Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!

Metamorfoses Históricas: História, livros, músicas, cinema e motos!



quarta-feira, 24 de maio de 2017

A grande dúvida sobre este nosso primeiro semestre de 2017 e toda a turbulência que se apresenta no cenário político é o que se passa nos bastidores das oligarquias que buscam manter seus privilégios e o poder de qualquer forma. Em resumo, o que ainda prevalece são os interesses privados frente ao público. Triste nação que vivemos em que ainda uma empresa dominada a agenda nacional.

A crise política e o enigma da Globo

por João Feres Júnior — publicado 20/05/2017 10h20, última modificação 20/05/2017 18h12
O que leva a empresa a descartar o arauto de sua agenda política?
GloboNews
Não sei o que é mais ridículo nessa crise turbinada na qual o País embarcou com as delações da JBS, o tom de indignação dos âncoras e comentaristas da grande mídia perante o deslindamento dos esquemas de corrupção envolvendo Michel Temer, Aécio Neves et caterva (nunca essa expressão latina foi tão bem empregada), ou a reação de incredulidade e desilusão de boa parte da classe média perante o noticiário. No caso dos lacaios da grande mídia, o ridículo reside na farsa descarada de seu comportamento. Já a classe média passa pelo ridículo daqueles que dão sinais da estupidez em público sem se darem conta disso.
Ora, quem não sabia que Temer, Aécio e seus aliados estavam envolvidos em todo tipo de maracutaia? Resposta: somente os pobres de espírito, entendendo esta palavra no seu sentido filosófico de desenvolvimento da mente. Corta para o detalhe cômico de o delator Saud dizer que Temer e Kassab se distinguiam por abertamente reservarem propina para gastos pessoais, enquanto todos os outros recipientes pelo menos tinham o pudor de tomar o dinheiro para fins de campanha, prima facie, é claro.
Não há nada de muito novo nessas delações além da verdade escancarada dos fatos, no atacado, e de provas materiais contra alguns delatados. Apesar de isso não ser pouca coisa, os fatos em si não deveriam surpreender a ninguém. O que é na verdade surpreendente, ou seja, a grande questão que se coloca para a análise política nesse momento é o racha que começa a se desenhar entre os órgãos da grande imprensa.
Enquanto a Folha de S. Paulo e o Estadão adotam posição de bombeiro da crise, lançando em suas capas e editoriais dúvidas sobre as acusações contra Temer, a rede Globo, por meio de todos os seus meios, move campanha ferrenha contra Temer e de lambuja contra Aécio, até há pouco um verdadeiro darling das empresas dos Marinho, com direito a amizade sincera e pública com figuras como Luciano Huck e Ronaldo Fenômeno.
Os jornalões paulistas fazem o que era esperado deles, apoiaram Temer desde o início, a Folha de modo bem mais recalcitrante, isso é verdade, e agora se aferram a sua opção política original, cerrando fileira com a defesa do presidente, ainda que já permitam colunistas bem mais críticos pedindo a cabeça de Temer em suas edições.
Quem se comporta de maneira muito atípica é o Grupo Globo. Temer é massacrado pela cobertura do jornal, da rede aberta e do canal noticioso de cabo. Dedicam a ela uma cobertura somente comparável àquela recebido por Lula, personagem ao qual o grupo dedica publicamente ódio mortal, descartando todos os rituais de pretensa neutralidade e equilíbrio jornalístico em favor de um tratamento abertamente persecutório.
O editorial do jornal O Globo do dia 20, publicado antecipadamente no site na tarde de hoje (19 de maio), pede a renúncia de Temer, ainda que reafirme o apoio a sua agenda reformista neoliberal. Está aí mais um elemento de surpresa.

O Globo

A grande empresa de mídia quer descartar o arauto de sua agenda política. O que leva a Globo a agir dessa forma? Quais seriam os planos por trás desse comportamento que a distancia dos demais membros da grande imprensa, até há pouco muito alinhados em suas posturas e ações políticas?
É muito difícil responder essa pergunta. Podemos, porém, tentar encaixar algumas peças do quebra-cabeça com a esperança de adivinhar os contornos da figura. O primeiro argumento a descartar é aquele contido no editorial, de que estariam fazendo isso porque o presidente não pode cometer atos eticamente tão reprováveis. O cinismo aqui é evidente e nem vale a pena perder linhas de texto em provar que tal argumento é pura balela.
Outro argumento improvável, que anda circulando pelas redes, é que a Globo (e uso essa expressão para me referir ao Grupo Globo) já tem sucessor para Temer e por isso não vê a hora de se livrar do presidente apodrecido. Ora, qualquer operação de substituição do presidente nesse clima de instabilidade é altamente arriscada e mesmo uma empresa do porte da Globo não tem como controlar todos os resultados.
A versão mais crível desse argumento fala de uma reunião entre a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, e empresários, incluindo Carlos Schroeder, diretor geral da TV Globo, no último dia 8 para tratar de um desenlace para a crise que fosse operado por via judicial. Mesmo que os participantes tivessem informações privilegiadas sobre as delações dos irmãos da JBS, nada garante que a ministra tenha poder para controlar o processo de substituição de Temer.
Só sobra a informação, não confirmada, de que o Grupo Globo depende muito das verbas publicitárias da JBS, particularmente por passar atualmente por aperto financeiro, e isso estaria por trás de sua posição anti-Temer. Não é que a Globo seja contra Temer. Pelo contrário, já declarou inúmeras vezes em editoriais sua simpatia pela agenda tucana do pemedebista, assim como a cobertura de seus jornais lhe tem mostrado imenso favor, como podemos confirmar nas análises do Manchetômetro.
Agora, os destinos de Joesley Batista e de seu irmão Wesley se chocaram, porém, com o do presidente ilegítimo. Se a delação combinada com eles se mostrar inócua, provavelmente não escaparão da cadeia. Então, agora é Joesley e Wesley ou Temer. A empresa da família Marinho parece ter feito sua escolha.
Ah, já ia me esquecendo de Aécio. Esse parece ter ficado pelo caminho. Com a prisão da irmã, perdeu sua capacidade de operação. Só a ele esperar que Luciano Huck e Ronaldão venham lhe prestar solidariedade nessa hora difícil. Afinal de contas, amigos são para essas coisas. 
Fonte: https://www.cartacapital.com.br/politica/a-crise-politica-e-o-enigma-da-globo

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Um texto que descreve com clareza e objetividade de que formas o espaço público e político está sendo manipulado como forma de garantir benefícios a um determinado grupo que vêm, desde a saída da presidenta, orquestrando planos, ações e destruindo as políticas públicas, gerando lucro para uma minoria (da qual fazem parte) e levando a maioria da população a enfrentar um futuro de miséria, exploração e incertezas. Isso se houver ainda um Brasil no futuro! 

Sob Temer, Brasil vivencia festival de mediocridade e escárnio

por Roberto Amaral — publicado 10/02/2017 

No comando da Câmara e do Senado, dois figurões das delações da Odebrecht. No STF, um colecionador de filiações em siglas do poder

Marcelo Camargo/ABr e Wendel Lopes/PMDB
Trinca
Rodrigo Maia e Eunício Oliveira poderão ser julgados por Moraes, homem da confiança de Temer

A primeira semana de fevereiro foi pródiga em mediocridade e escárnio. Como anunciado, foram eleitos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, respectivamente, Eunício Oliveira e Rodrigo Maia, também conhecidos pelos codinomes de ‘Índio’ e ‘Botafogo’ nas listagens de beneficiários de doações ilegais da Odebrecht. Michel Temer, desinibindo-se e decidido a também não mais disfarçar, cria mais um ministério para instalar Moreira Franco, seu colega de trupe e truz, e assim assegurar-lhe foro privilegiado em provável processo da Lava Jato. 
O novo secretário-geral da Presidência, citado 34 vezes em uma única delação, é conhecido, nas listagens de suborno, como ‘Angorá’, que nos remete a um curioso remoque de Leonel Brizola. O coroamento desse festival de absurdos é a indicação do truculento ex-chefe de polícia de Geraldo Alckmin para a Suprema Corte. Gilmar Mendes, aquele que não disfarça seu partidarismo, aguarda-o para um dueto. 
Quem será o substituto de Teori Zavaschi, o discreto? Vejamos. 
A grande imprensa reproduzindo releases oficiais apresenta Alexandre Moraes como jurista, mas é jurista menor, sem prestígio entre os colegas, autor de livros não lidos e não citados, mais conhecidos como literatura para cursinhos de vestibulares. Advogado de banca modesta, seu mais notável cliente é o ex-deputado Eduardo Cunha, hoje na cadeia. No portfólio cabe o registro de uma cooperativa de transportes investigada por ligações com o PCC. 
Fez carreira profissional fora da advocacia, no serviço público, em cargos comissionados nos vários governos tucanos paulistas, até alçar-se à chefia de polícia de São Paulo e daí, por seus defeitos (notadamente o gosto pelo espancamento), ser catapultado para o Ministério da Justiça – onde teve passagem desastrada – e, afinal, o Supremo Tribunal Federal. Sua vida acadêmica não é menos deslustrada. Foi reprovado no exame para a livre-docência e preterido no concurso que aprovou Ricardo Lewandowski. 
Mas o senhor Moraes (apelidado de 'jardineiro paraguaio', por um vídeo que fez circular na internet, em que desbasta plantações de maconha no país vizinho, com involuntária jocosidade) não foi indicado pela formação técnica, que não ostenta, nem pela discrição, que não é seu apanágio. Foi escolhido por sua militância político-partidária e pela fidelidade  (valor cultivado como dogma por determinados grupos sociais) a companheiros e eventuais chefes que dele fazem um homem de confiança. 
Prevenido, o multicitado Temer vai arrumando as peças necessárias para enfrentar o ainda desconhecido, pelo menos do grande público, conteúdo das delações da Odebrecht, mantidas sob injustificado sigilo pelo STF. 
Conservador, do ponto de vista político-ideológico, o futuro sucessor de Teori Zavaschi é um colecionador de filiações em siglas do poder: começou no PFL, ex-ARENA e hoje DEM, passou para o PMDB, e agora está no PSDB de Alckmin, flertando com José Serra e Aécio Neves, adversários in pectoris do governador. Afinal terá sua indicação aprovada pelo Senado, asseguram-lhe o presidente Eunício Oliveira e os líderes Romero Jucá (do Governo) e Renan Calheiros (do PMDB), ambos  alvos de delações, acusações e inquéritos no Supremo. 
Estes mesmos senhores serão julgados por Alexandre Moraes, que, antes, será sabatinado na Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal, presidido pelo senador Edison Lobão (PMDB), outro frequentador das listagens de suborno e à mercê de responder a processo no STF. 
Ministro mais novo na casa, será o revisor dos processos da Lava Jato no pleno da Corte, e assim atuará, desenvolto, em julgamentos envolvendo o presidente da República que o indicou (Temer, lembremos, é referido em delações da inesgotável Odebrecht) e de colegas do governo de que participou exercendo cargo de confiança. 
Temer
Desinibido, Temer não se preocupa mais com as aparências (Andressa Anholete/AFP)
Decerto Moraes não irá declarar-se impedido. A facção chefiada por Michel Temer inclui, entre personagens menos cotados, e ameaçados de julgamento, Sérgio Machado, o delator-mor, os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá, reincidentes, e o ex-presidente José Sarney, isto é, a fina-flor do PMDB governante, denunciados recentemente pelo Procurador-Geral da República pela tentativa de obstruir a Lava Jato. Do julgamento de todos eles participará, sem reserva ética, novo ministro. 
Dizem os jornais que na costura da escolha de Alexandre Moraes esteve o ministro Gilmar Mendes, sempre ele, em conciliábulos entre o Jaburu e o Planalto. Desse ministro pode-se dizer que lhe sobra a cultura jurídica que falta a Alexandre Moraes, mas isso não o impede de ser um mau juiz. Sobram-lhe o partidarismo, o envolvimento político, as decisões que agridem a ordem jurídica, o boquirrotismo fora dos autos, a promiscuidade com o Poder, as antecipações de voto,as agressões a colegas,  as liminares políticas, os pedidos de vista capciosos, as infrações ao Código de Ética da Magistratura. 
Sem despojar-se da toga, e por isso mesmo manchando-a, Gilmar Mendes se transformou em uma espécie de condestável da República e bruxo-conselheiro do presidente da República, que julgará ainda neste ano. Presidente do TSE, Mendes, como se sabe, presidirá o julgamento das contas de campanha da chapa Dilma-Temer, que poderá levar à cassação do mandato do atual presidente. Foram interpostos no Senado dois pedidos de impeachment de Mendes, ambos indeferidos pelo senador Renan Calheiros, que deverá ser julgado no STF pelo beneficiado. 
Tudo, portanto, sob rigoroso controle no regime de exceção. Exceção legal, exceção ética. Esse quadro de degradação republicana deve, no mínimo, provocar uma reflexão profunda sobre os critérios de escolha e nomeação de ministros da Suprema Corte, apartando-os da herança do direito norte-americano do século XIX, e a primeira reforma haverá de ser o fim da vitaliciedade antirrepublicana, substituída por mandatos de dez anos, não renováveis, de par com o fim do foro privilegiado.
Esse debate deve compreender o papel do Conselho Nacional de Justiça e maior democratização e transparência do hoje imperial Poder Judiciário brasileiro. Não pode estar ausente o Conselho Federal da OAB e o silente Instituto dos Advogados Brasileiros, mas deve ser uma plataforma das forças progressistas e democráticas do País. 
A reforma do Poder Judiciário como um todo consiste, portanto, em tarefa a ser tomada a peito pelas esquerdas como ponto de partida para a revisão de seu próprio projeto político.  É preciso, urgentemente, transitar do ‘Fora Temer’ para a construção de um programa alternativo ao neoliberal, autoritário, classista, reacionário que ora se consolida. O Brasil do futuro, se futuro houver, não nos perdoará a omissão, nem tampouco a acomodação. 
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/politica/sob-temer-brasil-vivencia-festival-de-mediocridade-e-escarnio

Charges dos últimos dias: o que foi notícia retratada de forma bem humorada, mas sem perder a crítica (01 de fevereiro a 13 de fevereiro de 2017).











segunda-feira, 27 de junho de 2016

Charges dos últimos dias: o que foi notícia retratada de forma bem humorada, mas sem perder a crítica (11 de junho a 27 de junho de 2016).



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Calamidade no Rio de Janeiro
Politico Corrupto

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deixa o braço levantado pra gente contar

Exigencias da Mulher do Cunha

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terça-feira, 26 de abril de 2016

Charges dos últimos dias: o que foi notícia retratada de forma bem humorada, mas sem perder a crítica (24 de abril a 17 de abril de 2016).

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Ciclovia Olimpica
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Votos do Deputados a favor do Impeachment

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terça-feira, 19 de abril de 2016

Existe ainda vida no jornalismo brasileiro!!
Interessante e objetiva a análise neste artigo que segue acerca de como a mídia nacional que domina os principais meios de comunicação (a um bom tempo por sinal) e dita a "agenda" de interesse dos brasileiros e brasileiros foi um elemento fundamental para legitimar todo este processo político pelo qual passa o país atualmente. Para além do contra ou a favor do impeachment, o texto aborda o papel do jornalismo nesse processo.
Uma leitura que possibilita entender os caminhos pelo qual nosso jornalismo e o acesso a informação ainda são um de tantos desafios para uma sociedade mais justa e democrática. Parabéns a todos os jornalistas que levam sua profissão a sério e com ética, diferente da grande maioria que se submete a alugar suas bocas, canetas ou teclados a interesses particulares e não ao bem da sociedade. 


A legitimidade do impeachment construída pela grande mídia
A aprovação do impedimento de Dilma foi alvo de uma construção de sentidos junto à “opinião pública” e se mostrou elemento essencial deste jogo
por Intervozes — publicado 18/04/2016 18h46

Página 12
Página 12, da Argentina: denúncia do golpe na imprensa internacional destoa da cobertura brasileira
Por Mônica Mourão e Helena Martins* 
A ausência de discussões profundas sobre a situação do país e o excesso de discursos reacionários que vimos no domingo 17 não se restringiram às falas de parlamentares na Câmara dos Deputados. Nos últimos meses, foram recorrentes também nos meios de comunicação brasileiros.
Desde o ano passado, toda uma construção de sentidos veio legitimando a aprovação da admissibilidade do pedido de impedimento da Presidenta Dilma Rousseff. Assim, a “opinião pública” - em essência, a “opinião publicada” pelos órgãos de comunicação hegemônicos –, um elemento essencial deste processo, se mostrou garantida neste jogo.
Não era preciso, portanto, ir muito além neste domingo. Assim, a cobertura do dia da votação foi permeada por uma maior sutileza em relação à exposição dos posicionamentos dos grandes conglomerados midiáticos – seguindo a tendência dos últimos dias, como já tínhamos mostrado neste blog.
Exceções em tom mais agressivo ficaram a cargo de emissoras de rádio como a Jovem Pan, que transmite em cadeia nacional e manifestou sistematicamente, num discurso grosseiro e conservador, seu apoio à queda do governo.
A TV Globo anunciou que acompanharia as movimentações no Congresso Nacional a partir das 9h da manhã. Poucos minutos depois, começou a entrar com flashes do jornalismo em meio à programação de esportes e entretenimento.
A partir das 14h, com o início da sessão na Câmara, deu exclusividade à cobertura política. Durante todo o dia, o equilíbrio da reportagem foi bem maior do que no início da crise, quando a Globo atuou como agente político importante, conclamando a população a ir às ruas contra o governo.
Contudo, o equilíbrio pretendido foi apenas aparente. Uma análise atenta permite perceber as artimanhas do discurso. Até o início da votação, ele se baseou principalmente em dois pilares complementares: a defesa da legitimidade do processo de impeachment e das manifestações de rua a favor da derrubada da Presidenta.
Logo em sua primeira participaçãoAlexandre Garcia tratou da derrubada de Fernando Collor, comparando os dois processos. Segundo o jornalista, desta vez, houve bem mais tempo entre o pedido de saída da Presidenta e sua análise pela Câmara do que ocorreu com Collor, em 1992.
Garcia também afirmou que o Supremo Tribunal Federal (STF) legitimou o processo, ignorando as opiniões contrárias de dezenas de juristas que defendem não haver motivos legais para o impedimento de Dilma e o fato do Supremo ter se debruçado sobre o rito e não sobre o mérito da questão.
Mais tarde, destacou os atos pró-impeachment, dizendo que “a cidadania está nas ruas, mostrando que não fica em casa pra ver a banda passar”. As “ruas” foram identificadas com uma parte dos manifestantes apenas, constituindo mais um argumento a favor da legitimidade da mudança no comando do país.
Ao longo das entradas ao vivo dos atos, os milhares de manifestantes que saíram às ruas em todo o país contra a medida foram caracterizados como ligados a partidos políticos, à base aliada do governo, a centrais sindicais e ao PT (representado pela cor vermelha, ignorando que o simbolismo político dela é mais amplo e anterior à existência deste partido).
Na manhã da segunda 18, a manchete na capa do portal d'O Globo era nítida: “Manifestantes contra Dilma comemoram; petistas choram”. Dessa forma, a legitimidade das “ruas” foi construída de acordo com a agenda política da emissora, que optou inclusive por invisibilizar setores críticos ao governo, mas que protestaram em defesa da democracia.
Cobertura rasa
A estratégia do Grupo Globo, seguida por boa parte da mídia brasileira, também se manifestou na cobertura rasa dos fatos e na ausência de jornalismo de fato. Registros dos atos e de declarações de deputados foram abundantes. Não se viu, contudo, apuração, investigação, contextualização e problematização do processo em curso.
Os argumentos que embasam o pedido de impeachment não foram apresentados, muito menos os de sua defesa. Nenhum convidado externo – nem mesmo um "especialista" alinhado ao posicionamento da Globo – foi convidado a discutir a situação do país.
Ao longo de toda a manhã, a GloboNews, principal canal jornalístico do país, se limitou a acompanhar atos favoráveis e contrários ao impeachment em diversas cidades, na cobertura comandada por Leilane Neubarth e Raquel Novaes. Uma vez mais, a escolha dos ângulos das imagens, em geral, favoreceu o primeiro grupo. Imagens muito abertas ou muito fechadas do ato em Copacabana contra o impeachment deram a entender que a quantidade de presentes era menor do que a realidade.
No Salão Verde da Câmara, após uma das entrevistas de Cristiana Lôbo com deputados, ao falarem dos parlamentares indecisos, Novaes chegou a questionar se a indecisão era porque eles não teriam chegado a uma conclusão jurídica ou se, de fato, o processo estava completamente "politizado". A pergunta ficou sem resposta.
Apesar da crise profunda que vivemos, a política foi reduzida pelos meios de comunicação a artimanhas de bastidores e o processo do impeachment, a uma troca de ocupantes da cadeira. Assim, a suposta imparcialidade escondeu, na verdade, a escolha de não aprofundar a análise do fato e de suas implicações para o presente e o futuro do país.
A mesma abordagem tem marcado a cobertura do dia seguinte à votação. Os principais canais de TV insistem apenas em recuperar os números e movimentações que ocorreram no domingo e a descrever as próximas etapas do afastamento, agora no Senado. As críticas, uma vez mais, ficam a cargo da imprensa internacional.
O conservador La Nación, da Argentina, falou em “vergonhosa tentativa de golpe”. OPágina 12 tamém destaca, na capa desta segunda, a ocorrência de um golpe, anunciado em letras garrafais na edição. A votação de domingo é definida assim: “em um virtual golpe institucional, a Câmara dos Deputados do Brasil, presidida pelo político mais denunciado por corrupção, aprovou o impeachment contra a Presidenta Dilma Rousseff”.
Cunha protegido 
Se lá fora a ficha corrida de Eduardo Cunha é considerada um elemento central deste processo, por aqui ela está longe de ganhar destaque. A TV Globo, antes da votação, cuidou de contextualizar seletivamente as figuras políticas envolvidas no jogo. Enquanto o líder do governo José Guimarães (PT) mereceu uma associação airmão José Genoíno, condenado no processo do mensalão, o presidente da Câmara não teve sua reputação posta em xeque.
William Bonner chegou a lembrar que ele é alvo de processos, mas sem explicar quais ou informar que já há provas contundentes de corrupção praticada por Cunha, réu no Supremo Tribunal Federal e investigado pela Comissão de Ética da Câmara. Afinal, colocar dúvidas sobre quem conduz o processo de impeachment seria questionar a própria legitimidade da ação contra Dilma.
A imprensa escrita também aliviou para Cunha. Em matéria da Folha de S. Paulo que detalha biografias de participantes dos processos de Collor e de Dilma, Cunha é descrito como “presidente da Câmara dos Deputados, acolheu pedido de impeachment contra Dilma após ter perdido apoio do PT contra sua cassação”.
Já Dilma é a “acusada de ter praticado as pedaladas fiscais, entre outros” e Lindberg Farias é “senador (PT-RJ) investigado pela Operação Lava Jato, é um dos defensores de Dilma; afirma que o impeachment é ‘golpe’”.
Ao olharmos para a imprensa internacional, a diferença de abordagem fica clara. Nos últimos dias, The New York TimesThe Wall Street Journal e The Washington Post, os três principais jornais americanos, destacaram as acusações que pesam contra aqueles que conduzem o processo de impeachment, especialmente Eduardo Cunha.
Nesta segunda, o britânico The Guardian, ao comentar a derrota do governo, não apenas citou corruptos como Cunha, Paulo Maluf e vários outros deputados que votaram contra Dilma quanto destacou o teor reacionário de suas falas.
Numa noite escura, o ponto mais baixo foi quando Jair Bolsonaro, um deputado de extrema direita, dedicou o seu voto ‘sim’ à Carlos Brilhante Ustra, um coronel que chefiou a unidade de tortura do Doi-Codi contra a ditadura. Rousseff, uma ex-guerrilheira, estava entre os torturados”, escreveu o correspondente, fazendo críticas a diferentes partidos políticos brasileiros.
Depois das falas ouvidas neste domingo na Câmara, está claro que os desafioscolocados são enormes. Um deles, até hoje não efetivado, embora reivindicadohistoricamente, é uma mudança estrutural no sistema de comunicação do país. Ou enfrentamos esse debate, mesmo em meio à crise, ou não garantiremos qualquer diversidade de vozes e opiniões na mídia, e o poder da liberdade de expressão seguirá nas mãos de poucos.
Outras vezes veremos a democracia ser atropelada pela articulação de instituições que se valem de seu poder político, econômico e simbólico para definir os rumos da vida coletiva do país. O Brasil acordou hoje mais cinza. E isso se deve também à ausência de reformas e à atuação dos meios de comunicação no jogo político.
* Helena Martins e Mônica Mourão são jornalistas e integram o Intervozes. Colaborou Iara Moura.
Fonte: <http://www.cartacapital.com.br/blogs/intervozes/a-legitimidade-do-impeachment-tramada-pela-grande-midia>. Acesso em 19 abr. 2016. 

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Charges dos últimos dias: o que foi notícia retratada de forma bem humorada, mas sem perder a crítica (18 de abril a 01 de abril de 2016).


Vem para a Democracia

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Charge feita Para o site Amazonas Atual, cedida ao Humor Político
























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Lucas Gomes Arcanjo


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Temer e PMDB querendo a Faixa Presidencial