liège (1193-1258). No começo do século XIII, a religiosa teve algumas visões: em uma delas, a Igreja teria aparecido no semblante de uma lua cheia, mas atravessada no meio por uma faixa escura, como se faltasse uma festividade. Numa outra visão, o próprio Cristo teria pedido que ela se empenhasse para a criação de uma solenidade em homenagem à Eucaristia.
Foi o que Juliana fez: escreveu a várias autoridades religiosas na Europa do tempo. Até que, em 1246, um sínodo da diocese de Liège instituiu a festividade, limitando-a ao seu território. A história da festa, todavia, estava destinada a ter uma continuação surpreendente. 
Entre as pessoas consultadas por Juliana estava o eclesiástico Jacques Pantaléon, também da província de Liège, que aprovou o pedido da freira e trabalhou para a instituição da celebração. Anos depois ele foi nomeado bispo e, mais tarde, Patriarca Latino de Jerusalém e em 1261 foi eleito papa, com o nome de Urbano IV.
Imagem de Santa Juliana de Liège
Milagre motivou expansão da festa
Sem dúvida, o novo pontífice conservava dentro de si a recordação da festa instituída em sua terra natal e talvez já pensasse em estender sua celebração à toda a Igreja, mas um evento surpreendente veio acelerar as decisões. Em 1263 ou 1264, um sacerdote da Boemia, durante uma peregrinação na Itália em direção à Roma, tomado de dúvidas a respeito da presença real do corpo de Cristo na Eucaristia, celebra uma missa numa igreja da cidade de Bolsena. Durante a celebração, a hóstia se transforma em carne e algumas gotas de sangue caem no corporal - o pano de linho que se estende sobre o altar. Impressionado, esconde carne e sangue no tecido, deixando-o na sacristia. Depois, sabendo que o papa se encontra a poucos quilômetros, na cidade de Orvieto, o procura e lhe narra o acontecido. Recuperadas as relíquias do milagre, elas são mostradas ao povo: a grande comoção que tomou conta da cidade levou à construção nas décadas seguintes da grande catedral de Orvieto, onde desde então as relíquias são conservadas.
O evento foi um motivo a mais para Urbano IV se decidir a instituir em 1264 a festa do Corpus Christi como solenidade a ser celebrada por toda a Igreja. O encarregado pela composição dos textos litúrgicos para a nova festividade foi um dominicano que também se encontrava em Orvieto naquele momento: Tomás de Aquino. Ainda hoje, ressoam, em ocasião da benção com o Santíssimo Sacramento nas igrejas católicas, as estofes do Tantum Ergo Sacramentum, por ele compostas.
Por quê quinta-feira?
Claramente, a presença real do corpo de Jesus no pão eucarístico e de seu sangue no vinho, após a consagração da missa, vinha sendo proclamada pela fé da igreja desde os primeiros séculos e os primeiros concílios, mas a nova festividade foi reforçando esta convicção. Ainda mais quando, no começo da Idade Moderna, a Reforma protestante discutirá essa presença, interpretando a missa como uma simples ceia comemorativa, e não como a reapresentação sobre o altar do sacrifício extremo de Jesus. Então, ostensões públicas da hóstia consagrada e procissões eucarísticas foram se multiplicando.
Ainda hoje os católicos celebram esta festividade na quinta-feira que segue ao domingo da Trindade, primeiro domingo após o dia de Pentecostes. Uma quinta-feira: afinal, esse tinha sido o dia da semana em que fora instituída a Eucaristia, na ultima ceia que Jesus consumiu com seus apóstolos em Jerusalém, na véspera de sua morte.